O Tricolor não fez uma partida tão boa, mas venceu, enfim; muito mais pelo empenho de todos, pela postura de disputar o jogo, a vontade. Valeu sobretudo pela superação da maré aziaga e pelos três pontos ganhos, fora de casa, que tira a equipe, pelo menos por enquanto, da chamada zona da agonia.
Com o resultado (2 x 1), o Tricolor chega a 12 pontos ganhos e dorme em 16º lugar, do lado de fora da zona, onde estão agora Goiás, Botafogo, Bragantino e Coritiba.
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Com a bola rolando
Equipes de camisa e tradição, ambas em momento ruim, passeando nos derradeiros lugares da tabela de classificação. O Bahia entrou em campo na lanterna e o Botafogo, antepenúltimo. A partida é aquela atrasada, que estava programada para a 1ª rodada e não aconteceu.
Noite limpa, lua bonita, gramado fofo e castigado do Engenhão/RJ, arquibancadas ainda vazias. No Tricolor, a estreia do meio-campista Elias, experiente e rodado, a volta de Lucas Fonseca à zaga, Ramires, Clayson e a ‘promessa’ Marco Antonio. O time em campo todo de branco.
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O jogo começou pegado no meio campo, muita disputa pela bola e cautelas defensivas. O Bota com mais volume, articulando e evoluindo melhor. Um Tricolor com dificuldades coletivas, demonstrando falta de entrosamento pela meiúca, com nova formação. Aos 15’, após uma bola alongada na esquerda, Clayson cruzou rasante e quase Gilberto chegou; Cavalieri prevaleceu. Aos 18’, Gilberto testou livre após cobrança de escanteio da direita, mas a bola subiu. Ações equilibradas, então, sem brilho.
Aos 22’, após cruzamento largo de falta, da direita, Ernando testou firme para boa defesa de Cavalieri, espalmando. Aos 32’, Douglas aliviou de soco a bola alçada com perigo na pequena área.
- Gol ! 1 x 0 Bahia, Gilberto, de cabeça, testando na linha da pequena área bola levantada por Marco Antonio, batendo falta da quina da grande área, pela direita. Enfim, o artilheiro quebrou o jejum que perdurava desde fevereiro, antes da pandemia. Aos 42 minutos. O Tricolor era melhor.
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Valeu pelo gol, mas não foi um grande primeiro tempo. Corrido, até, mas tecnicamente fraco.
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Com a desvantagem no placar, o treinador Autuori mexeu pra valer na equipe, tentando mudar o panorama: Davi Araujo, Rhuan e o uruguaio Barrandeguy, sangue novo e mudança de esquema, saindo dos três zagueiros de área. A ordem era de ir pra cima, empurrar o Bahia pra defesa, pressionar. Velocidade. Mano não mudou.
Aos 3’, após bola cruzada da esquerda, Douglas fez uma defesa arrojada, no chão, dividindo com Davi Araujo; sofreu uma pancada na cabeça, mas recuperou-se. Aos 7’, Marco Antonio achou Ramires penetrando na área pela direita, o chute do meia saiu forte mas sem direção; boa chance perdida. Aos 10, saiu Nazário, machucado, entrou o lépido e comprido Babi no ataque do Botafogo. Quatro atacantes no time carioca. Foram pro tudo ou nada.
Aos 12’, defesa elástica e salvadora de Douglas, numa cabeçada de Forster, de cara. Mano percebeu a pressão dos cariocas e trocou: Rossi e Ronaldo no lugar de Ramires e Marco Antonio. O Botafogo amassando, jogando bolas altas na área adversária, dois galalaus na frente, e o Bahia recuado, sem conseguir encaixar um contragolpe. Pressão carioca.
Élber e Daniel no lugar de Clayson e Elber no de Elias. E aos 23’, Daniel arriscou de fora, raspando. Aos 25 min o árbitro marcou uma falta de Lucas, quase em cima da linha da grande área baiana, na meia lua... mas a bola não passou da barreira. As ações se desenrolam no campo defendido pelos baianos. O Bota comanda. Saiu Gilberto, exausto, entrou Saldanha.
Aos 33’, Rhuan perdeu gol incrível, na frente da pequena área, com Lucas Fonseca já plantado. Ufa! O Tricolor respira, mantem por um tempo a bola no ataque; Capixaba tenta de longe, por cima, aos 38. Daí ...
- Gol ! Élber, 2 x 0, aos 39 minutos. Troca de passes pela esquerda, o cruzamento respeito de Capixaba, Elber penetrando rápido na pequena área, finalizando.
Aos 46, depois de um bate-rebate, Lucas Fonseca perdido, Pedro Raul aproveitou o rebote e diminuiu, 2 x 1. E o árbitro deu 6 minutos de acréscimo. Haja coração ! Aos 50’, o uruguaio Barrandeguy chutou Rossi sem bola e foi expulso.
Deu Bahia, enfim.
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Destaques
Douglas, com duas ou três defesas fundamentais; Nino e Capixaba bem; o miolo da zaga suportou bem a pressão, sem cochilos; Gregore correu muito. Elias meio gordinho mas manhoso. Gilberto desencantou, Marco Antonio sabe bater na bola. Não faltou luta, entrega. Mano armou o time pra ganhar o jogo; conseguiu.
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Escalações
- Botafogo : Cavalieri, Kevin (Barrandeguy), Forster, Souza (David Araujo), Kanu e Victor Luis; Renteria (Marlei), Caio Alexandre e Nazário (Babi); Pedro Raul e Kalou (Rhuan). Treinador, Paulo Autuori.
- Bahia : Douglas, Nino Paraíba, Ernando, Lucas Fonseca e Capixaba; Gregore, Ramires (Rossi), Elias (Daniel) e Clayson (Elber); Gilberto (Saldanha) e Marco Antonio (Ronaldo). Técnico, Mano Menezes.
Arbitragem do DF, com VAR; no apito, Sávio Pereira Sampaio. Sem grande problemas.
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O próximo jogo do Bahia, pela 13ª rodada, é contra o Sport, em Pituaçu, no fim de semana.
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Pela Série B, o Vitória volta a campo na noite de sexta, às 19h15, em Ponta Grossa (PR), contra o Operário.
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No outro jogo da Série A, também atrasado, Corínthians 0 x 0 Atlético (GO).
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Da coluna do Tostão:
“ É necessário arriscar, jogar com paixão, transbordar a alma.
O que seria da vida e do futebol se não houvesse a arte, os artistas, os craques, os grandes treinadores, o imponderável e a emoção, a vibração, que vão além das estratégias?
...A estratégia de jogo e a técnica individual e coletiva são fundamentais para se formar um grande time, mas é preciso ir além, colocar pitadas de loucuras no momento certo, improvisar, com a intenção de dar mais brilho ao espetáculo do futebol e da vida”.
Foi craque nos gramados, é craque nos escritos.