Feira literária terminou neste domingo
Secom , Salvador |
16/10/2016 às 18:13
Filho de Rodolfo Coelho Cavalcanti e a venda de cordeis
Foto: Carla Ornelas
A Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica 2016) superou as expectativas dos organizadores. De quinta-feira (13) até este domingo (16), quando se encerrou o evento, muitas pessoas circularam pelas ruas de Cachoeira, município do Recôncavo baiano, para aproveitar a extensa e diversificada programação gratuita.
E, se a cada ano cresce a plateia da Flica, crescem ainda mais o apoio e os investimentos do Governo do Estado. Além do incentivo financeiro por meio do programa FazCultura, o Estado também ampliou as ações culturais com atividades promovidas pelas secretarias de governo, como a Casa Educar para Transformar que, pelo segundo ano consecutivo, recebeu alunos da rede estadual para apresentar seus trabalhos, e ainda reservou o Espaço Milton Santos, dedicado a lançamentos de livros ligados à literatura negra e promoção da igualdade racial. Também foram a Cachoeira a Biblioteca Móvel, o SAC Móvel, a Feira de Economia Solidária e grupos ligados à cultura popular.
Para o secretário estadual de Cultura, Jorge Portugal, investir na promoção da literatura e da arte se reflete em benefício para quem participa, mas principalmente para quem realiza a festa, colocando Cachoeira no mapa do turismo cultural. “A Flica mexe com o que chamamos de ‘economia da cultura’, que vai desde hotéis lotados até o vendedor de cachorros-quentes na esquina. Todo mundo consegue também se beneficiar em torno da leitura, motivo pelo qual se faz essa grande festa que, a cada edição, tem trazido mais pessoas a Cachoeira. É a consagração deste festival, que já é o segundo maior evento literário do País, com apenas seis anos de existência”.
Economia
Bom para o visitante, porém, melhor ainda para os moradores de Cachoeira que vivem e dependem da movimentação de turistas na cidade, como o dono de restaurante Roberto Roque dos Santos. Ele considera a Flica um dos investimentos mais importantes para a cidade. “Para nós, cachoeiranos, é um privilégio ter um evento de grande porte como esse, que, a cada ano que passa, está crescendo e agregando valores, não só a nível de cultura, mas também para o comércio. Na cidade sempre tem movimento, mas durante a Flica isso aumenta 80, até 90% das vendas. Financeiramente, é ‘super’ lucrativo, muito mais do que outras épocas do ano”.
A opinião de seu Roberto é compartilhada pelos empresários do setor hoteleiro, que este ano registrou ocupação de 100% dos leitos disponíveis na cidade. Para Jandira Dias Santos, aposentada e proprietária de pousadas na cidade, essa é uma oportunidade que não se compara a outras épocas do ano. “Nesse período, a gente consegue lotar tudo. É garantia de retorno financeiro. Nesses últimos dias da festa, então, se eu tivesse 200 quartos, estariam todos alugados”.
Por isso, enfatiza Jandira, “a Flica é um dos eventos mais interessantes do ano, com esse público que vem procurando a programação cultural diferente, por exemplo, do que temos no São João e na [Festa da] Boa Morte, que já foram eventos grandes. Mas, hoje, a Flica supera esses dois períodos. Tem gente que já procura hospedagem de um ano para o outro”.
Programação gratuita
Durante os quatro dias do evento teve espaço para debates sobre literatura, lançamento de publicações, contos de histórias infantis, exposições, feiras, distribuição e venda de livros, intervenções culturais, opções para todas as idades e todos os gostos. Para o curador Emmanuel Mirdad, a programação inteiramente gratuita é uma das marcas do evento. “A gratuidade é um grande diferencial nosso, o que faz disso tudo um sucesso também, porque conseguimos oferecer tanta coisa de graça, as pessoas ficam mais próximas, se sentem mais contempladas pelo evento, e desde a primeira edição é assim”.
Com tanta opção, não é comum encontrar, no último dia de Flica, gente já fazendo planos de voltar à cidade heróica especialmente para a Festa Literária nos próximos anos, como a turista paulista Valdimere de Souza. “É a primeira vez que venho e estou animadíssima. Chegar em Cachoeira é encontrar um outro Brasil, totalmente diferente de qualquer lugar que eu já tenha ido. As pessoas, o cheiro, as cores, a possibilidade de andar nas ruas tranquilamente, esse lugar maravilhoso ao lado do rio, isso tudo é uma coisa especial e difere de outras festas literárias que vemos por aí. Valeu muito a pena ter vindo”, afirmou a turista, pouco antes de experimentar a maniçoba, iguaria com folhas de mandioca e “carro chefe” da culinária do Recôncavo.