Depois de quase três horas de caminhada, as estrelas do evento, as baianas, desfilaram caracterizadas, carregando jarros com água de cheiro e as vassouras para o ritual da lavagem.
Da Redação , Salvador |
16/01/2020 às 19:06
Lavagem também em Ilhéus
Foto: Clodoaldo Ribeiro
Uma das expressões da religiosidade da cultura local, a festa do sincretismo religioso ilheense, foi acompanhada por uma multidão na manhã desta quinta-feira (16). O cortejo de lavagem das escadarias reuniu fiéis de variadas religiões. A festa, idealizada pelos estivadores, acontece desde a primeira metade do século XX, é uma manifestação marcada pela fé, emoção e homenagens ao padroeiro da categoria, São Sebastião.
O prefeito Mário Alexandre, prestigiou o momento festivo e afirmou que além de integrar o calendário turístico, o evento traz fortes marcas da cultura local. “A história confere a Ilhéus ser uma cidade plural, então, apoiamos a realização dessas manifestações. Queremos que as pessoas se sintam representadas dentro da sua própria cultura e com isso abolimos as indiferenças”.
O evento é uma realização da Prefeitura, por meio da Secretaria da Cultura e do Turismo (Secult); Sindicato dos Estivadores de Ilhéus; blocos Afro Dilazenze, Mini Congo, Rastafari e Zambiaxé; terreiros Sultão das Matas, de Mãe Carmosina; Ilê Axé de Iemanjá, de Mãe Vilma; Ilê Axé Guaniá, de Oiá de Mãe Laura e terreiro Ilê Axé Ballomi, de Pai Toinho.
Das sacadas dos prédios ou varandas das residências, o público registrou de várias formas, o cortejo que partiu da Avenida 2 de Julho até a praça da Catedral, no Centro. Houve queima de fogos.
A mensagem de tolerância, união e respeito às religiões foi proclamada. Segundo o calendário, a celebração antecede a comemoração do dia de São Sebastião, em 20 de janeiro.
Depois de quase três horas de caminhada, as estrelas do evento, as baianas, desfilaram caracterizadas, carregando jarros com água de cheiro e as vassouras para o ritual da lavagem.
Percussionistas dos blocos afro e seus tambores marcaram a cadência do cortejo. No mini trio, a Banda Samba de Treta e o bloco de sopro embalaram a multidão, que não deixou a alegria e a descontração minuto sequer.
Turismo nas ruas – Adriana Soares, turista de São Paulo (SP) e uma das passageiras do navio Fantasia, da MSC Cruzeiros, relatou sua emoção em conhecer a Bahia e conhecer uma parte cultural de Ilhéus. “A cidade é muito linda, organizada e clima feliz. Foi lindo e especial quando vi durante a lavagem, baianas e seus adereços, os blocos afro, os ritmos e o povo num colorido muito especial”.
Da mesma forma, Sueli Estevão, turista do Rio Grande do Norte (RN), aprovou. “Adorei a festa que começou com o receptivo. Pra mim foi uma surpresa presenciar esses festejos, pois não conhecia. Falava para minhas amigas que meu lugar é esse, me encontrei em Ilhéus. Minha dica é para as pessoas que ainda não conhecem a cidade. Venham, porque voltarei mais vezes, podem me esperar”, contou irreverente.
Bençãos – “Essas manifestações representam uma luta contra a desigualdade, afinal, somos todos iguais, e é isso que estamos rogando, que Deus abençoe todo este povo e nossa família, na esperança que 2020, seja um ano de paz, amor e justiça, a fim de exterminar esse preconceito e essa violência que paira entre os povos”, externou Pai Toinho, do terreiro Ilê Axé Ballomi.
Efetivos da 68ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), Corpo de Bombeiros Militar e Guarda Civil Municipal (GCM) reforçaram a segurança no local. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) disponibilizou ambulância e corpo técnico. Como manda a tradição, um carro pipa no final da festa refrescou os participantes, aliviando o calor que fazia na cidade verão.