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Zé de Jesus Barrêto

O MILAGRE ACONTECEU: BAHIA SEGUE NA A; PALMEIRAS CAMPEÃO PELA 12ª VEZ

Um jogo de arrepiar e o Santos perdeu para o Fortaleza garantindo o Bahia na série A. O tricolor baiano fez a sua parte.
07/12/2023 às 09:56
 Um Bahia vibrante, diferente, empurrado pela torcida enfiou 4 x 1 no Atlético Mineiro, na Fonte Nova e se garantiu na Série A em 2024, com a derrota do Santos, na Vila. Quem falava em ‘milagre’... aconteceu.

  O time de Rogério Ceni fez um jogo exemplar, em termos de entrega, aplicação tática, vontade, e dominou as ações durante os 90 minutos. Mas ... 4 x 1, quem esperava?

   Em São Januário, com um atleta a mais em campo, o Vasco venceu o Bragantino e escapou. Na Vila, o Santos levou 2 x 1 do Fortaleza e caiu. Enfim, festa e foguetório por toda Salvador e Região Metropolitana. Coisas do Bahia! Do ‘Sobrenatural de Almeida’, aquela entidade criada por Nelson Rodrigues para ‘explicar’ o inexplicável do futebol.

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 E o Palmeiras é Campeão

- Classificados: Palmeiras (Campeão), Grêmio, Atlético Mineiro, Flamengo, Botafogo, RB Bragantino (os seis primeiros colocados). Fluminense (Campeão Libertadores) e São Paulo (Campeão Copa Brasil) garantidos na Libertadores/2024.  

- Desclassificados para a Série B:  Santos, Goiás, Coritiba, América Mineiro.

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A rodada final

- São Paulo 1 x 0 Flamengo; Cruzeiro 1 x 1 Palmeiras; Internacional 3 x 1 Botafogo;

   Coritiba 0 x 2 Corínthians; Fluminense 1 x 3 Grêmio; Santos 1 x 2 Fortaleza;

   Bahia 1 x 0 Atlético MG; Vasco 2 x 1 Bragantino; Cuiabá 2 x 0 Athlético PR;

   Goiás 1 x 0 América MG.

 

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  Na Fonte Nova

  - O pré-jogo de pura tensão. Depois dos dois resultados catastróficos – contra o São Paulo na Fonte e contra o América em BH – o bicho pegou. Treinador perdeu a cabeça e deu vexame diante de uma arquibancada cheia e perplexa, arreou a guarda, jogou a toalha, o elenco – que já é fraco – mostrou insegurança, inapetência, incompetência e um grupo de torcedores (ou fanáticos desequilibrados?) passou dos limites, jurando de morte alguns atletas ‘eleitos’ do elenco.  Nesse panorama, a PM baiana decidiu reforçar policiamento dentro e fora do estádio e inventou uma lona preta postada nalguns setores das arquibancadas, tentando inibir possíveis invasões de campo.

 - Nesse clima, noite calorenta de dezembro, quase verão, uma plateia com a postura  costumeira (cerca de 40 mil presentes?), acreditando, incentivando. Era uma partida, para muitos, só pra cumprir tabela, o Galo Mineiro favorito, voando, na vice-liderança da competição, um ataque poderoso, a melhor equipe do returno.

 - Rodada derradeira, a 38ª, despedida da temporada. E tinha de ter fé, porque o milagre só aconteceria com o Bahia vencendo o  Atlético, e Vasco ou Santos (ambos jogavam no mesmo horário) perdendo.  Mas jogo é imprevisível, torcedor é paixão.     

 - Os trajes: O Bahia em campo com camisetas tricoloridas, listradas, calções em azul;      o Atlético  inteiro de branco, detalhes em cinza escuro.  Os atletas tricolores com rostos tensos na execução dos hinos. Felipão e Ceni em longo abraço, segredando nos ouvidos, amigos respeitosos.  

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  Com bola rolando ...

  - Logo no primeiro minuto, após um erro de passe na saída de bola defensiva mineira, o Bahia teve sua primeira chance de marcar; em duas tentativas de finalização, Thaciano bateu pra fora, livre na meia-lua. O Tricolor começou pilhado, atacando; o Galo amansando a bola, sem pressa.

- Gol! 1 x 0 Bahia, Cauly, aos 11 minutos. Edenílson vacilou, Rezende roubou e lançou na direita para Thaciano, que deixou Cauly de frente – chute saiu certeiro, por baixo, de prima, no canto.

- Aos 13’ Juba levantou uma falta na pequena área inimiga, David Duarte testou forte e Éverson salvou em cima da linha, defesaça. Nos 15 primeiros minutos só deu Bahia. Aos 17’, Acevedo sofreu torção no joelho, foi substituído por Mugni. Um grande desfalque, estilos bem diferentes. Acevedo tem sido disparado o melhor jogador do time.  

 - Aos 24’, Rezende arriscou de longe, uma bomba, Éverson tirou com a ponta da luva, no rodapé. Aos 25’, primeira chegada do Galo; chute de Pavón, da esquerda, Marcos Felipe espalmou a escanteio. Aos 32’, quase Biel ampliou.

 - Gol! 1 x 1, Galo, aos 35 min. Pavón achou Paulinho penetrando livre na marca do pênalti, Vitor Hugo pastando, como sempre. Ficou de cara e definiu. Três zagueiros e o atacante livre, sem marcação.

  - Aos 46’, após um bate-rebate na zaga mineira, Biel pegou forte da marca do pênalti e jogou por cima. O Bahia continuava em cima, buscando o gol. Mugni arriscou de longe, aos 48’, errou o alvo.

  - Gol! 2 x 1, Juba, aos 50 minutos. Cruzamento de Cauly da direita, Juba chegou de surpresa e bateu seco, de canhota, desempatando. Primeiro gol de Juba com a camisa tricolor.

  O Bahia fez um primeiro tempo melhor, atuou mais no campo adversário, criou chances até de fazer mais gols, pressionou todo tempo. Pena que a defesa, pra variar, deu mole numa jogada atrás, por desatenção, mau posicionamento, permitindo o empate numa das poucas oportunidades dos mineiros. Mas Juba desempatou antes da descida para a merenda nos vestiários. Com esse placar, 2 x 1, e os resultados de Vasco e Santos, o Bahia se salvaria e o Santos cairia para a segundona.  Mas tinha o segundo tempo.

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  O Tricolor retornou no mesmo embalo, pondo intensidade. Os mineiros tocando bola e com as linhas de marcação mais avançadas, tentando equilibrar, com mais ações ofensivas.  Um jogo mais travado na segunda etapa, mais brigado que jogado. Poucos lances de área. Daí ...

 - Gol! 3 x 1, Bahia, aos 22 minutos. Um chute de Rezende da entrada da área, a bola bateu na zaga e sobrou pra Thaciano, livre. Ele dominou, girou e bateu, mascado mas acertou o canto.

  Aos 32’ saiu Rezende, um dos melhores em campo, exausto, entrou Diego Rosa. O Bahia então mais fechadinho, controlando bem as tentativas do Galo, sem sufocos. Aos 35’, saíram Mugni, Biel e Thaciano – entraram Cicinho, Citadini e Ademir.

 E o Galo foi todo pra cima, buscando aquela pressão final. O Bahia nos contragolpes. Aos 42’, Ademir avançou pela esquerda, limpou e bateu, fraco e pra fora. O árbitro acrescentou 9 minutos.

 -  Aos 47 minutos, Marcos Felipe fez uma defesa de cinema, numa cabeçada a queima-roupa de Hulk. Juba ficou com a sobra e enfiou longa para a esquerda...

- Gol! 4 x 1 Bahia, Ademir! Aos 49 minutos. Golaço!  Arrancada pela esquerda, na velocidade, cortou pra dentro, já na área, acertou o canto, chute rasteiro.  

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Destaques

- A estratégia de Rogério Ceni, a doação e aplicação de todos. Acevedo enquanto esteve em campo, Rezende, Juba desencantou, Thaciano, Cauly, Biel ... Até Ademir fez gol.

  Esse Bahia !!! 

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- O Bahia de Ceni (com três zagueiros de área):  Marcos Felipe, Kanu, David Duarte e Vitor Hugo; Gilberto, Acevedo (Mugni), Rezende (Diego Rosa), Thaciano e Juba; Cauly e Biel. (Cicinho, Citadini, Ademir)  

- O Galo Mineiro de Felipão: Éverson, Mariano, Rabelo, Jemerson e Arana; Otávio, Edenílson, Igor Gomes e Pavón; Hulk e Paulinho. (Rubens, Pedrinho. Alan Kardeck, Alison)

 - Arbitragem com VAR, Ramon Abatti Abel /SC no apito.

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 Minha Seleção Série A

  - Wéverson (Pall), Samuel Xavier (Flu), Gomez (Pal), Beraldo (SP), Piquerez (Pal); Zé Rafael (Pal), André (Flu), Marcelo (Flu), Arrascaeta (Fla); Paulinho (Atl) e Suarez (Grê).  

 - Endrick (Pal), a grande revelação.

 - Treinador, o gajo Abel – campeão.   

  - Ponto negativo – arbitragens, pela falta de critérios, insegurança, mau uso do VAR.

                                    O ‘balão furado’ do Botafogo/RJ e o fiasco do Santos na Vila.