debate contou com a participação de representantes dos principais santuários do Brasil e do secretário estadual do Turismo, Domingos Leonelli.
Tasso Franco , da redação em Salvador |
14/04/2013 às 11:57
Estante da Rota da Liberdade
Foto: BJÁ
Na Bahia, as viagens motivadas pela fé começam na capital e seguem para municípios como Bom Jesus da Lapa, Candeias, Cachoeira, Canudos, Maragogipe, Rio de Contas, e Porto Seguro contemplando as mais diversas manifestações religiosas. Para compartilhar as vivências e desafios para o desenvolvimento do Turismo Religioso foi realizada, no último sábado (13.04), no Núcleo do Conhecimento, do II Salão Baiano de Turismo, a Mesa Redonda Viagem da Fé. O debate contou com a participação de representantes dos principais santuários do Brasil e do secretário estadual do Turismo, Domingos Leonelli.
Padre André Borges, reitor do Santuário de Santa Paulina, em Novo Trento, Santa Catarina, o secretário municipal de Turismo de Novo Trento, Eluisio Antônio Voltoni, padre Roque Silva, do Santuário de Bom Jesus da Lapa, a presidente das Obras Sociais Irmã Dulce, Maria Lopes Pontes e o diretor do Memorial Irmã Dulce, Osvaldo Gouveia apresentaram as características e necessidades dos santuários que representam e enfatizaram a necessidade de se investir mais no segmento.
Leonelli reforçou o papel do governo para o desenvolvimento do Turismo Religioso independente da matriz religiosa. “O estado brasileiro é laico e nós da Setur temos trabalhado em prol do desenvolvimento do Turismo para todas as religiões. Cada uma tem sua particularidade e nós procuramos não misturá-las”, afirmou o secretário.
Estudioso da área, o padre Roque Silva, do Santuário de Bom Jesus da Lapa, destacou a necessidade de se investir no desenvolvimento do segmento. “Temos uma diferença entre romaria e Turismo Religioso. Temos que investir nesse segundo que apresenta uma demanda maior por serviço, hospedagem e lazer gerando renda para a população das cidades e do seu entorno”, destacou.
Neilto Barreto, procurador geral da Irmandade do Rosário dos Pretos, em Salvador, participou do debate e concordou com a colocação dos palestrantes. A Igreja do Rosário dos Pretos é muito procurada por turistas de todas as partes pelas curiosidades que possui. Foi construída por escravos que não podiam frequentar a missa nas “igrejas dos brancos” nos idos de 1865. “Para fortalecer o nosso caráter turístico necessitamos de investimentos em acessibilidade, criação de um roteiro que contemple todas igrejas da cidade e a organização desse roteiro”, afirmou.
A Setur tem trabalhado para promover a profissionalização do setor e uma maior integração entre a cadeia produtiva do turismo e as entidades religiosas. A importância do turismo religioso pode ser comprovada por números. Novo Trento, por exemplo, tem apenas 12 mil habitantes e acolhe cerca de 60 mil turistas em um fim de semana. O Santuário de Irmã Dulce, em Salvador, recebeu no ano passado aproximadamente 90 mil visitantes. Somente no primeiro trimestre deste ano, já foram mais de 26 mil. Bom Jesus da Lapa, no oeste baiano, atrai mais de dois milhões de romeiro por ano sendo, sua população, de apenas 64 mil habitantes.
“O número de visitantes supera em muito o número de moradores. Precisamos de estrutura para a atividade com investimento no ordenamento do trânsito, serviços, infraestrutura e segurança”, disse o padre Roque Silva, do Santuário de Bom Jesus da Lapa. A necessidade de estruturação das cidades e entorno dos santuários foi ponto comum entre todos os destinos. Para a questão, o Memorial Irmã Dulce já conta com soluções. No ano que vem, a Beata comemora 100 anos e a expectativa é que o número de visitas seja ainda maior. “
Temos a obrigação de acolher bem esse visitante”, destacou Gouveia
As ações visando o centenário incluem a estruturação do entorno com a requalificação da praça próxima às Obras Sociais de Irmã Dulce e o pedido de melhorias na sinalização e segurança.
“Temos que pensar o Turismo Religioso de forma ampla”, destacou Domingos Leonelli reforçando a necessidade de se incrementar a produção associada ao turismo. “Os artigos religiosos e lembranças tem que ser produzidos nos municípios que abrigam os santuários. É preciso investir nisso e parar de comprar esses artigos fora”. A ação, segundo o secretário, vai ajudar a gerar ainda mais renda por meio da atividade.