Casa fica nas cercanias de Punta Del Este e o turista pode conhecer algumas obras de Vilaró e comprar réplicas de suas pinturas e cerâmicas
Tasso Franco , da redação em Salvador |
01/08/2014 às 15:02
Casa Pueblo (Casa Vila) fica em Punta Ballena, nas cercanias de Punta del Este
Foto: BJÁ
A Casapueblo do artista uruguaio Carlos Páez Vilaró é a maior atração turística de Punta Ballena, departamento de Maldonado, nas cercanias de Punta del Este.
Vilaró é considerado o maior artista plástico do Uruguai e morreu no inicio desde ano aos 91 anos de idade. Diariamente esta casa vila na expressão espanhola é visitada por centenas de pessoas de todas as partes do mundo não só para apreciar sua beleza, como para conhecer a obra deste artista e comprar réplicas de suas pinturas, cerâmicas e gravuras, e também para se hospedar.
Casapueblo é uma cidadela-escultura que inclui um museu, uma galeria de arte e um hotel chamado Hotel Casapueblo que fica dentro da estrutura.
Construído ao redor de uma casa de lata chamada La Pionera, foi o arquiteto Carlos Páez Vilaró, que o desenhou com um estilo semelhante ao das casas da costa mediterrânica de Santorini, mas geralmente o arquiteto refere-se ao Forneiro, um pássaro típico do Uruguai, para discutir o tipo de construção.
Tem uma homenagem a Carlos Miguel (filho do artista), um dos dezesseis uruguaios sobreviventes do acidente aéreo da Força Aérea Uruguaia Vôo 571 que caiu nos Andes em 13 de outubro de 1972.
A casa começou a ser erguida em 1958 e demorou 34 anos para ser concluida. Com o tamanho que tem está sempre em obras. Os turistas podem comprar peças (réplicas) do artista com preços médios entre 20 e 100 dólares nas duas lojas existentes no interior da casona. Há toda uma infra de restaurante e lanchonetes.
Os turistas não percorrem todas as áreas da casa porque demora-se 60 minutos cada visita. Para quem é arquiteto ou deseja passar um maior tempo apreciando a casa e a paisagem, descortina-se do alto a imensidão do Rio da Prata, o melhor é se hospedar no local ou então fazer uma visita com uma amigo, sem ônibus de excursão.
QUEM FOI VILARÓ
(Wikipédia)
Nasceu em Montevidéu em 1923, e começou a desenhar em 1939. Em 1941, com 18 anos, viajou para Buenos Aires, capital da Argentina, onde trabalhou numa fábrica de fósforos e, em seguida, no setor das artes gráficas, como aprendiz de impressão na região industrial de Barracas.
Aos 20 anos retornou para Montevidéu, onde, influenciado por seus companheiros dos bairros de Sur e Palermo, bem como do conventillo Mediomundo, se associou à comunidade afro-uruguaia e passou a colaborar com os desfiles de llamadas e o folclore negro de maneira geral, estudando as danças e gêneros musicais típicos daquela cultura, como o candombe e a comparsa.
A partir desta influência passou a retratar em sua arte os diferentes aspectos da cultura e da vida cotidiana do afro-uruguaio: as llamadas, os bailes, bem como sua religiosidade, seus casamentos e velórios.
Compôs diversas peças musicais nos dois gêneros, e regeu uma orquestra, cujas congas e bongôs eram decorados com sua arte temática. Seu interesse pela cultura negra acabou levando-o ao Brasil, lar da maior população de descendentes de africanos das Américas.
Lá, foi convidado para exibir suas obras pelo diretor do Museu de Arte Moderna de Paris, Jean Cassou, em 1956. Naquele mesmo ano viajou para Dacar, no Senegal - sua primeira visita à África.
Graças ao contato com escritores, músicos e estudiosos como Ildefonso Pereda Valdés, Paulo de Carvalho Neto, Jorge Amado e Vinicius de Moraes, publicou livros como La casa del negro, Bahía, Mediomundo e Candango.
Aprofundou seus estudos sobre a cultura afrodescendente em Salvador, Bahia, assim como em outros países americanos onde a cultura negra está presente (Colômbia, Venezuela, Panamá, República Dominicana, Haiti) e em países da África subsaariana. Colaborou com Albert Schweitzer no leprosário de Lambaréné.
Entre as diversas ocupações que exerceu, também foi colunista da revista semanal Caras y Caretas.
Casapueblo, sua "escultura habitável" que se tornou sua criação mais famosa, situada nas proximidades de Punta del Este, no sul do Uruguai, tem sido uma das principais atrações turísticas do país desde o fim da década de 1960.
Em 1958 comprou um terreno de frente para o mar no leste da península pitoresca de Punta Ballena, então praticamente deserta, e construiu ali um pequeno chalé de madeira que com o tempo foi sendo ampliado e reformado até se transformar na "Casapueblo" (literalmente, "Casa-Vila", em espanhol).
Denominada pelo próprio Vilaró como uma "escultura habitável", o complexo de cimento pintado de branco que se assemelhava a uma cidadela aos poucos deixou de ser apenas o seu lar e se converteu em seu ateliê, e, eventualmente, museu.
Embora tenha continuado a habitar o local, Vilaró continuou a expandi-lo continuamente, criando por vezes um quarto diferente para determinado hóspede, até que acabou por abrir uma seção do local aos turistas, transformando-a num hotel, que até hoje é uma das principais atrações turísticas do departamento de Maldonado.
Segundo ele próprio, numa entrevista dada em 1979, "construi-a como se tratasse de uma escultura habitável, sem planejar antecipadamente, seguindo principalmente o meu entusiasmo. Quando o governo municipal me pediu, há pouco tempo, a planta do projeto - que eu não tinha - um amigo arquiteto teve que passar um mês estudando a maneira de decifrá-la."
Cada vez mais conhecido, Vilaró recebeu uma comissão, em 1959, para criar um mural destinado a um túnel que daria acesso a um novo anexo da sede de Washington, D.C. da Organização dos Estados Americanos, o edifício da União Panamericana. Inicialmente destinado a não ter mais de 15 metros de extensão, o mural (entitulado Raízes da Paz), quando inaugurado, em 1960, tinha 155 metros de comprimento e dois metros de altura. Os danos graves causados pela umidade excessiva forçaram o artista a repintar o mural em 1975.
Vilaró continuou em contato com a cultura europeia e africana, e manteve laços estreitos com diversos amigos de seus dias em Paris, no fim da década de 1950, em especial Brigitte Bardot e Pablo Picasso. Em 1967 se aventurou no cinema, fundando uma produtora, Dahlia, com o auxílio dos empresários europeus Gérard Leclery e Gunter Sachs.
No mesmo ano viajou por diversos países da África Ocidental, onde filmou um documentário do qual foi co-roteirista, Batouk, dirigido por Jean-Jacques Manigot, um longa-metragem de 35 milímetros, a cores, com 65 minutos de duração. Escreveu-o em conjunto com Aimé Césaire e Leopold Sedar Senghor, que contribuíram com poemas. O filme participou do Festival de Cannes em 1967.
Diversas pinturas recentes de
Vilaró, expostas na Casapueblo.
Vilaró continuou a criar murais e esculturas para diversos escritórios governamentais e corporativos e colecionadores privados, além de projetar diversos edifícios. Pintou 12 murais na Argentina, 16 no Brasil, quatro no Chade, três no Chile, quatro no Gabão, onze nos Estados Unidos e trinta em sua terra natal, além de uma série de trabalhos espalhados pela África e pelas ilhas da Polinésia.
Também projetou uma capela que não pertencia a nenhuma denominação específica, destinada a um cemitério sem cruzes ou lápides em San Isidro, na província de Buenos Aires, além de reconstruir uma casa abandonada na cidade vizinha de Tigre, seguindo o modelo da Casapueblo; segundo ele, a capela de San Isidro teria sido sua "maior obra".
O primeiro casamento do artista, com Madelón Rodríguez Gómez, embora curto, lhe rendeu três filhos. Um deles, Carlos "Carlitos" Páez Rodríguez, viria a integrar o time de rugby do colégio Stella Maris de Montevidéu, os "Old Christians"; em 13 de outubro de 1972, o Voo 571 da Força Aérea Uruguaia, que transportava os integrantes da equipe, colidiu contra uma montanha na cordilheira dos Andes, entre o Chile e a província de Mendoza, na Argentina.
Vilaró fez parte do grupo que realizou as buscas pelos 45 passageiros - dos quais 16 acabaram sobrevivendo, entre eles seu filho, com quem se reencontrou pouco tempo depois do resgate, em 23 de dezembro.13
Vilaró passou por dificuldades em outras áreas de sua vida. Em 1976 conheceu Annette Deussen, uma turista argentina, com quem teve uma filha, em 1984. Deussen era casada com outro homem na época, de quem se divorciou em 1986, casando-se com Vilaró em 1989. Seu ex-marido, no entanto, continuou a travar uma feroz batalha judicial pela custódia do filho por mais de uma década, mesmo depois que a paternidade de Vilaró havia sido cientificamente comprovada.
A questão só veio a ser resolvida em 1999, e a custódia finalmente concedida a Vilaró. Nesta altura o artista, pai de seis filhos, dividia seus dias entre a Casapueblo e "Bengala", sua residência em Tigre.
Morreu aos 91 anos de idade, na Casapueblo, em Punta Ballena.Seu filho declarou, por ocasião de sua morte: "Se realmente há uma frase apropriada a ele, é que descanse em paz. Nunca vi alguém que trabalhasse tanto. É um cara que trabalhou até o último momento. Até ontem. Então, que descanse em paz.".Seu corpo foi velado no Palácio Legislativo da capital uruguaia.