Tecnologia

Bahia analisa instalar biofábrica de sisal em Cruz das Almas

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| 02/06/2012 às 09:13
A Bahia terá em breve a primeira biofábrica de sisal do Brasil, que
vai funcionar em Cruz das Almas, numa parceria entre a Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) e a Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia (UFRB). O projeto de engenharia está em fase de
elaboração e as obras devem começar dentro de seis meses.

Um importante passo para a implantação da biofábrica será a vinda para
a Bahia, em julho, de dois especialistas mexicanos para conhecer o
local e dar orientações sobre como efetivar, pela primeira vez no
Brasil, um sistema de micropropagação por cultura de tecidos de
plantas do gênero Agave, que inclui a Agave-Sisalana (sisal), o
híbrido 11648 (planta resistente à podridão vermelha, principal doença
do sisal) e a Agave-tequilana, que por ser rica em açúcar (frutose)
permite a produção de destilados, como a tequila mexicana, bioetanol,
xaropes e o fitoterápico inulina.

O pesquisador Neftali Uchoa Alejo e o professor da Universidade
Autônoma de Ganajuato Rafael Ramírez Malagón virão para a Bahia
conhecer de perto nossa realidade e ajudar na transferência de
tecnologia. Será uma retribuição da visita que técnicos da SECTI
fizeram ao México em abril deste ano para conhecer as pesquisas
realizadas pelas universidades que trabalham com a Agave e fechar
parcerias. Na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), a
pesquisadora e Pró-Reitora de Pesquisa e Pós Graduação, Ana Cristina
Fermino vai estar liderando o projeto.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Paulo Câmera, destaca
que já está sendo feito, em parceria com a UFRB, um estudo com imagens
de satélite para fazer um zoneamento agroecológico da região sisaleira
e do semi-árido baiano. "O objetivo é identificar em que condições de
solo e clima poderemos montar os campos experimentais para introduzir
as diversas espécies de Agave", diz o secretário.

Câmera lembra que enquanto no México a pesquisa é feita em escala de
laboratório, na Bahia a biofábrica vai produzir mudas em quantidade
para fornecer aos produtores. "A intenção é produzir 1 milhões de
mudas por ano quando a unidade estiver em pleno funcionamento",
ressalta o secretário.

Além de mudas melhoradas para a região sisaleira, a biofábrica
produzirá espécies que servirão para produção de bioetanol, bebidas
destiladas e produtos farmacêuticos, a exemplo de shampoos anticaspa,
pomadas para candidíase e outros fitoterápicos. "A tecnologia de
micropropagação que será desenvolvida na biofábrica vai permitir a
diversificação de espécies e a introdução de plantas melhoradas para a
cultura do sisal", garante o secretário.