Cores vivas internas que dão vida a igreja, o que restou da abadia do século VI
Tasso Franco , Salvador |
25/05/2022 às 03:58
Raro vê-se igrejas do medievo com pinturas nas paredes e nas arcadas
Foto: BJÁ
PARIS - Visitei a igreja de Saint-Germain des Prés (São Germano dos Prados) que é uma das antigas desta cidade. Trata-se do templo religioso que restou da abadia um estabelecimento monástico medieval loalizada na margem esquerda do rio Sena, fundada no século VI.
A abadia beneditina foi fundada em meados do século VI pelo rei franco, Quildeberto I, da dinastia merovíngia, criado para guardar relíquias de São Vicente de Saragoça e um relicário com um pedaço da Cruz de Cristo, obtidas pelo rei numa expedição militar pela Hispânia visigoda. Devido a isso, a abadia foi inicialmente dedicada a São Vicente e à Santa Cruz.
A consagração da abadia foi realizada em 558 por Germano, bispo de Paris. Neste mesmo ano morreu o rei franco, que foi sepultado no novo edifício, inaugurando assim o uso da abadia como necrópole real. Vários membros da dinastia merovíngia (originários de Meroveu, reis dos cabelos longos) foram sepultados ali, como Quilperico I (584) e sua rainha Fredegunda (597), Clotário II (629), Quilderico II (673) e sua esposa Biliquilda (675).
Germano de Paris, o bispo que consagrou a abadia em 558, foi também sepultado na abadia após seu falecimento em 576. Após sua morte, surgiu uma devoção ao redor de Germano, com os fiéis peregrinando para ver seu túmulo, o que levou a sua canonização. Seus restos foram transladados em 755 para a área detrás do altar principal da igreja, em presença do rei carolíngio Pepino o Breve (dinastia carolímgea) e seus filhos Carlos (futuro Carlos Magno) e Carlomano.
A partir de então a abadia começou a ser conhecida unicamente como Saint-Germain-des-Prés. "des-Prés" significa que a abadia estava localizada fora dos limites da cidade.
Muitas reformas foram realizadas na igreja ao longo da Idade Média, começando pela reforma românica da torre por volta do ano 1000, na época de Morard (abade entre 990-1014). Nos séculos XI e XII a igreja foi totalmente reconstruída: a nave data do século XI, provavelmente da época do abade Guilherme de Volpiano (1025-1030).
O transepto e o cruzeiro também são do século XI, enquanto que o coro com deambulatório e capelas radiantes, em estilo gótico inicial, data provavelmente dos anos 1140. O portal gótico, localizado sob a torre românica da entrada, data dos anos 1160.
A abadia ocupava uma enorme área em 1790, quando foi dissolvida durante a Revolução Francesa. Nessa época o complexo monástico foi ocupado por uma fábrica de salitre, e explosões acidentais causaram grande destruição. A maior parte dos edifícios se perdeu, restando apenas a igreja com uma pequena parte do claustro e o palácio abacial, construído em 1586 pelo arquiteto Guillaume Marchand para o abade de então, Carlos de Bourbon.
No século XIX, a igreja foi reformada e redecorada com pinturas murais. As torres medievais que flaqueavam o transepto foram demolidas.
É um templo muito boito e colorido internamente com azuis claro e escuro, afrescos e vitrais.