Com informações do Projeto Jubarte
Tasso Franco , Salvador |
04/09/2023 às 10:05
Baleias à vista
Foto: Projeto Jubarte
Registros são feitos por biólogos do Instituto Baleia Jubarte a bordo da embarcação da Norsul, que faz o transporte de celulose da Veracel entre Belmonte (BA) e Aracruz (ES)
Em meio à temporada de avistamento de baleias jubarte no litoral da Bahia, observadores a bordo da embarcação que faz o trajeto entre a Bahia e o Espírito Santo têm registrado os animais na rota que passa por Abrolhos, berço reprodutivo da espécie no Brasil. Somente em junho, por exemplo, foram registradas 194 baleias no trecho.
Os biólogos do Instituto Baleia Jubarte (IBJ), que viajam nas barcaças da Norsul, empresa de navegação e integração logística, fazem registros dos mamíferos marinhos no percurso da embarcação, que transporta a celulose produzida pela Veracel, indústria localizada no Sul da Bahia. Até o momento, foram registradas mais de 166 horas de esforço de observação por parte dos profissionais do IBJ na rota da embarcação.
O Instituto e as duas empresas participam do Grupo Trabalho Jubarte criado para estudar e colocar em prática medidas preventivas adicionais que diminuam o risco de choque entre embarcações e as baleias.
As baleias jubarte ficam de junho a novembro no Banco dos Abrolhos, principal berçário da espécie na costa do Brasil. Neste período da chamada “temporada das Jubarte”, elas acasalam, dão à luz e amamentam seus filhotes, principalmente, nas águas do sul da Bahia e norte do Espírito Santo.
Para a temporada deste ano, o IBJ está otimista com a quantidade de animais e registros. Em 2022, através de um monitoramento aéreo feito pelo Instituto com o apoio da Veracel Celulose, em um raio de cerca de 6.200 Km, foi possível realizar a estimativa de uma população de mais de 25 mil desses animais marinhos na temporada - um crescimento histórico que se aproxima do número de animais de 200 anos atrás, quando havia 27 mil mamíferos da espécie em águas brasileiras.
“Depois de décadas de atuação na proteção das baleias, ver essa população quase totalmente recuperada dá uma sensação de dever quase cumprido. Estamos acompanhando a temporada de 2023 em toda a costa brasileira e esperamos que os resultados sejam positivos”, destaca Milton Marcondes, médico veterinário e coordenador de pesquisa do Instituto Baleia Jubarte.
Grupo de Trabalho Jubarte
O Grupo de Trabalho Jubarte, formado pelas empresas Veracel e Norsul, ao lado do IBJ, foi determinante para a adoção de uma série de medidas que ajudaram na preservação da espécie desde sua criação, em 2017.
Um exemplo foi a aproximação em cerca de sete milhas náuticas da rota de navegação das barcaças da Norsul utilizadas a serviço da Veracel no trecho que vai de Belmonte a Prado (BA), medida que contribui para a redução do risco de choque entre as baleias jubartes e os comboios oceânicos.
Outra ação, iniciada em 2018, foi o treinamento das tripulações, em que pesquisadores do IBJ a bordo da barcaça da Norsul ensinam o que as baleias fazem na rota, como reconhecê-las e a evitar situações de risco.
“Há 18 anos iniciamos o transporte marítimo de celulose e há 20 anos o monitoramento de cetáceos em parceria com o IBJ. De lá para cá, o monitoramento tem contribuído bastante para que as nossas operações marítimas ocorram com o menor risco para as baleias e produzindo dados importantes para a preservação das baleias jubarte”, explica Tarciso Matos, coordenador de meio ambiente da Veracel. “Além disso, estamos desenvolvendo uma inovação ambiental com o uso de inteligência artificial e uma câmera térmica no transporte marítimo de celulose para detecção de baleias, inclusive no período noturno. Esperamos que essa iniciativa dê certo e sirva de exemplo para ser utilizada no transporte marítimo mundial para a preservação das baleias e a segurança no mar”, afirma ainda Tarciso.
Para Angelo Baroncini, Diretor-Presidente da Norsul, participar dessa ação junto com o IBJ e a Veracel é motivo de orgulho. “Temos a preocupação de fazer o bem para as pessoas e o mundo, e isso inclui os animais que habitam a Terra conosco. As ações realizadas desde o início neste Grupo de Trabalho com o IBJ e a Veracel foram eficazes e permitiram o crescimento da população da espécie ao longo dos anos. Temos orgulho em fazer parte deste projeto tão necessário, e mostrar que é possível coabitar o mesmo espaço com segurança para os humanos e os animais marinhos”, destaca o executivo.