FURDUNÇO em escola de samba do Rio com demissão da porta-bandeira
Nara Franco , RJ |
24/07/2018 às 18:57
Sidclei e Marcella
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Em nota divulgada à imprensa a escola de samba Salgueiro informou o afastamento da porta-bandeira Marcella por licença médica para cuidar de uma gravidez de risco. Horas depois, porém, a porta-bandeira publicava carta em redes sociais informando que havia sido dispensada.
O mestre-sala Sidclei também postou em redes sociais que estava deixando o Salgueiro, depois de oito carnavais, “a princípio prefiro seguir o caminho com minha porta-bandeira Marcella Alves e torcer para que em um futuro próximo nós consigamos honrar um pavilhão”.
Em entrevista ao G1, Sidclei, que acabou de voltar de uma apresentação do Salgueiro na Alemanha, contou que foi chamado nesta segunda-feira para uma reunião com a presidente da escola Regina Celi, o patrono Rafael Alves e a diretoria, logo após ter realizado o primeiro ensaio com Marcella para o carnaval de 2019.
“Alegaram que eu seria afastado do posto de primeiro mestre-sala porque teria gritado com a presidente no início do mês passado ao cobrar o pagamento de três meses de salários atrasados e do não pagamento de uma bonificação prometida em dezembro. Mas não gritei com ninguém. Fui militar e respeito hierarquia. Estava sim aflito por não recebe e ter uma série de compromissos para pagar”, contou o mestre-sala, nesta terça-feira (24), dizendo que na ocasião Marcella o apoiou na sua reivindicação. Os atrasados foram pagos, mas a bonificação não.
Além disso, ele conta que se sentiu desprestigiado e desrespeitado depois de ser informado que, Marcella seria afastada por causa da suposta gravidez de risco e que ele teria de apresentar uma nova parceira. Do contrário, desfilaria como destaque num carro alegórico junto com Marcella, representando a escola no enredo.
“Não queria sair do Salgueiro, mas me senti desrespeitado. Primeiro, porque a história da insubordinação não existiu. Na verdade, desde a reunião que reivindiquei o pagamento dos atrasados a presidente praticamente não nos cumprimentava mais na quadra. Depois, porque achei um absurdo eles dizerem que com o afastamento da Marcella, e a vinda de outra porta-bandeira, eu teria de ser submetido a uma avaliação para ver se poderia continuar como 1º mestre-sala da escola. Além do mais, a Marcella está ótima, ensaiamos ontem. E eles queriam que ela apresentasse um laudo dizendo que a gravidez é de risco”, disse Sidclei, que há 23 anos desfila como primeiro mestre-sala.
Nas redes sociais, a porta-bandeira escreveu uma carta na qual explica que foi pega de surpresa com seu desligamento da escola e que estava triste e chateada “pela falta de carinho, respeito, humanidade e argumentos sem cabimento”.
“Quando eu mais precisava de apoio, força e carinho de uma pessoa que se diz Mãe de todos os salgueirenses, fui tratada com desprezo e muita falta de respeito”, diz Marcella na carta, que dizendo estava frequentando os ensaios de sábado na quadra, mas sem dançar por causa do risco de cair no chão escorregadio e pelas aglomerações, como tinha sido combinado com a diretoria.