A intenção é reunir as principais lideranças na área econômica, cultural e religiosa que já trabalham com essa influência da cultura afro em Salvador
da Redação , Salvador |
02/05/2019 às 15:36
ACM Neto e o presidente da Câmara Geraldo Jr durante lançamento
Foto: Max Haack
Representantes de diversos segmentos culturais de origem afro que atuam em Salvador lotaram a Casa do Benin, no Pelourinho, nesta quinta-feira (2), atraídos pela mais nova iniciativa a ser promovida pela Prefeitura para valorizar o trabalho realizado por estes profissionais, frente à economia e turismo local. O Plano de Ação Étnico-Afro teve a ordem de serviço para início da ação assinada e apresentada pelo prefeito ACM Neto, ao lado dos secretários municipais de Cultura e Turismo (Secult), Cláudio Tinoco, e da Reparação (Semur), Ivete Sacramento, demais autoridades, convidados e imprensa.
De acordo com o prefeito, para a construção do plano, a intenção é reunir as principais lideranças na área econômica, cultural e religiosa que já trabalham com essa influência da cultura afro em Salvador. “A ideia é desenvolver um plano consistente, que tenha uma visão de longo prazo e que possa significar um conjunto de diretrizes econômicas da cidade”, pontuou ACM Neto. Com isso, segundo o gestor, a iniciativa deverá identificar como aproveitar a questão étnico-religiosa para ampliar ainda mais a atração turística e movimentação econômica da cidade, trabalhando os elementos que compõem o patrimônio imaterial da capital baiana e que, se bem trabalhados, podem significar resultados econômicos importantes para Salvador.
Algumas das ações previstas para elaboração do plano de ação étnico-afro são o mapeamento dos empreendimentos liderados por afrodescendentes no setor de turismo da capital; a promoção do acesso de turistas a produtos e serviços fornecidos por afroempreendedores; a promoção da cultura afro-brasileira como elemento fundamental do circuito turístico e a participação integral de afro-brasileiros na cadeia de valor do turismo. O consórcio selecionado via processo licitatório para conduzir o plano foi o Cria Rumos Arandas, que contará com investimento de cerca de R$ 728 mil, dentro do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur).
“Pela primeira vez, Salvador terá uma ação deste tipo construída de forma ampla e participativa. O Plano de Ação Étnico-Afro visa maior incorporação da população afrodescendente nas atividades afro-associadas ao turismo, inclusive pelos diversos aspectos já reconhecidos, como a música, a gastronomia e as artes, que já funcionam como ativo e atrai a atenção de turistas nacionais e internacionais”, afirmou Cláudio Tinoco, titular da Secult.
Uma das ações, inclusive, foi anunciada pelo prefeito durante o discurso: a requalificação urbanística a ser promovida pela Prefeitura no Curuzu, na região da Liberdade. Com intervenção prevista para ser realizada ainda este ano, a intenção é transformar a localidade em um corredor cultural, onde estão localizadas entidades como o bloco afro Ilê Aiyê e o Terreiro Vodum Zô.
Início e expectativa – As atividades promovidas pelo consórcio terão início já na próxima terça-feira (7), com a primeira reunião com as entidades interessadas a ser realizada às 14h, no Teatro Gregório de Mattos (TGM), no Centro. Após esses cinco meses de diagnóstico, ouvindo as principais lideranças de grupos artísticos, religiosos e do comércio, haverá um segundo momento de efetivação das ações sugeridas no plano.
A notícia da construção e implementação do Plano de Ação Étnico-Afro já gera expectativa em profissionais como a presidente da Afrotours Turismo Cultural, Nilzeth Santos. “Espero que o plano seja um sucesso, porque é necessário. A primeira coisa que deveria ser feita é respeitar o turismo afro-religioso. Depois, cuidar dos atores do turismo étnico, como as baianas e o capoeirista, qualificando e remunerando eles bem. Ouvir também os guias, preparar vários roteiros, convidar várias empresas e pessoas negras para empreender. Esse segmento é do povo negro e precisamos nos beneficiar com isso”, afirmou.