Para ele, o "sonho americano" de Zuckerberg, ao criar o Facebook, pode se tornar um "pesadelo de privacidade" para americanos.
Nara Franco , Rio de Janeiro |
10/04/2018 às 20:26
Zuckerberg, ao criar o Facebook, pode se tornar um "pesadelo de privacidade" para americanos.
Foto: DIV
O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, prestou esclarecimentos a senadores americanos sobre o escândalo do uso inadvertido dos dados de 87 milhões de usuários pela consultoria política Cambridge Analytica e as formas como a rede social protege a privacidade em sua plataforma.
A audiência conjunta é realizada entre os comitês de Justiça e do Comércio, Ciência e Transportes, ambas do Senado dos EUA. Na quarta, será a vez da Câmara dos Deputados. Lá Zuckerberg falará diante do Comitê de Energia e Comércio.
"Nós temos a responsabilidade de não apenas construir ferramentas, mas assegurar que elas sejam usadas para o bem", afirmou Zuckerberg.
Em seu discurso de abertura, o CEO do Facebook afirmou que os dados coletados pelo desenvolvedor do teste que gerou todo o escândalo foram vendidos pela Cambridge Analytica. Essa é a primeira vez que a rede social admite ou assume isso.
“Estamos aqui por uma quebra de confiança", afirmou o senador John Thune, presidente da comissão de Comércio, Ciência e Transportes, em seus comentários iniciais. “Uma das razões para tantas pessoas estarem preocupadas com isso é porque isso diz sobre como o Facebook trabalha.”
Para ele, o "sonho americano" de Zuckerberg, ao criar o Facebook, pode se tornar um "pesadelo de privacidade" para americanos.
Zuckerberg afirmou que a Cambridge Analytica não foi banida em 2015, quando o Facebook soube que a empresa britânica tinha dados de seus usuários, porque a consultoria política não usava nenhum dos serviços da rede social. "Não tínhamos do que bani-los."
Ele disse também que, quando soube que a Cambridge Analytica não havia deletado os dados de 87 milhões de usuários anos atrás, o Facebook não notificou os afetados porque "nós consideramos isso um caso encerrado". E ainda respondeu que nenhuma pessoa da empresa foi processada devido ao escândalo.
Zuckerberg foi questionado diversas vezes sobre regulamentação de empresas de internet e assumiu uma mudança de postura ao admitir a "regulamentação certa". No passado, a rede social refutou iniciativas de regular o setor e de assumir responsabilidade pelo conteúdo postado na rede.
O líder do Facebook disse que a rede sociais poderia, inclusive, contribuir com algumas ideias sobre regulamentação.
Ele também foi questionado se apoiaria uma regra que exigiria que as empresas notifiquem os usuários sobre um vazamento de dados em até 72 horas. "Faz sentido pra mim", respondeu Zuckerberg.
Zuckerberg comentou a tentativa de exploração do Facebook por agentes externos para desestabilizar eleições, como o que agências russas fizeram durante a corrida presidencial dos Estados Unidos em 2016.
"Isso é uma corrida armamentista", afirmou Zuckerberg. Para tentar coibir a prática, a rede social está reforçando sua equipe. Hoje, são 15 mil pessoas trabalhando no time de segurança e espera ter 20 mil até o fim de 2018.