É uma das festas mais bonitas de Salvador e das mais populares. As autoridades do Estado e da Cidade não comparecem, o que é lamentável.
Tasso Franco , da redação em Salvador |
04/12/2018 às 14:11
Procissão no corredor da Rua da Misericórdia
Foto: BJÁ
Ruas e praças do Centro Histórico de Salvador foram tomadas por pétalas vermelhas, cheiro de alfazema e milhares de fiéis que, na manhã desta terça-feira (4), participaram da festa para Santa Bárbara, no sincretismo afro-baiano a Iansã dos raios e trovões que roncaram e cairam na madrugada, porém, durante a procissão deram uma trégua e apenas alguns pingos de chuva molharam os fi[eis.
Os festejos marcam a abertura do calendário oficial das festas populares da capital baiana, que até o mês de fevereiro contará com celebrações como a de Nossa Senhora da Conceição da Praia (8 de dezembro), Santa Luzia (13 de dezembro), Bom Jesus dos Navegantes (1º de janeiro), Festa de Reis (6 de janeiro), Lavagem do Bonfim (17 de janeiro) e Iemanjá (2 de fevereiro), encerrando no Carnaval.
As homenagens à Santa Bárbara, que é conhecida por proteger os devotos das grandes tempestades, começaram cedo, às 5h com a alvorada de fogos, seguido pelo repique de sinos e a missa campal realizada às 8h. Logo após a celebração, os fiéis seguiram em procissão em direção ao quartel do Corpo dos Bombeiros, localizado na Rua José Joaquim Seabra, conhecida como Baixa dos Sapateiros, onde Santa Bárbara é considerada padroeira da corporação.
Vestida de vermelho como pede a tradição, a auxiliar de enfermagem Marisa do Santos, de 66 anos, conta que é devota desde os 13 anos, quando viu a mãe pedir à santa para que conseguisse sobreviver, junto com os seis filhos, enquanto a casa onde morava foi invadida e derrubada pelas fortes chuvas em Pau Miúdo. “Santa Bárbara deu um grande livramento a mim e a minha família. Se hoje estou aqui é graças a ela, que já me livrou de várias enxurradas. A cada ano que passa minha fé continua mais viva e hoje vim agradecer e pedir para que ela nos conceda muita saúde, paz e que, com sua espada, corte todos os males que possam vir em direção da nossa população”, afirmou.
Devota há mais de 40 anos, a aposentada Heloísa Barbosa de 65 anos, moradora de Nazaré das Farinhas, participava pela primeira vez da celebração e não conseguia esconder a surpresa e emoção com o momento. “Por alguns motivos nunca consegui participar dessa celebração e jamais passou pela minha cabeça que encontraria essa grande quantidade de pessoas juntas por um único motivo, a fé. É muito lindo de ver e tem uma energia única. Eu só tenho a agradecer”, declarou.
História – A Festa de Santa Bárbara acontece em Salvador desde 1641, quando foi construído o Morgado de Santa Bárbara. Nesse local, foi instalado o Mercado de Santa Bárbara, onde os comerciantes prestavam cultos à santa. Um incêndio destruiu o que restava do morgado e a imagem de Santa Bárbara acabou sendo deslocada para a Igreja do Corpo Santo, localizada no Comércio. Na década de 1980, a estátua foi transferida para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, e permanece no local até hoje.