Turismo

SETUR ESCLARECE SOBRE TURISMO ÉTNICO E DIZ QUE ESTÁ EM IMPLANTAÇÃO

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| 06/01/2009 às 11:23

Prezado Tasso Franco,


A propósito do artigo de sua autoria, veiculado na edição do dia 5 de janeiro, da Tribuna da Bahia (vide neste Bahia Já na editoria de Cultura), vimos por meio desta esclarecer o que se segue:

1 - A definição de programas, projetos e ações da Secretaria de Turismo se pautam em pesquisas e estudos de mercado e de viabilidade econômica. Nesse sentido, avaliamos diversos trabalhos, incluindo a pesquisa Turismo Afro-Brasileiro, Sustentabilidade, Resgate Étnico e Incremento do Empreendedorismo, realizada em parceria com a Universidade Federal da Bahia e a Universidade de Brasília.


2 - Além desses estudos, os próprios números oficiais do governo norte-americano revelam que a comunidade negra dos Estados Unidos representa hoje 12% do PIB norte-americano. Trata-se de um mercado de consumo de US$ 257 bilhões por ano. O que, por si só, justifica uma estratégia de atração turística para um estado, como a Bahia, que, como você bem sabe, preservou, até mais que na África, elementos de cultura e religião que se constituem em pontos de interesse de todas as populações da chamada diáspora africana.


3 - O programa de turismo étnico desenvolvido pela Setur e a Bahiatursa tem com foco específico na comunidade negra dos EUA, posto que o estado da Bahia não teria recursos para atingir todo o mercado norte-americano.


4 - Estamos no inicio da implantação desse projeto e, como todo novo produto turístico, precisa de tempo, persistência e recursos para amadurecer. Nesta primeira etapa do programa, estamos trabalhando diretamente com operadores e agências de viagens norte-americanos especializados no mercado afro-descendentes, veiculando publicidade institucional em publicações também especializadas e realizando Famtour (viagens promovidas para os agentes de turismo para eles conhecerem "in loco" os destinos e produtos que irão vender em suas cidades) e Press Trip (viagens promovidas para jornalistas especializados na área de turismo). Somente em novembro e dezembro de 2008, realizamos nada menos que sete viagens deste tipo com operadores, agentes de viagens e jornalistas especializados em turismo afrodescendentes.


5 - A proposta baiana, creio que para orgulho de todos nós, inclusive o seu, foi adotada também pelo Ministério do Turismo, através da Embratur, e já desenvolve esforços paralelos e coincidentes aos nossos.


6 - Claro que o interesse da empresa American Airlines vincula-se, em grande parte, à capacidade emissiva da Bahia e de Pernambuco. Isso não é mau, mas o foco prioritário dos esforços empreendidos pelo governo do Estado, nos últimos dois anos, dar-se no sentido inverso: trazer norte-americanos para a Bahia. E não é preciso boa vontade do nosso governo para compreender que os recursos e o trabalho direcionados para o nosso foco prioritário - mercado afrodescendente - contribui para ampliar igual esforço da empresa American Airlines, em função do conjunto do mercado norte-americano.


7 - Nossa ocupação hoteleira neste mês de dezembro saiu de uma média de 65% para 90% e, sem dúvidas, o novo vôo Miami-Salvador tem sua parcela nesse aumento significativo, até por que a alteração do câmbio, revalorizando o dólar, tornou o produto Bahia mais acessível.


8 - Evidentemente temos muitos passos a dar para obter pleno êxito em nossa investida no mercado norte-americano, inclusive e especialmente em conseguir uma mudança na equivocada posição do Governo brasileiro de exigir vista antecipada nos passaportes de nortes-americanos que desejam vir ao Brasil. Mas com certeza não nos cabe o epíteto vulgar de "conversa fiada" e "propaganda enganosa".


9 - Por fim, lamentamos que sua visão da comunidade negra norte-americana ainda esteja presa no passado, onde a comunidade afro-americana se restringia aos "negros motoristas, camelôs, atendentes de lojas, faxineiros, porteiros de prédios e garagens, embora, também já ocupem posições nas universidades, na advocacia e no mundo empresarial, mais vinculado às artes e aos esportes."


Atenciosamente,


Billy Arquimimo

Coordenador do Programa de

Turismo Étnico da Secretaria de Turismo

Comentário do redator:

Está aí as explicações de Billy Arquimimo sobre o esforço louvável do governo do Estado sobre o turismo étnico. No artigo, disse apenas que, por ora, o fluxo de turistas norte-americanos pela AA não está acontecendo como tem sido divulgado. No dia 27, de Salvador para Miami só embarcaram baianos e dois ou três norte-americanos. E, dia 5, no retorno, Miami-Salvador só desembarcaram 6 turistas e nenhum deles afrodescente.

Louve-se, portanto, a iniciativa da Setur no reconhecimento de que o programa só está começando e espera-se que vingue, dê certo.

Quanto a minha visão da comunidade negra norte-americana "presa ao passado" como diz Billy não condiz com a realidade, até porque, no artigo, cito os negros em posições de destaque na advocacia, nos esportes, nas universidades. Agora, no geral, os negros continuam ocupando as posições inferiores no mercado de trabalho.

Tasso Franco