Turismo

CRÔNICA: 'Turista Russo' compra óleo de babaçu na Avenida Sete

Esse 'Turista Russo' tá ficando baiano e já está se acostumando com o povo mijando nas ruas
Tasso Franco , da redação em Salvador | 20/12/2014 às 20:00
'Turista Russo' comprou frasco de óleo de babaçu na Ladeira do São bento
Foto: BJÁ
   Estava o turista 'russo' comprando um cinto na Avenida Sete, numa tenda próxima ao Relógio de São Pedro, quando encontrou o repórter Marivaldo Filho do 'Bocão News'. 

   - E aí - perguntou o repóreter - pelo visto gostaste de Salvador, pois desde a festa de Santa Bárbara que lhe vejo nas ruas?

   - É gostei muito. Aqui nesta avenida, então, os produtos são bem baratos, muito mais em conta do que em Moscou. Comprei 5 cintos por R$40,00 o pacote e vou ficar com um para mim e os outros vou mandar para amigos na Rússia.

   - Que bacana - comentou o repórter - mostrando que poderia também comprar uns shortes, umas camisoladas para sua esposa.

   O turista 'russo' sorriu e disse que seu dinheiro era pouco, que se encontrasse um trabalho em Salvador, ficaria por acá, faria um pé-de-meia e daria pra comprar muita coisa. Depois, inquiriu ao jornalista porque o Relógio de São Pedro estava parado e com um ninho de passarinho em cima do objeto, ou mesmo parecia uma planta que nasceu e se criou por lá.

   - Ah! Meu caro, esse relógio é uma novela. Passa mais tempo quebrado do que funcionando. Entra prefeito, sai prefeito, e é essa coisa aí que você vê - respondeu o repórter, por sinal, muito educado.

   - Parece que estão fazendo uma obra por lá porque há um tapume enorme em volta daquela estátua, daquele moço no pedestal com cara de barão.

   Aí quem sorriu foi o repórter: - Obra aqui em Salvador é assim. Dura uma eternidade e a Prefeitura coloca uma placa de propaganda maior do que a obra. 

   -Ah! entendi - disse o 'russo' - questionando se ninguém cobrava do prefeito mais rapidez nas obras.

   - Cobrar, cobra, mas, aqui na Bahia é tradição obra demorar muito. Teve uma passarela numa avenida que demorou vários anos para ser feita - completou o repórter - dizendo que estava com pressa, pois iria cobrir um evento na Câmara de Vereadores e deu bye-bye.

   Lá se foi o turista 'russo' em direção ao São Bento com seus cintos colocados num saquinho plástico, ora fazendo foto dos camelôs que estavam vendendo seus produtos na avenida; ora parando pra tomar um cafezinho naqueles rapazes que vendem o produto em carrinhos, que ele achou uma maravilha, uma invenção, uma inovação.

   Lá adiante, quis entrar no Mosteiro de São Bento, mas, o templo estava fechado. E, à frente da basílica, havia uma nova obra com tapume. Ele olhou por cima do tapume, fotografou, astuciou o que pode, e parou ao lado de um senhor que estava vendendo óleo do babaçu, rico em ácidos graxos saturados, e um outro óleo do peixe elétrico.
 
   Ficou entusiasmado. O homem dizia que o óleo curava reumatismo, espinhela desajeitada, pés torcidos, dores nas juntas e assim por diante. Ele não entendia quase nada que o camarada falava, mas, mesmo assim, resolveu comprar um fransquinho de óleo do bacalhau, depois que viu ele passando o produto no pé de uma senhora.

   - Estou aqui nesse ponto há 16 anos e não há 16 dias, portanto, o senhor pode levar sem susto, que o produto é bom, o produto eu assino embaixo, o produto eu garanto, porque estou aqui nessa ladeira há 16 anos e nunca tive reclamação de cliente algum, ao contrário, só elogios, porque meu produto é de primeira qualidade e até passou um pouco no antebraço do 'russo' pra ele cheirar.

   - Mui bom - respondeu o 'russo' dizendo que tava com uma dor nos tornozelos e iria comprar um fracsco.

   O homem então disse que pro mocotó o óleo era batata, que ele iria ficar bom na hora, e o 'russo' sem saber o que siginficava mocotó, mas, mesmo assim comprou o produto. Não só ele, mas, vários outros clientes. Pelo visto, pensou o 'russo' o produto é bom mesmo.

   Daí o turista 'russo' seguiu seu roteiro até a Praça da Sé, passou na Galeria Oxumaré e comprou uma pedra de marcassita com a imagem de São Jorge - tô dizendo que o cara tá gostando da Bahia - e foi tirar umas fotos da Baía de Todos os Santos. 

   Na murada, assim que posicinou a sua máquina para fazer as fotos, tinha um camarada mijando em direção a Ladeira da Montanha. Parecia um chafariz e o turista 'russo' clicou tudo, a 'marinheira' do camarada e o jorro d'água benta. 

   Quando digo que o turista 'russo' tá ficando baiano vocês não acreditam.