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A rejeição da opinião pública global ao uso de energia atômica
aumentou após o acidente com a usina nuclear de Fukushima, no Japão,
segundo indica pesquisa encomendada pela BBC.
Na média geral entre os 12 países que já têm usinas nucleares
ativas - Brasil incluído -, 69% dos entrevistados rejeitam a
construção de novas usinas, enquanto 22% defendem novas estações.
No Brasil, 79% dos entrevistados dizem se opor à construção de
novas usinas.
Esses 79% incluem pessoas que acham que o Brasil deve usar as usinas
nucleares que já tem, mas não construir estações novas (44%), e
pessoas que acham que, como a energia atômica é perigosa, todas as
usinas nucleares operantes devem ser fechadas o mais rápido
possível.
Apenas 16% dos entrevistados brasileiros acham que a energia nuclear
é relativamente segura e uma importante fonte de eletricidade e que,
portanto, novas usinas devem ser construídas.
A pesquisa, em 23 países, indica que após o acidente de Fukushima,
em março, aumentou a oposição à energia nuclear, tanto em países
que a promovem ativamente, como Rússia e França, como em países que
ainda planejam a construção de usinas.
Em comparação com resultados de 2005, o levantamento 'sugere que
houve um elevado aumento na oposição à energia nuclear' em parte
dos países, enquanto cresce a defesa da economia de energia e o uso
de fontes renováveis em vez da energia nuclear.
Rejeição e apoio
As maiores rejeições à ampliação do uso da energia atômica são
observadas na França, no Japão, no Brasil, na Alemanha, no México e
na Rússia.
Em contrapartida, em países como China, Estados Unidos e
Grã-Bretanha, ainda é representativa a quantidade de pessoas que
consideram a energia nuclear segura - 42%, 39% e 37%, respectivamente.
'A falta de impacto que o desastre nuclear de Fukushima teve na
opinião pública nos EUA e na Grã-Bretanha é digna de nota e
contrasta com a crescente oposição às usinas nucleares novas na
maioria dos países que acompanhamos desde 2005', declarou o
presidente da empresa de pesquisas GlobeScan, Doug Miller.
'O maior impacto foi observado na Alemanha, onde a nova política do
governo (de Angela) Merkel, de fechar todas as estações de energia
nuclear, é apoiada por 52% dos entrevistados', disse.
A visão alemã reflete a opinião pública do resto da Europa,
continente em que 'a maioria dos países pesquisados tem uma visão
negativa com relação ao uso de energia atômica para gerar
eletricidade'.
Realizado pela GlobeScan a pedido da BBC, o levantamento ouviu 23,2
mil pessoas em 23 países (12 deles já operando usinas nucleares),
entre junho e setembro. A margem de erro é de 3,1 a 4,4 pontos
percentuais.
Este foi o primeiro ano em que o Brasil participou da pesquisa.
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