Turismo

MACHU PICCHU, UM LOCAL ONDE É POSSIVEL FALAR COM DEUS, p TASSO FRANCO

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| 08/02/2011 às 11:27
Milhares de turistas vão ao Peru conhecer Machu Picchu, uma das maravilhas do mundo
Foto: BJÁ
    Posso dizer que "matei" (literalmente) um dos meus desejos como cidadão do mundo ao visitar a cidade pré-colombiana de Machu Picchu, no vale do Rio Urubamba, Peru, construída sob as ordens do guerreiro inca Pachacuti, considerada a mais típica representação do Império Inca que se estendeu da Colômbia ao Chile.


    É o local onde se fala com Deus, entre outras interpretações. A paisagem do alto da montanha Machu Picchu e da Huayna Picchu é deslumbrante. De um lado, a cordilheira central dos Andes com nuvens que se podem tocar com as mãos, de uma paz celestial. E, do outro, olhando-se a Leste o Canyon do Urubamba (Vilacanota), visto de uma altura de 450 metros, o rio cortando o vale com suas águas barrentas.


    As ruínas incas bem conservadas encontram-se a meio caminho entre os picos das duas montanha, a 2.438 metros acima do nível do mar. A superfície edificada tem aproximadamente 530 metros de comprimento por 200 de largura e contém 172 edifícios em sua área urbana.

      
    A cidade inca propriamente dita faz parte do território do Sistema Nacional de Áreas Naturais Protegidas pelo Estado (SINANPE), chamado
Santuário Histórico de Machu Picchu, que se estende sobre uma superfície de 32 592 hectares, (80 535 acres ou 325,92 km²) da bacia do rio Vilcanota-Urubamba (o Willka mayu ou "rio sagrado" dos incas).

     
    O Santuário Histórico protege uma série de espécies biológicas em perigo de extinção e vários estabelecimentos incas, entre os quais a porta de entrada da fortaleza, as casas, os templos, os locais de sacrifícios, a área de contemplação e lazer, a área da agricultura, o sistema de drenagem, o relógio solar, o templo do sol, o local de adoração ao condor e a serpente, as construções com pedras polidas e naturais, os armazéns de estocagem de alimentos e os locais onde se comunicavam com os deuses, como a sala do som e outros.

     
    Hoje, essa área é habitada por llamas e alpacas, mamíferos sul amercianos encontrados nos Andes em criações nativas, como é o caso de Machu Picchu, ou em fazendas. A lã da alpaca é preciosa. E a carne de llama não contém colesterol. É vendida nessa região nos restaurantes, um lombo a R$30,00 com fritas e salada. Em Lima, mais rara, a R$50,00 o filé de llama. 

   MACHU PICCHU

   Essa cidade foi erguida no século XV no esplendor do Império Inca (1100 a 1400) e justifica-se sua localização, num altiplano entre três montanhas, devido aos confrontos que existiam entre as tribos locais, como uma forma de proteção ao seu povo. Estima-se que viveram em Machu Picchu 600 a 700 incas sobrevivendo com a cultura do milho, batata, caça e pesca. Até às magens do rio Vilacanota são entre 400 e 450 metros de altitude e, ainda hoje, está preservado o caminho dos incas em direção as montanhas e ao vale.

    
    Numa dessas trilhas, hoje servindo de roteiro turístico via ônibus (não entra carros na localidade de Águas Calientes, que é a base da montanha), ao subir contornando a cordilheira vê-se a exuberância da flora, da fauna, e das nascentes de águas límpidas que descem dos dos Antes. Claro que subir toda essa encosta a pé, à exemplo dos trilheiros, é muito mais fascinante do que de ônibus, mas, exige-se tempo e algum esforço físico. 
  
    Para isso é preciso dormir num dos hotéis e/ou pousadas do vilarejo de Águas Calientes e começar a jornada cedo. Em Machu Picchu, no topo da montanta e no chapadão entre os morros, a visita guiada demora no mínimo 2h30min.

   
    Para quem vai curtir, estudar ou contemplar a localidade com mais vagar, o ideal é passar pelo menos dois dias. Estudiosos ficam meses e até anos. Ainda existem muitos mistérios em relação a Machu Picchu e, até hoje, o descobridor das ruinas, oficialmente o professor
norte-americano Hiram Bingham (guiado por um garoto da zona rural chamado Pablito, ícone dos guias), o qual à frente de uma expedição da Universidade de Yale, redescobriu e apresentou ao mundo Machu Picchu em 24 de julho de 1911.

    
    Bingham criou o nome de "a Cidade Perdida dos Incas" através de seu primeiro livro, Lost City of the Incas. Porém, naquela época, a meta de Bingham era outra: encontrar a legendária capital dos descendentes dos
Incas, Vilcabamba, tida como baluarte da resistência contra os invasores espanhóis, entre 1536 e 1572. Ao penetrar pelo cânion do Urubamba, Bingham, no desolado sítio de Mandorbamba, recebeu do camponês Melchor Arteaga o relato que no alto de cerro Machu Picchu existiam abundantes ruínas.


   Quando Bingham chegou à cidade pela primeira vez, obviamente encontrou a cidade tomada por vegetação nativa e árvore. E também era infestada de víboras.

   Depois desta expedição, Bingham voltou ao lugar em 1912 e, nos anos seguintes (1914 e 1915), diversos exploradores levantaram mapas e exploraram detalhadamente o local e os arredores.

  
   Suas escavações, não muito ortodoxas, em diversos lugares de Machu Picchu, permitiram-lhe reunir 555 vasos, aproximadamente 220 objetos de
bronze, cobre, prata e de pedra, entre outros materiais. A cerâmica mostra expressões da arte inca e o mesmo deve dizer-se das peças de metal: braceletes, brincos e prendedores decorados, além de facas e machados. Ainda que não tenham sido encontrados objetos de ouro, o material identificado por Bingham era suficiente para inferir que Machu Picchu.


   E o que foi pior: levou todas essas peças para os Estados Unidos, com consentimento do governo do Peru, dizendo que iria estudá-las e até hoje a Universidade de Yale não as devolveu. Uma apropriação indébita. Um furto, o que é comum num meio acadêmico da antropologia. Só é o cidadão visitar NY e vê o que acontece nos museus com peças do Egito e do período pré-colombiano nas Américas.

   Nossa Guia, a Sueli, diz que essa é uma história antiga (da devolução das peças), a qual ela não acredita.

   COMO CHEGAR

Machu Picchu recebe turistas do mundo todo. A infraestrutura completa para o turista está nas vizinhas cidades de Águas Calientes e Cusco.

   A partir da cidade de Cusco a viagem de trem leva três a quatro horas, até chegar ao povoado de Águas Calientes. Quando chove, como acontece agora, faz-se essa viagem de ônibus até Urubamba (2 horas) e daí pega-se o trem (mais 1h40min). 

   A viagem no trem é fantástica. O chemin de fer percorre uma trilha a beira rio Vilcanota com uma paisagem deslumbrande, à beira Andes. No trem de primeira categoria os assentos são marcados e há servido de lanches e almoço, a depender do horário. Tem também desfile de moda no trem e venda de produtos em alpaca.

  Chegando-se em Águas Calientes há micro-ônibus frequentes, que levam cerca de 20 minutos para chegar a Machu Picchu, pela rodovia Hiram Bingham (que sobe a encosta do cerro Machu Picchu desde a estação ferroviária "Puente Ruinas", localizada no fundo do canion.

   A mencionada rodovia, porém, não está integrada à rede nacional de rodovias do Peru. Nasce no povoado de Águas Calientes que por sua vez só é acessível por ferrovia (3 a 4 horas desde
Cusco).

    A ausência de uma rodovia direta a Machu Picchu é intencional e permite controlar o fluxo de visitantes à região, por ser uma reserva nacional. Isso, porém, não impediu o crescimento desordenado (criticado pelas autoridades culturais) de Águas Calientes, que vive do turismo e para o turismo, pois há hoteis e restaurantes de diferentes categorias no local.


    Seguindo o Caminho Inca em uma caminhada de quatro dias e chegar a Machu Picchu pela "porta do Sol". Para isso é necessário tomar o trem até o km 82 da ferrovia Cusco-Águas Calientes, de onde parte o caminho a pé. Pode-se realizar a trilha completa, caminhando os 45 quilômetros em quatro dias com pernoites nos acampamentos com infra-estrutura, ou fazer a trilha curta, que pode ser realizada de duas maneiras: em dois dias, com pernoite no alojamento próximo às ruínas de Wina Wayna, chegando à Porta do Sol pela manhã ou caminhar os 12 quilômetros num único dia, chegando em Machu Picchu no final da tarde.


   A partir da cidade de Cusco, fazer o passeio do Vale Sagrado dos Incas até Ollantaytambo e aí tomar o trem até Aguas Calientes e daí em micro-ônibus.


   Também é acessível de helicóptero, em um voo de trinta minutos a partir de Cusco.