Soltar fogos nas ruas. Acender fogueira. Sair para curtir um show de forró. Dançar agarradinho. Ver de perto as apresentações de quadrilha. Na Bahia, como em todo o Nordeste, é assim que se comemora o mês de junho. Os festejos juninos são uma das tradições da região. Mas este ano será diferente.
Com a pandemia do novo coronavírus e as medidas de distanciamento social adotadas, será a primeira vez sem São João. A ausência de uma das maiores festas nordestinas é mais um reflexo dos impactos que o setor de eventos vem sofrendo. Pesquisa realizada pelo Sebrae indica que 98% desse mercado foi afetado pela pandemia.
O turismólogo e professor do curso de Eventos da UNIFACS, Ednilson Andrade, afirma que esse segmento foi o primeiro a parar suas atividades e provavelmente será o último a voltar em sua plenitude, devido à proibição de aglomerações e interdição de espaços para conter a Covid-19.
“Dados da Associação Brasileira das Empresas de Eventos estimam que desde o inicio da pandemia em março até o final de maio, foram cancelados 1.451 eventos, entre simpósios, convenções, feiras, espetáculos, casamentos e festas de aniversários”, informa o professor.
Agora com o cancelamento do São João e a especulação de que não haverá o já famoso Reveillon de Salvador nem o Carnaval de 2021, o especialista acredita que o momento é de observação, paciência, resiliência, reinvenção, visão empreendedora e criatividade.
Para tentar minimizar os impactos sobre as empresas e prestadores de serviços que trabalham no setor, ele avalia que uma alternativa tem sido a tecnologia e a virtualização dos eventos. Um exemplo disso é a realização de congressos e simpósios técnico-científicos através de plataformas digitais e as populares lives, com apresentações de artistas de diversos gêneros.
Para o São joão, por exemplo, diversos artistas vêm fazendo transmissões na web ao longo do mês de junho. Andrade avalia que isso pode começar a ser estendido também a espetáculos teatrais até os espaços serem reconfigurados para a nova realidade de distanciamento social e passarem a oferecer um maior número de sessões disponíveis para o público, presencialmente.
Outra saída apontada pelo professor é o que vem sendo chamado de “eventos na caixa”, quando os serviços de ambientação/decoração e buffet são contratados e entregues em casa. Assim, as pessoas podem celebrar no próprio lar e por meio da tecnologia se conectarem com amigos e familiares para comemorar o momento simultaneamente.
O professor da UNIFACS destaca que isso funciona para eventos sociais como aniversários, bodas de casamento, formaturas e celebrações familiares. “Os próprios prestadores do serviço podem entregar kits do evento como plaquinhas, doces e bebidas nas casas dos convidados indicados pelo contratante”, observa Andrade.
Para não deixar passar o São João em branco este ano, inclusive, muitos empreendedores têm trabalhado com esta opção de fazer delivery de cestas de produtos típicos ou entrega de licores para a festa em casa. “É hora de reconfigurar o planejamento antes pensado a longo prazo e adaptá-lo ao dia a dia, com inovação”, ressalta o professor.