A festa atual é muito mercantil e midiática. Vale para quem tem mais grana.
Tasso Franco , da redação em Salvador |
26/01/2013 às 11:43
Integrantes do Afoxé Filhos de Ganhy na última lavagem do Bonfim, 2013
Foto: BJÁ
O Carnaval de Salvador é a única manifestação da cultura popular da cidade que tem algum destaque internacional. É uma festa nova, tem apenas 129 anos, sendo seu centenário realizado em 1984, na gestão do prefeito Manoel Castro com uma homenagem a Jorge Amado.
Antes, em meados do século XIX havia o entrudo, uma brincadeira (melança) no Pelourinho no estilo europeu de Veneza. No início do século XX o Carnaval com batucadas e blocos (corso) ganhou as ruas do centro da cidade. A partir do advento do automóvel os corsos se motorizaram e os pranchões com rainhas e reis fizeram o maior sucesso, com desfiles do Fatoches, Politeama e outros.
Ainda na primeira quadra do século XX, o Carnaval chegou aos salões com fox-trote e marchinhas. A partir de 1952, com a criação do trio elétrico o Carnaval ganha nova dimensão nas ruas do centro da cidade e vai sepultar o Carnaval dos salões, nos anos 60/70 na AAB, Iatch Clube e Bahiano de Tênis.
Na década de 1970 os trios se modernizaram e o som (voz) chega aos equipamentos causando uma revolução no Carnaval seguindo-se com o surgimento da axé música e as estrelas e astros. É também dessa época a reconfiguração dos blocos afros, as batucadas dando lugar aos blocos afrobaianos com identidade mais politica e cultural.
A partir dos anos 1990, com Daniela Mercury, inicia-se uma segunda fase da camatorização do Carnaval, já no circuito Barra/Ondina, modelo que se expandiu na primeira dezena do século XXI e é o adotado nos dias atuais com maior ênfase, por todos os segmentos. Antes, a camarotização era na Rua Chile e Avenida Sete, mais modesta.
Hoje, o Carnaval conta com 3 circuitos: Osmar (Campo Grande/Sé); Dodô (Barra/Ondina); e Batatinha (Pelourinho) e mais o alternativo Sérgio Bezerra na Barra, na quarta anterior ao Carnaval. Carlinhos Brown quer criar um novo circuito, o Arfródomo, no Comércio, para os blocos afros.
O Carnaval de Salvador, nos dias atuais, é mercantil e midiático. É na base da grana e da propaganda. Mas, ainda há espaços para manifestações da cultura popular de vários tipos, desde mascarados, travestidos, diabinhas, grupos de capoeira e de dança, blocos de samba e assim por diante.