O presidente da Associação de Pescadores de Buraquinho, Jonas Tomaz dos Santos, popularmente conhecido como Touro, frisa que a homenagem ao santo envolve a comunidade e o empenho de todos demonstra grande devoção. Ele explicou que o padroeiro do pescador no mundo todo é São Pedro, e que São Francisco de Assis foi adotado no Litoral Norte por influência dos Àvilas, que se apossaram das terras ainda no século XVI. "Hoje nós temos dois padroeiros e precisamos de todo tipo de ajuda porque a nossa profissão é muito difícil".
A participação de pessoas de todas as idades na organização da festa garante a perpetuação da tradição. No entanto, Touro conta que a festa quase desapareceu, ficando sete anos esquecida. "Quando assumi estava parada, mas já tem 11 anos que realizamos consecutivamente. Espero que os próximos dêem continuidade a esta nossa tradição". Segundo o historiador Gildásio Freitas, que há 30 anos participa do evento, a homenagem a São Francisco de Assis, como todas as cerimônias mais antigas na Bahia, têm características singulares. "O que a diferencia é a procissão que é feita por terra, pelo rio e pelo mar".
A festa continuou durante o resto do dia com a fanfarra e o grupo Samba de Viola, do Bakoma. "Como manda a tradição, amanhã será a segunda-
feira gorda, com muito peixe aqui em Buraquinho. Vai ser um dia de praia cheia" - anuncia Freitas. A tradição secular faz parte do Calendário Festivo do Município e é aguardada o ano todo pelos pescadores. O sincretismos religioso e a singularidade da festa costumam atrair turistas e curiosos. A Colônia de Lauro de Freitas, Z 57, também realiza a festa de Yemanjá, uma das mais emblemáticas do Litoral Norte. O dia do Santo, considerado o Homem do Segundo Milênio segundo pesquisa da revista Times, é celebrado mundialmente em 4 de outubro.