Ponto alto da festa foi o encontro no antigo quartel dos Corpo de Bombeiros, na Ladeira da Praça
Tasso Franco , da redação em Salvador |
04/12/2012 às 15:19
Milhares de pessoas acompanharam a procissão para Santa Bárbara
Foto: BJÁ
Linda, exuberante, maravilhosa, a cabeça do meu ori, minha deusa, a rainha dos raios, aquela que me dá vida e tantos outros adjetivos foram colocados na boca do povo para saudar Santa Bárbara, a orixá Iansã no sincretismo religioso do povo afro que teve sua festa nesta terça-feira, 4, no centro histórico de Salvador, com saída da imagem da Mercado da Baixa dos Sapateiros, missa campal no Pelourinho e procissão subindo a Guedes de Brito, Terreiro, Praça da Sé, Misericórdia, Ladeira da Praça e novamente voltando para seu nicho no mercado.
Milhares de pessoas participaram dessa festa belissima, uma das mais coloridas do calendário das populares de Salvador, manifestão feita pelo povo, sem autoridades estaduais e municipais, sem charangas, sem música axé, só a população dando vivas a santa e orando.
Uma festa acompanhada por poucos turistas, mais por baianos e baianas ligados a igreja católica e ao candomblé, cada andor ornado com muitas flores uma procissão de santos para saudar a santa rainha e deusa dos raios e dos trovões, na primeira fila, São Jerônimo, seguido de São Jorge, São Sebastião e a banda do Corpo de Bombeiros, pequenina, mas representativa, santa que é a padroeira desta corporação.
O ponto alto da manifestação deu-se por volta do meio dia no antigo quartel central do Corpo de Bombeiros, na Baixa dos Sapateiros, quando só a banda e a imagem adentram no quartel e são acionadas as cirenes, para alegria e palmas do povo. Algumas filhas de santo neste momento incorporam iansã e são acalentadas.
O cortejo ocupou de ponta-a-ponta a Ladeira da Praça e seguiu até o Mercado de São Miguel, tão abandonado quanto o Pelourinho e o quartel do Corpo de Bombeiros, este escorado com madeiras há anos, um descaso, e o povão foi até o mercado de Santa Bárbara, onde, neste 2013, não teve o tradicional caruru.
Lamentável que estejam matando as tradições da cidade do Salvador. A cidade abandonada, o centro sujo, imundo, a praça da Sé repleta de mendigos e prostitutas, o Pelô aos cacos. Mas, ainda assim, o povo foi às ruas e louvou a sua santa querida abrindo, também o ciclo de festas populares da Bahia, sem o brilho dos anos anteriores, mas, resistindo.