Turismo

ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DE VILAS RECLAMA DO VERÃO NO BARULHO

Moradores de Vilas do Atlântico lançam carta denúncia contra abuso na ocupação de área pública federal por eventos de grande porte em barracas na orla do Loteamento
Doris Pinheiro , Bahia | 20/01/2020 às 12:23
Vilas do Atlântico: de paraíso a inferno
Foto: DIV
  Embora vivam num loteamento residencial privado, protegido por um Termo de Acordo e Compromisso e pela Lei de uso do solo, os moradores de Vilas do Atlântico, especialmente os que vivem mais perto da sua orla, têm sofrido como se morassem em meio a uma zona comercial licenciada para a realização de espetáculos musicais de grande porte. Tudo isso sem nenhuma consulta nem autorização por parte dos seus moradores!

   Nas barracas Mare-Blu, Prainha e Odoyá, entre outras, são realizados eventos praticamente diários durante o verão, com shows ensurdecedores, mega estrutura de palco, inclusive no Réveillon,  raves que varam a madrugada e o dia, além de ensaios com venda de ingressos e camisas de amplitude incompatível com uma localidade tradicionalmente de moradia. Desde dezembro há gravação de programas para o SBT e agora GE Bahia com é o Tchan, Negra Cor, Ivete Sangalo, Saulo Fernandes, Durval Lelys, dentre outros.

Os transtornos causados  por essas festas e gravações são imensuráveis e vão desde a altura do som, acúmulo de pessoas estranhas, sem apoio da polícia, o aumento de casos de furtos e roubos, invasão de terreno particular por flanelinhas para obter ganho de estacionamento, carros parados de forma  irregular na margem do Rio Sapato, que corta o Loteamento, ambulantes por todo lado, favelização e depredação.

Os problemas não se encerram aí, ainda há um número excessivo de pessoas que adentram Vilas de forma desrespeitosa, usando bebidas alcóolicas sem medida e às vezes drogas e cenas de sexo explícito em via pública. Essas pessoas defecam nas calçadas em frente às residências e além de poluir com lixo, fezes e urina, têm destruído ninhos de tartarugas demarcados pelo Projeto Tamar.

Todas estas barracas estão num terreno de Marinha, pertencente à União, que é uma importante área de desova e nascimento de tartarugas marinhas cabeçudas, além de proteção à restinga da orla. Toda a área em questão deveria ter  proteção da Prefeitura de Lauro de Freitas, em obediência à Lei Federal 12651/2012 - Novo Código Florestal, entretanto existem informações que ligam a filha da prefeita, Michele Gramacho, à barraca Prainha, o que justifica o comportamento leniente de quem está aqui para fiscalizar e ordenar, mas que vem permitindo o lucro de particulares que ocupam irregularmente área de união, como é o caso da barracas de praia em detrimento dos direitos dos cidadãos que pagam IPTU e impostos extorsivos ao município e que são proprietários legítimos  pelo contrato (TAC) de construção do Loteamento Vilas do Atlântic.!  

A AMOVA – Associação dos Moradores de Vilas do Atlântico - em momento nenhum se coloca contra a necessidade de entretenimento, entretanto, acredita que há locais apropriados para tanto, como é o caso do Centro de Judô ou o Kartódromo, ambos na Orla de Ipitanga, além de descampado enorme na Orla de Buraquinho, sem nenhuma moradia por perto.

“É importante frisar que  o espólio de vilas foi construído por seus moradores. Nunca houve ingerência da prefeitura sobre Vilas. Não é agora que permitiremos política de pão e circo eleitoreira ou projetos de poder empresariais às custas do nosso patrimônio, do meio ambiente ou do bem público, afirma Janaína Ribeiro, presidente da AMOVA.

Veja a carta denúncia divulgada pela AMOVA – Associação dos Moradores de Vilas do Atlântico
Os moradores do Loteamento Vilas do Atlântico, particularmente aqueles que residem na orla, vêm denunciar o abuso e o desrespeito, não só aos moradores como também às leis vigentes. Não há respeito ao TAC de Vilas nem à Lei 928/99. O único intuito da prefeita Moema Gramacho é dar lucro a terceiros em detrimento do sossego e mobilidade dos verdadeiros donos de Vilas do Atlântico, já que este é um loteamento residencial privado.

O que está ocorrendo nas barracas existentes na praia de Vilas é algo inadmissível. Os shows promovidos pelas barracas, principalmente MARE-BLU, PRAINHA E A ODOYA beiram o absurdo. E tudo isso com o aval da prefeitura de Lauro de Freitas, cujo objetivo é destruir Vilas do Atlântico e tornar nossas vidas um inferno. Nesses shows o som é incrivelmente alto e é ouvido num raio de 1km em flagrante desrespeito à lei municipal 1.536/2014. O número de pessoas que acorrem a esses eventos é muito grande, consumindo bebidas e drogas, fazendo toda espécie de barbárie que vai de urinar nas calçadas até a destruição de ninhos de tartarugas demarcados pelo Projeto Tamar.

Tais shows vêm ocorrendo cada vez com maior frequência e aumentam significativamente no verão. Quatro shows estão marcados para as próximas sextas-feiras com patrocínio da TV Bahia (GE de Verão). Já houve shows na barraca Prainha com patrocínio, pasmem, do Governo do Estado, da Prefeitura de Lauro de Freitas, da Uninassau e outros menos significativos. Essas festas, shows e raves estão destruindo a restinga da orla que deveria ter a proteção da prefeitura em obediência à Lei Federal 12651/2012 - Novo Código Florestal.

As praias de Lauro de Freitas estão inseridas na faixa marítima que vai da praia de Itapuã até a divisa com o estado de Sergipe no que prescrevem a Portaria IBAMA 10/95 e a Resolução CONAMA 10/96, com respeito à preservação das tartarugas marinhas. A praia de Vilas do Atlântico é uma importante área de desova e nascimento de tartarugas marinhas, espécies em risco de extinção.

Por ocuparem terreno de marinha pertencente à União e área de desova de tartaruga marinha esses shows não deveriam ser permitidos e quase sempre são realizados ao arrepio da lei, sem as devidas autorizações.