Turismo

PARIS 40 GRAUS: ONDA DE CALOR MUDA HÁBITOS E O RIO SENA É O POINT (TF)

Nesta quarta-feira, 20, o tempo mudou um pouco com pancadas de chuvas
Tasso Franco , Paris | 20/07/2022 às 05:06
Milhares de pessoas vão para as margens do Sena
Foto: BJÁ
       A onda de calor que atinge a França desde a útima quinta-feira chegou forte a Paris, ontem, com temperatura de 40 graus e o que se viu na cidade foram as pessoas - locais e turistas - utilizando todos os meios possíveis para enfrentá-la desde o uso de roupas mais leves, especialmente shortes e camisetas - garrafas de água em mãos, uso de ventiladores manuais, proliferação de pessoas portando leques - até parecia Madrid em alguns locais - vapores de água nos bistrôs, hotéis e a beira do Rio Sena, abanos improvisados e outros.

     É aquela história da 'sombra e água fresca' e as pessoas procuravam evitar os raios solares de todas as formas usando protetores solares, óculos escuros, chapéus, bonés e sombrinhas. As turistas japonesas além de cobrirem todo o corpo incluindo a cabeça com chapéus de pano andam portando sombrinhas.

     O lugar mais procurado ontem na cidade foi às margens do Rio Sena que ficaram lotadas as pessoas escolhendo lugares mais frescos algumas delas em pic-nics bebendo cerveja e vinho rosé que é mais leve, mais fraco. 

   Os barcos de passeios (bateauxs mouches) estiveram lotados durante todo o dia e a Prefeitura instalou vapores d'agua em alguns trechos (margens) do Rio Sena, especialmente nas proximidades das pontes Neuf e Arts próximo ao Louvre onde há, sempre, uma quantidade imensa de turistas. 

    Alguns jovens nadaram no rio e pularam n'água em mergulhos o que consentido mas deve ser evitado, especialmente para quem não conhece as suas correntezas.

  Na França, 73 departamentos permanecem em alerta laranja. Em Gironde, dois incêndios gigantescos já queimaram 19.000 hectares de vegetação. Incêndios também ocorrem na Espanha e Portugal. Ainda não se tem uma estatística de quantas pessoas morreram com esses incêndios e a onda de calor. Fala-se em mais de 120 vitimas fatais. 

   Também em Paris, ontem, os bistrôs estiveram lotados e a bebida predileta dos clientes é a cerveja. Por lei municipal, garrafas de água (torneiral) são servidas gratuitamente aos clientes. Não há nenhum demétrico nisso. Os bistrôs usam artificios de servir a água em garrafas estilizadas. Mas, se você preferir, todos os bistrôs, bares e restaurantes vendem água mineral da França e da Itália, com média de preços entre 6 e 8 euros, a depender da marca.

    A cerveja também varia entre 8 e 10 euros no tipo chopp como conhecemos na tulipa ou na caneca. As begas são consideradas as melhores sobretudo a Hoegarden 33 cl 10 euros (garrafinha).

  Os turistas e locais estão dando preferência as comidinhas mais leves e saladas. Café está em baixa. Vinho mantém a pegada francesa, mas na temporada do verão os preferidos são os brancos. Quem pode bebe champagne um hábito no país uma flupe custando entre 15 a 20 euros. 

   A maioria das lojas da cidade está com promoções em vestimentas, tênis e sapatos. A exceção são as coleções náuticas - biquinies, maios, sungas, etc. As promoções variam com descontos de até 70%. Tá valendo a pena. 

   É possível compar um bom tênis por 50 euros (250 reais). Os brasileiros adoram essas promoções e encontramos muitos deles nas lojas. Pechincham, falam alto e compram. Assim está sendo o verão em Paris. Hoje, a cidade amanheceu com chuvas e trovoadas em alguns locais. Já era previsível. A onda de calor, no entanto, deve permanecer por mais 15 dias, ao menos.
 
   LE MONDE

   A proliferação de eventos climáticos extremos é uma consequência direta das mudanças climáticas, segundo os cientistas, com as emissões de gases de efeito estufa aumentando em intensidade, duração e frequência, diz Le Monde.

A geógrafa Magali Reghezza-Zitt, membro do HCC, respondeu a perguntas dos leitores do Le Monde sobre como se adaptar às mudanças climáticas.

Lucie: Que solução para a concretagem excessiva existe para viabilizar nossas grandes cidades nos próximos anos?

Magali Reghezza-Zitt: Existem muitas soluções de adaptação, dependendo da cidade. As ações podem, em primeiro lugar, dizer respeito a edifícios e infraestruturas. No futuro, ou construiremos com novos materiais, inventando novas formas, novas técnicas, ou renovando o que já existe. Para o edifício, vamos, por exemplo, isolar para garantir o conforto de verão da habitação. Insisto nas infra-estruturas, porque sofrem os efeitos do calor: as estradas, os caminhos-de-ferro, as várias redes servem-nos no nosso quotidiano.

Para além da ação específica, vamos retrabalhar a forma das cidades, a atribuição de espaços a esta ou aquela atividade. As soluções baseadas na natureza devem ser favorecidas por seus cobenefícios e por sua natureza reversível: falamos muito em revegetação, por exemplo. A ideia é partir de ações pontuais, que serão baseadas em inovações técnicas, mas também mudanças nas práticas individuais e coletivas, para desenvolver um projeto de desenvolvimento global que aborde vários riscos ao mesmo tempo, evite desadaptações (basicamente, quando o soluções são ruins a longo ou médio prazo) e que possibilita co-benefícios.

Assim, a revegetação tem consequências positivas para a saúde, incluindo a saúde mental, a biodiversidade, etc. A acção sobre a habitação permite lutar contra a pobreza de combustível, melhorar o conforto geral, lutar contra a habitação precária.

Não há, portanto, uma solução, mas várias soluções, que vão depender dos territórios, dos riscos a que estão expostos, dos seus recursos, das necessidades e desejos dos habitantes, do equilíbrio entre as autarquias, das relações entre público e privado, a história do espaço urbano, as desigualdades existentes, etc.