Veja a história deste local que atrai romeiros durante a semana santa
Tasso Franco , da redação em Salvador |
22/03/2013 às 18:15
Subida ao Monte Santo é o ponto alto da festa religiosa
Foto: Calila Noticias
A dica turística da semana vai para Monte Santo, interior da Bahia, na região Nordeste do Estado acima de Euclides da Cunha, onde acontece uma semana santa bem característica do sertão.
Para quem aprecia esse tipo de evento e cultura do sertanejo nada melhor. O local é distante. Fica a mais de 300 quilômetros de Salvador e tem poucos hotéis e pousadas. Mas, o visitante pode se hospedar, também, em Euclides da Cunha, que é perto, ou até no Jorro.
E o que tem pra se ver em Monte Santo. Beatos, feira livre com produtos regionais e artesanato, apesar da seca, muita religiosidade e uma procissão belíssima ao Monte Santo, que se parece muito com a área original do calvário de Jesus.
Existem duas opções de roteiro: a primeira delas segue-se até Serrinha (180 km de Salvador) e toma a estrada do sisal via Coité/Valente/Santaluz/Queimadas/Cansanção/ Monte Santo. Já vale a viagem pois cada uma dessas localidades tem aspectos culturais interessantes. O outro roteiro é seguir até Serrinha e daí rumo Norte vai-se até o Jorro/Tucano/Euclides da Cunha/Monte.
Além de apreciar a festa religiosa o visitante pode adquirir objetos de couro na região com uma variedade enorme de sandálias, jalecos, chapéus e assim por diante. Há bons locais para se comer comidinhas típicas da região - bode assado, buxada etc
HISTÓRIA
Em outubro de 1775, Capuchinho Frei Apolônio de Toddi que se encontrava na aldeia indígena de Massacará, (hoje situada no Município de Euclides da Cunha), foi convidado pelo fazendeiro Francisco da Costa Torres, a realizar uma missão de penitência na Fazenda Lagoa da Onça, de sua propriedade, ali chegando deparou com uma grande seca e devido à escassez de água no local, não realizou a missão, decidiu então, seguir para o logradouro de gado denominado "Piquaraçá" onde existia um olho d’água em abundância conhecido atualmente como "Fonte da Mangueira", localizado no pé da serra.
Frei Apolônio de Toddi, ao apreciar a serra ficou impressionado com a semelhança da mesma com o calvário de Jerusalém e convidou os fiéis que o acompanhava para transformar o Monte em um "Sacro-Monte" e rebatizá-lo com o nome de Monte Santo, marcando seu dorso com os passos da Paixão.
Logo em seguida, mandou tirar madeira e iniciou a armar uma capelinha de madeira e fazer uma boa latada para se fazer a missão e ao mesmo tempo mandou cortar paus de aroeira e cedro para por no Monte, cruzes a espaços regulares na seguinte ordem: a primeira dedicada às almas, as sete seguintes representando as dores de Nossa Senhora e as quatorze restantes lembrando o sofrimento de Jesus, na sua caminhada para o Monte Calvário em Jerusalém. Em primeiro de novembro do mesmo ano, encerrou a procissão de penitência, com um sermão, finalizando as suas palavras pedindo aos fiéis que todos os anos nesta data, viessem visitar o Monte.
Em seguida, deu-se início a construção das capelas no local das cruzes com cal trançado e das igrejas do calvário e da matriz, colocando nas capelas painéis grandes a cada passo, na igreja do Calvário as imagens do Senhor, Nossa Senhora da Solidade e São João. Na igreja da Matriz as imagens de Nossa Senhora da Conceição e Santíssimo Coração de Jesus.
Mesmo antes da conclusão da construção, em 1790, o Santuário foi elevado à categoria de Freguesia por Decreto de Lisboa, recebendo o nome de Santíssimo Coração de Jesus de Nossa Senhora da Conceição de Monte Santo, sendo nomeado o seu primeiro pároco o Padre Antônio Pio de Carvalho. Os primeiros povoadores de Monte Santo foram Francisco da Costa Torres, da Fazenda "Laginha", Domingos Dias de Andrade, José Maria do Rosário da Fazenda Damázio e João Dias de Andrade.