Rua Alagoinhas, nº33, Rio Vermelho. Lá está a Casa de Jorge Amado e Zélia Gatai, forma como ficou conhecida a residência onde viveu o casal de escritores que levou a literatura da Bahia para o mundo. Nesta quarta-feira (07), o espaço interativo comemora quatro anos que foi reaberto. Após 11 anos fechada, a residência passou por uma completa reforma promovida pela Prefeitura, e foi reaberta a visitação de baianos e turistas em 2014. De lá para cá, 107 mil pessoas estiveram no local. Dessas, 12 mil foram estudantes.
Com aproximadamente dois mil metros quadrados, incluindo o jardim onde as cinzas de Jorge Amado e Zélia Gatai estão depositadas, o memorial oferece aos visitantes mais de 30 horas de vídeos, projeções e áudios sobre a vida e obra do casal. Visivelmente envolvida com a riqueza cultural do local, a turista de Porto Alegre, a auxiliar administrativa Mara Cardoso, 46 anos, adjetivou o espaço com uma única palavra. “Incrível”, disse ela, enquanto caminhava pelo jardim. Pela primeira vez em Salvador, ela afirma que voltará em breve à capital baiana e o retorno à Casa do Rio Vermelho também já é dado como certo.
“De tudo que conheci aqui foi o mais impressionante. Tem cultura, história e uma leveza que nos deixa encantados. Virei novamente”, declarou, reforçando ser impossível conhecer toda a história em apenas uma visita. Nos 22 ambientes temáticos, exibições de trechos de obras ou depoimentos de quem conviveu com os escritores. Por lá passaram grandes nomes como Glauber Rocha, Pablo Neruda, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Roman Polanski, Jack Nicholson, Sartre, Simone de Beauvoir, entre tantas outras personalidades.
Arte, cultura e história - Jorge e Zélia viveram na casa por 40 anos, tempo em que colecionaram muitas obras de arte, que seguem expostas pelas diversas paredes do imóvel. O rico acervo guarda ainda documentos importantes, como cartas trocadas com personalidades nacionais e internacionais que podem ser lidas e apreciadas pelos visitantes. Quem visitar o local pode assistir em uma tela de cinema a leituras feitas por famosos de obras do escritor, em 41 vídeos, na "Sala de Leitura", ao lado biblioteca.
Com um grupo de 40 estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBa), a professora da disciplina Cultura Contemporânea, Alice Lacerda, fez questão de incluir a visitação no calendário de atividades do curso do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC). “Aqui temos a memória de parte da história baiana. Precisava trazê-los aqui para mostrar a importância desse local e das pessoas que aqui viveram”, assinalou a docente.
Para tornar mais didática a experiência de mergulhar na intimidade desses dois grandes nomes da literatura, a casa foi dividida em diversos espaços. A visitação é acompanhada por guias capacitados que se dividem pelos cômodos da casa, orientando e passando informações aos visitantes. Para a coordenadora geral, Juciara Melo, o principal intuito da restauração do espaço em 2014, foi preservar a memória de Jorge Amado e Zélia Gatai.
“Aqui eternizamos esses dois grandes nomes da literatura baiana. Oferecemos a comunidade e aos turistas que vêm à nossa cidade a chance de conhecer o homem Jorge Amado, sua vida, sua esposa e família”, assinalou.
Como visitar - O equipamento é aberto para visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 17h, inclusive aos feriados. A entrada custa R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia, para idosos e estudantes), sendo que, às quartas-feiras, o acesso é gratuito para todos. Grupos de estudantes de escolas públicas municipais e estaduais que visitem o espaço com agendamento prévio terão gratuidade. Crianças de até 6 anos estão isentas da taxa.