Turismo

BAIANA DO ACARAJÉ "RODA A BAIANA", REZA E SAMBA NO PÉ NO PELÔ E NA SÉ

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| 25/11/2008 às 18:14
Na missa, baianas oram na Igreja de N.S. do Rosário dos Pretos (Foto/Rita Barreto)
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"A baiana do acarajé é um canal de religiosidadOe para o povo da Bahia e do Mundo". A declaração do padre Gabriel Santos, da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Pelourinho, foi feita nesta terça-feira (25) na missa que celebrou o Dia da Baiana do Acarajé.

O religioso destacou a importância da baiana como símbolo de resistência do povo negro e baiano e destacou que "ser baiana é muito mais que preparar e vender acarajé, abará, bolinho de estudantes e quitutes, é também apresentar e oferecer o invisível: o amor, a fraternidade, a paz e a luta".


Numa cerimônia marcada pelo sincretismo, mais de duzentas baianas, de todas as idades, vestidas com seus trajes de festa, cantaram e dançaram, ao som de tambores, hinos religiosos, de protesto e agradecimento a Deus.

A festa, segundo o pároco, abre o ciclo de cerimônias religiosas que precedem o Carnaval e foi acompanhada por baianos e turistas que durante a cerimônia bateram muitas palmas em homenagem às baianas presentes. Para o secretário de Turismo do Estado da Bahia, Domingos Leonelli, "A baiana é a face mais conhecida da Bahia no Brasil e no Mundo, um símbolo do turismo baiano".


A vice-presidente da Associação das Baianas de Acarajé e Mingau (Abam), Rita Santos, considera a baiana como símbolo do País. "Quando você viaja para fora, o nome do Brasil vem com uma baiana embaixo", destaca. A baiana acredita que o reconhecimento da profissão foi um avanço para as baianas de acarajé, que hoje podem se aposentar por sua atividade e não como cozinheiras, como no passado. "Meu passaporte tem como profissão baiana de acarajé", orgulha-se.


Gregório do Acarajé, que há 18 anos atua na profissão, tem orgulho de ser filho de Chica do Acarajé, que criou nove filhos fazendo e vendendo acarajé. "Ela criou meus irmãos e hoje estou criando meus filhos", afirma. Para ele, o acarajé tem uma ligação forte com as raízes do candomblé e da religiosidade africana, o que deixa a festa do dia da baiana ainda mais bonita. Sebastiana Maria Pereira dos Santos, baiana, aproveitou o dia para agradecer a Deus e para compartilhar sua felicidade com amigos e parentes. "Pra mim é um dia maravilhoso, mas é como outro qualquer, porque ser baiana é sempre importante", assegura.


Visão de fora


Turistas brasileiros e de diversos países prestigiaram a missa em homenagem às baianas. A argentina Eugênia Arano, que visita a Bahia pela segunda vez, passava pelo Pelourinho e acabou assistindo a toda a missa. "É indescritível o que estou sentindo. É uma das festas mais lindas que presenciei", disse. A carioca Ana Gabriela Salcedo Teixeira Mendes, de férias em Salvador, viu pela primeira vez a festa das baianas e ficou emocionada. "É uma festa bonita que dá uma emoção grande de ver que a religião aqui é levada a sério e respeitada", afirmou.  


Marisa Godói, de Vitória, no ES, visita há dez anos a Bahia e sempre prestigia a missa das baianas. "É lindo e passa uma energia positiva para a gente". As irmãs Sélia Maria da Luz, 60, e Alcemira da Luz Santos, 66, vieram de São Paulo para conhecer a Bahia e já estão há trinta dias no Estado. Elas têm aproveitado para conhecer as tradições que têm origem e influência africana e prometem que estarão em Salvador no próximo ano, para celebrar o dia da baiana.
 
O italiano Élio Lázaro, que vive há seis anos no Brasil e há dois na Bahia, diz que se reaproximou da religião graças ao sincretismo baiano. "Fui criado católico, mas questionava os ritos. Aqui passei a ir às missas mais relaxado e a admirar as cerimônias", garante.