Indo ao Paraguai é impresindível assistir um show de arpista
Tasso Franco , da redação em Salvador |
13/07/2015 às 21:23
Rito Peterson interpretando "Recuerdos de Ypacaraí"
Foto: BJÁ
Ir a Assunção e não assistir a um show de harpa é o mesmo que ir a Roma e não ver o papa, no dizer popular. 'Broma' à parte, nem sempre, quem vai a Roma vê o santo padre até porque a sede do papado fica na Cidade do Vaticano, território autônomo, embora dentro de Roma; e, é claro, tem a guitarra paraguaia, também instrumento bem apreciado entre os guaranis.
No paraguai, no entanto, a harpa é tão popular quanto o violão no Brasil, e existem centenas de harpistas, homens e mulheres. A harpa paraguaia é um instrumento musical típico do país, a mais sotificada com 40 cordas para imitar o canto dos pássaros. A tradicional tem 36 cordas. Hoje, a maioria, de náilon. Salvo as notas agudas que têm cordas de aço.
Feita em madeira tem um exagerado arco de pescoço e tocada com as unhas e dedos. A harpa chegou ao Paraguai com os jesuítas e suas missões religiosas. A música, como instrumento de evangelização, é parte do conjunto de ferramentas culturais e tecnológicas e, no contexto da missão religiosa.
O resultado foi uma mescla de tradições ao aliar o recurso musical europeu com outras tradições, especialmente dos índios guaranis.
Houve algumas modificações em quase de 500 anos de desenvolvimento do instrumento. Antes das cordas serem de náilon, as cordas mais baixas eram feitas de couro do ventre de cavalos e as cordas mais altas, de aço.
A música mais executada no Paraguai é a guarânia e tem andamento lento, geralmente em tom menor. Foi criada em Assunção pelo músico José Asunción Flores, em 1925.
Desde a sua criação, a Guarânia tornou-se o mais importante fenômeno musical do Paraguai no século XX através de temas como Índia, Ne rendápe aju, Panambi Vera, Paraguaýpe, Jejuí, Kerasy, Arribeño Resay, o que gerou imediata aceitação e afeto. O gênero seduz especialmente as populações urbanas.
Acredita-se que a guarânia tenha sido introduzida no Brasil pelos próprios paraguaios, especialmente na divisa com o Mato Grosso do Sul, quando muitos vieram para o Brasil a trabalho, durante o ciclo da erva mate. Naquele estado, há traços predominantes na música folclórica que se enquadram perfeitamente à harmonia da guarânia.
No Extremo Sul da Bahia também toca-se guarânias, especialmente em Teixeira de Freitas.
Fui assistir ao show do arpista Rito Peterson, o qual morou alguns anos na Europa e seu 'concerto' - se é que podemos chamar assim teve a exceução de músicas paraguaias, especialemte os clássicos 'Recuerdo de Yparacai' (Zulema de Mirkin e Demetrio Ortiz), "Quiero Besar tus Manos" (José Del Rosário Diarte), "Cabalito Andador" (Luis Bordón), "Cascada" (Digno Garcia) e músicas italianas.
Nas lojas os CDs custam em média R$20,00 e no show R$30,00. O show de Rito foi encantador.