Quanto ao futebol em si os baianos não têm do eu se queixar. Veremos jogos de primeira linha na Fonte Nova.
- Alô! Estamos a 78 dias do começo da Copa do Mundo 2014, no Brasil. Sabia?
- E o ‘capo’ presidente da CBF, José Maria Marim, declara : “Estamos no purgatório. Se ganaharmos a copa vamos para o céu. Se perdermos, vamos todos para o inferno. ... já falei isso pro Felipão.”
- Diz que o governo brasileiro ficou incomodado com reportagem da revista online “Fifa Weakly'', fim de semana passado, com o título Brazil for Beginners = Brasil para Iniciantes, onde a entidade aponta o atraso nas obras para a Copa do Mundo.
A matéria mostra que por aqui não se respeita prazos, pontualidade, nem filas... e tudo se resolve sempre na última hora. Pede ainda aos visitantes que tenham cuidado nas ruas, onde o pedestre é ignorado mesmo nas faixas de segurança e recomenda paciência com o tal jeitinho brasileiro, a pegação enquanto conversa, as esperas e demoras que acontecerão nos aeroportos, até recomendando o ‘relaxe e aproveite’ (ou relaxe e goze) , como fez a ministra Marta Suplício (Suplicy?) quando era do Turismo.
O material saiu ilustrado com duas mulheres de biquíni numa praia do Rio, apreciando um baba na areia. Os bumbuns, exuberantes e estrategicamente projetados, é que provocaram os incômodos em Brasília e um pedido do governo brasileiro à entidade para que retirasse a foto da fita, evitando assim (?) a exploração do turismo sexual, o que foi feito nesse sábado.
Bem, quanto ao restante do teor da matéria, a esculhambação geral do país, nenhum reparo governamental, até porque esse é o ‘padrão Brasil’ chancelado pelo governo e a FIFA que se adeque aos vexames tupiniquins. Vergonheira.
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- Sem fugir da raia, outro dia, faz pouco, a revista francesa France Football estampou matéria sobre a Copa no Brasil com o título O Mundial do Medo. Diz que a FIFA hoje reconhece que escolher o Brasil como sede do evento foi um grande equívoco. Que o Brasil não oferece segurança aos turistas, que a corrupção, a burocracia e a cobrança de propinas são uma endemia no país, mal sem cura, que os preços são estupidamente mais caros do que na Europa, que a nossa carga de tributos é altíssima e os serviços públicos da pior qualidade.
Ah, fala também do atraso e dos altos custos das ‘arenas’ construídas para a competição, diz que em nenhuma das cidades-sedes dos jogos há linhas de metrô saindo dos aeroportos direto para os estádios ou para os centros urbanos, que os ônibus que fazem o transporte de massa são péssimos, às vezes são assaltados nos trajetos e podem até ser queimados, a depender do dia e da hora.
Acha pouco ? Pois, temos hotéis 40% mais caros do que nas capitais européias, o minuto/celular por aqui é o mais caro do mundo, a internet é lenta, falha e também caríssima. Mais: os índices de assaltos e de assassínios nas cidades assustam, o número de mortes é maior do que os de países em conflito como a Síria, Palestina, Iraque ...
Tá, isso tudo nos envergonha, nos deixa indignados, emputecidos, mas ... podemos contestar? Como ?
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Mudando de tom mas sem poder fugir do assunto:
- Quase a metade das seleções dos países que virão disputar a Copa do Mundo já deram um jeito de fazer seus treinamentos, uma espécie de pré-temporada, preparação para a Copa, nos Estados Unidos, já se adaptando ao clima mais parecido com o da América do Sul e com o fuso horário. Desistiram de vir logo para o Brtasil e sabem por quê ?
Por questões de segurança e, mais ainda, pelos preços cobrados no Brasil, de hospedagem, uso de centro de treinamento... Ora, lá nos EUA, dizem, têm tudo mais barato e do bom e do melhor: equipamentos, hospedagem, tecnologia, mais liberdade, menos assédio... etc.
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- Grupos de torcedores ingleses estão contratando equipes de segurança, particulares, que farão escolta para eles enquanto estiverem no Brasil, todo tempo. Armados ? As Forças Armadas brasileiras, responsáveis pelo esquema de segurança da Copa no país, permitirão? Trabalharão em conjunto, de acordo? Que zorra é essa?
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- Enquanto isso, os alemães, que não são tolos, escolheram um cantinho remoto e sossegado no Sul da Bahia, a vila de Santo André em Santa Cruz de Cabrália, para se abrigar. Lá estão construindo em parceria de empresários alemães com a federação de futebol alemã um belo complexo esportivo, com alojamentos tipos chalezinhos, equipamentos de infraesturura e campos de treinamento, um CT completo que vai virar um condomínio depois da copa e será comercializado para turistas.
A vila fica encravada numa área de proteção ambiental, tem uma rua principal e meia dúzia de transversais. Um paraíso. Seguríssimo. Pra se chegar lá precisa atravessar um rio de balsa. O local, hoje, tem problemas com descarte de lixo, o sistema elétrico é precário e a água potável é retirada de poços.
A comunidade, meio que aturdida com a movimentação das obras de construção em ritmo acelerado e o lufa-lufa dos ‘gringos’, sabe que depois da Copa nada será como antes e espera que melhorem as condições de vida do local.
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Bem, caros leitores amigos, isso é a realidade. O resto é propaganda enganosa.
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- Quanto ao futebol em si os baianos não têm do eu se queixar. Veremos jogos de primeira linha na Fonte Nova.
Para começar, no dia 13 de junho, dia de Santo Antonio, teremos o clássico europeu Espanha x Holanda, a reprise ou revanche da final da Copa da África do Sul, em 2010. É pra encher estádio. A nossa colônia espanhola, que é numerosa e gosta de bola, está eufórica.
No dia 16, a poderosa Alemanha, uma das grandes favoritas ao título, enfrenta Portugal, o time de Cristiano Ronaldo, eleito recentemente o melhor jogador do mundo. Imagino que o torcedor baiano vai dar força aos irmãos lusos, somos descendentes diretos dos gajos.
O terceiro bom jogo será entre a boa equipe da França, do meiocampista Pogba e do atacante Benzema, contra a Suíça, um time jovem, muito forte na marcação e que tem sido a grande surpresa européia desde os jogos eliminatórios para a competição.
No dia 25, ressaca de São João, acontece o jogo que é considerado tecnicamente mais fraco: Irã x Bósnia. O embaixador do Irã esteve aqui em Salvador semana passada e disse que cerca de 2 mil iranianos virão ver essa partida. Os 70 camarotes, os lugares mais caros do estádio, já foram todos comercializados segundo a FIFA, a maioria para iranianos que virão da terra natal, Europa e EUA.
O mês de junho promete.
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Puxando histórias:
- Não foram os inglêses que descobriram ou inventaram a bola, tampouco o jogo de bola, brincadeira dos tempos das cavernas, certamente. Mas foram os ingleses que criaram, organizaram o futebol, bola jogada basicamente com os pés, com limites (desde o tamanho dos campos, das traves...), regras claras, valendo para todos e uma arbitragem controladora.
- As regras básicas que regiam e regem o futebol foram criadas pela International Board, entidade inglesa fundada em dezembro de 1882. A Federação Inglesa de Football Association já existia, desde 1863..
- Nos Jogos Olímpícos de 1900, disputados em Paris, a segunda ‘Olimpíada’ da chamada era moderna, o futebol foi aceito apenas como exibição, sem competir como esporte olímpico. Dois jogos, então, foram disputados, envolvendo equipes da Inglaterra, da França e da Bélgica, com boa aceitação do público.
- A FIFA foi fundada em 1904, em Paris, numa reunião que durou três dias. Participaram dela representantes da França, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suíça e Espanha. Duas semanas depois filiaram-se a Itália e a Alemanha. Os ingleses, que se achavam os ‘donos da bola’, olharam de longe, com empáfia, mas aderiram à Fifa no ano seguinte. Na carta de criação da entidade já havia a idéia de se fazer um grande torneio de futebol entre as nações, assim que fosse possível.
- Na primeira fase de construção propriamente dita da FIFA como uma entidade internacional, a preocupação maior foi com a congregação de mais países e as regras do jogo que seriam universais, as mesmas, observadas em qualquer lugar em que o futebol fosse jogado.
- Entre os anos de 1914 a 1918 a Europa entrou em colapso total, com a 1ª Grande Guerra, e a FIFA também fechou as portas. A entidade só voltou a se reunir em Bruxelas, Bélgica, no ano de 1919, ainda o cheiro de pólvora nos ares. A Inglaterra propôs a eliminação dos países vencidos na guerra – Alemanha, Áustria e Hungria – dos quadros da Fifa, mas foi voto vencido. Daí, os ingleses retiraram-se da FIFA, contrariados.
- Numa outra reunião, realizada em Antuérpia, em 1920, foi escolhido para comandar a entidade o advogado francês Jules Rimet, de 47 anos, um dos precursores do futebol na França. Mas, somente em março de 1921 Jules Rimet foi de fato eleito pelos representantes dos 20 países filiados à entidade- 16 europeus, mais Argentina, Chile, Estados Unidos e África do Sul. Chegara, assim, a hora de se tentar realizar o sonho de um grande Torneio de Futebol entre nações , proposta, aliás, defendida anteriormente por Jules Rimet num congresso da entidade, em Oslo, no ano de 1914; ideia abortada em função da guerra.
- A decisão de realizar a primeira Copa Mundial de Nações foi tomada, de fato, no 17º Congresso da FIFA, realizado em Amsterdã, durante os Jogos Olímpicos no ano de 1928, em que o Uruguai ganhou a sua segunda medalha de ouro no futebol – a primeira tinha sido ganha nos Jogos Olímpicos de 1924. Daí vem o nome ‘Celeste Olímpica’ da camisa uruguaia, de que tanto eles se orgulham até hoje.
- O diplomata Enrique Buero, embaixador uruguaio para os Países Baixos e também membro dirigente da FIFA, entusiasmado com as duas medalhas olímpicas, defendeu a realização da Copa no Uruguai, até porque a Europa estava com a economia desgastada pela guerra, por crises políticas graves com o surgimento do nazi-fascismo (Alemanha, Itália, Espanha, Portugal) e os Estados Unidos vivam a quebradeira geral da bolsa de Nova Iorque, fato que abalou as finanças mundiais. Países como Uruguai, Argentina, Chile , mais desenvolvidos e estáveis que o Brasil, à época, não foram tanto afetados pela crise do crack da bolsa de NY.
- Assim, as propostas apresentadas à Fifa pelo uruguaio Enrique Buero pareciam irresistíveis e foram acatadas pelos países membros da entidade, 23 à época. O Uruguai construiria para o evento o maior e mais moderno estádio do planeta, pagaria todas as despesas de viagem, mais a alimentação dos participantes e ainda oferecia premiação, ajuda de custo, etc...
- Jules Rimet bateu o martelo e, reeleito presidente da FIFA, conchavou, avaliou quem tinha condições de fazer a longa viagem ao hemisfério sul do planeta, de navio, e determinou que a primeira Copa do Mundo seria mesmo disputada no Uruguai, em 1930 (sempre entre os Jogos Olímpicos, que acontecem de 4 em 4 anos) e, essa primeira, com a presença de 13 seleções: quatro européias (França, Bélgica, Iuguslávia e Romênia), duas norte-americanos (EUA e México) e sete sulamericanas (Uruguai, Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Peru e Bolívia).
O Uruguai, tido como a Suíça da América Latina, era a bola da vez. Estávamos em 1930.
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