Tecnologia

SISAL BAIANO PODE SER USADO EM XAMPU ANTICASPA E CREME PARA PELE

| 27/01/2012 às 01:30
Paulo Câmera e Eduardo Salles visitaram a região do sisal
Foto: Divulgação
Sisal como xampu anticaspa, fungicida, contra doenças de pele ou na ração animal? Para quem se acostumou a ver a fibra vegetal apenas em cordas e tapetes pode parecer estranho, mas a transformação está prestes a acontecer.

A Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) está desenvolvendo projeto em parceria com outras instituições para reestruturar toda a cadeia produtiva do sisal e entre as ações, além do maior aproveitamento da planta, está o uso de máquinas mais seguras e eficientes para os produtores.

Os secretários estaduais Paulo Câmera (Ciência, Tecnologia e Inovação) e Eduardo Salles (Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária) visitaram os municípios de Conceição do Coité, Santa Luz e Valente, na região sisaleira, para conhecer equipamentos e avaliar os que melhor se adaptam à iniciativa.

Estiveram acompanhados de técnicos das duas pastas, da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do Senai/Cimatec, instituições parceiras no programa junto com a Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) e Embrapa/CNPA.

Câmera destacou a importância da união entre as secretarias para fortalecer o trabalho desenvolvido. Segundo ele, a visita vai contribuir para estabelecer um modelo de produção que possa não só aumentar o volume hoje processado, mas desenvolver novos usos para a fibra. “Já temos tecnologia para essa transformação”, garante.

Pesquisas promissoras

O Brasil é o maior produtor de sisal no mundo, com um volume estimado em 119 mil toneladas por ano. O produto garante o sustento de aproximadamente 700 mil pessoas em 75 municípios baianos, responsáveis por 95% da produção brasileira.

A fibra crua é obtida por desfibramento a seco, usando máquinas itinerantes operadas por motor. O resíduo da operação contém suco, mucilagem e bucha de campo, enquanto a fibra acabada representa somente 4% do peso da folha original, ficando a sobra no local do cultivo.

Visando aproveitar melhor esse rejeito, a Secti encomendou um estudo para a Embrapa e Unesp, que comprovaram a eficácia de novos usos de produtos de sisal em aplicações agrícolas, veterinárias e farmacêuticas. As pesquisas indicaram usos potenciais do suco como fungicida, inseticida, carrapaticida e antioxidante para alimentos e cosméticos.

Os pesquisadores encontraram também excelentes possibilidades na aplicação em xampu para caspa, doença de pele e creme para candidíase e verificam a ação do líquido contra os ácaros das frutas cítricas. A fibra, por sua vez, pode ser usada nos automóveis, eletroeletrônicos, móveis e construção civil, além de servir para ração animal e produção de etanol.