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Turistas percorrem interior da Ilha Grande, Cartagena, Colombia, em turismo integrado
Foto: BJÁ
Na Bahia, há dezenas de anos que se fala num melhor aproveitamento da Baía de Todos os Santos, com alguns avanços, mas ainda necessitando de um esforço maior e integração com as comunidades para que prospere um turismo mais profissional. Vou dar um exemplo do que acontece em Cartagena, Colombia, cidade muito parecida com Salvador e que tem uma enorme baía, de Barú (Sierra Bomba), e um arquipélago no entorno (Rosário) com 27 ilhas grandes e pequenas.
Não tem nada igual em tamanho a Itaparica. Mas, o que vale observar é que essas 27 ilhas têm atividades turísticas integradas às comunidades, a maioria habitada por negros originários do Congo e que se refugiaram nesses pontos após a colonização. Lembrando que, na Colombia, a escravidão foi abolida em 1 de janeiro de 1852, muito antes do Brasil.
A realidade desses povos estilo quilombolas é muito assemelhadas: comunidades pobres que vivem da pesca, do artesanato e agora do turismo. Existem 20 empresas atuando em Cartagena com linhas regulares de turistas para essas ilhas a custo de cada passageiro em torno de 50 dólares, nas lanchas especiais, e nos barcos maiores, 30 dólares.
Estivemos com um grupo de turistas na ilha Grande distante do centro de Cartagena 1 hora de lancha potente e capacidade para 30 pessoas todas sentadas com as pessoas usando coletes salva vidas, inclusive o guia e os dois marinheiros, fardados.
A embarcação Sensation Ardiente da empresa Ilha do Sol atravessa a baía até a Boca Chica, entrada do acidente geográfico (na Bahia, a entrada da baía fica numa ponta o Farol da Barra e na outra a Ponta do Garcez) nas proximidades do Forte de San Fernando e daí ganha-se o mar aberto do Caribe.
Todos ficam sentados durante a travessia porque a velocidade do barco é grande. Ao chegar na Ilha Grande há uma infraestutura de recebimento com nativos treinados pela empresa, quiosque de palha com mesas onde são servidas as refeições, uma pequena praia, e passeios a 30 dólares cada: visitar o aquário; percorrer o interior da ilha e fazer uma passeio de canoa na Laguna de Cocotolo; e/ou buscear (mergulho aquático com treinadores).
Fizemos um passeio pelo interior da ilha, visitamos duas pequenas comunidades (vivem nesta ilha 850 negros) e passeamos de canoa pelo mangue e lagunas. Nesses povoamentos há pontos de vendas de artesanato e nenhum nativo lhe molesta, pelo contrário, há consciência da importância do turismo e eles estão integrados a esse processo. Neste dia, a empresa levou 70 turistas de várias partes da AL e havia mais duas embarcações norte-americancas (pequenos iates) atracadas no local.
Estima-se que, no barato, essas pessoas deixaram neste local e neste dia algo em torno de 7.000 dólares (100 por pessoa) fora outras embarcações. A comida local é preparada pelo pessoal nativo treinado pela empresa a base de peixe, lagosta e outros frutos do mar.
Ainda existe no local uma área de descanso com rede, bar, piscina para adulto e criança, banheiros, sanitários, hotel boutique com 6 habitações, quiosques especiais a beira mar para almoço e redes.
A comunidade é servida com escola pública, posto médico (não permanência de médico diária) e assistência social. Há nesta ilha várias casas de veranistas que também empregam os nativos dentre elas de um dos donos da TV local.