Ainda há pobreza nas 'chacaritas' - as favelas do Paraguai - mas a violência que se vê no Brasil não existe na capital paraguaia
Tasso Franco , da redação em Salvador |
09/07/2015 às 17:41
Papa Francisco visita a terra guarani país que recebeu primeiros jesuitas
Foto: BJÁ
O papa Francisco chega nesta sexta-feira, 10, a Assunção, capital do Paraguai. A cidade passa por um faxinaço, há cartazes do pontífice em vários pontos, os fiéis já circulam pelas ruas com bandeiras de suas congregações e de seus países, e o presidente Horário Cartes vai recebê-lo no aeroporto internacional Sílvio Pettirossi.
O que o papa jesuita peregrino verá no Paraguai, especialmente em Assunção e sua região metropolitana?
Um país bem diferente do visto pelo papa João Paulo II, em 1988, final do governo do ditador Alfredo Strossener (1954/1089), o qual morreu no Brasil em 2006, aos 93 anos de idade. Naquela época, Assunção era uma cidade com enormes contrastes sociais entre os ricos e os moradores das 'chacaritas', as favelas locais, e havia apenas uma pequena classe média.
Hoje, Assunção tem 750 mil habitantes e o Paraguai 6.5 milhões em todo país. Ainda é uma cidade pequena para os padrões das capitais brasileiras, mas, sua Região Metropolitana reúne algo em torno de 2 milhões de pessoas que se movimentam em torno da capital.
A cidade vive um boom imobiliário, ninguém fala em crise, constroem-se os complexos Wordl Trade Center - duas torres parecidas com as de NY, mas, menores -, o Paseo de la Galeria, amplia-se os shoppings Del Sol e Mariscal, e projetos sobem na Aviadores Del Chaco, na Santissima Trindade e na Santa Tereza, além de urbanização da Av Costañera às margens da Baía formada pelos rios Paraguai e Pilcomayo e separada pelo banco de São Miguel.
Ainda há uma enorme 'chacarita' (favela) nessa região Norte da cidade, nas proximidades da catedral franciscana e próximo a área da Costañera onde se armou o maior palanque para a missa papaç com previsão de 1.500.000 fiéis, pero, não há na 'chacarita' a violência que se pratica no Brasil nas favelas do Rio e nas invasões de Salvador. Estive na periferia (bem próxima da chacarita) e não fui hostilizado.
Uma parte dessa grande favela já foi urbanizada e as familias se mudaram para residências num programa parecido com o Minha Casa Minha Vida erguido por um consórcio de empresas incluindo uma brasileira cujas casas são pintadas de verde e amarelo.
O Paraguai respira democracia depois da queda de Fernando Lugo há 3 anos, o presidente considerado socialista que foi apeado do governo por atos de improbidade e estelionato eleitoral. Ninguém quer saber mais de Lugo, o país está crescendo, os depósitos bancários aumentaram 17.3% no último mês de maio, há muitas empresas estrangeiras investindo no país - especialmente brasileiras, alemãs e japonesas - e embora ainda haja muitos contrastes, o papa Francisco vai encontrar um Paraguai completamente diferente do visto pelo papa João Paulo II. A pobreza é bem menor do que em 1988.
Em Assunção há centros comercias de alto padrão de consumo - muito superiores aos de Salvador - a frota de veículos é majoritariamente japonesa e coreana (veiculos novos), o padrão de consumo alimentar no país melhorou e a religião católica é a predominante, mesmo com a chegada dos evangélicos brasileiros, especialmente a Igreja Universal do Reino de Deus.
Na agenda do papa Francisco o sumo pontífice desembarcará no Aeroporto Silvio Pettirossi, em Assunção, onde permanecerá por 45 minutos, onde será recebido pelo presidente Horácio Cartes e fará uma mensagem ao povo paraguaio. Em seguida deverá descansar nas dependências da Nunciatura Apostólica da Santa Sé. Ainda na sexta-feira (10), Francisco se encontrará com religiosos na Catedral Metropolitana de Assunção.
No segundo dia de visita, sábado (11), o santo padre irá de helicóptero até o Santuário da Virgem Serrana, na cidade de Caacupe, onde rezará uma missa. Depois o pontífice seguirá de Papa Móvel até o Instituto Agronômico Nacional, região onde fica a Cruz Peregrina.
Neste local espera-se que o Papa reze uma missa para cerca de 1 milhão de pessoas. Acredita-se ainda, que o Papa visite lugares estratégicos, como presídios e bairros da periferia. Na tarde de sábado o Papa conversará com o presidente Cartes e em seguida se reunirá com congressistas.
No último dia da visita, domingo (12), o Papa se encontrará com representantes da sociedade civil, campesinos, empresários, indígenas, dirigentes sindicais, jornalistas e artistas.