Tecnologia

FEIRA DIGITAL MUDA CULTURA SERVIÇOS MUNICÍPIO EM PRIMEIRA MÃO NA BAHIA

Matéria Especial
| 03/09/2009 às 09:24
Alvarion, com tecnologia israelense, sendo instalado nos bairros na rede do Feira Digital
Foto: ACM
        Seja bem vindo ao Feira Digital. Passava das 13 horas dessa quarta-feira, 2, quando um empresário do ramo de materiais de construção tirava dúvidas com sua matriz, em São Paulo, sobre preços de fechaduras inox utilizando um computador laptop no centro da cidade, área pública na Avenida Getúlio Vargas conhecida como Praça da Alimentação. Ali mesmo anotou o que queria, almoçou e fechou negócios com uma casa revendedora situada na cidade de Santo Antonio de Jesus.

        
       Isso só foi possível numa área pública porque ele estava em Feira de Santana, município que implantou e expande um programa tecnológico digital de ponta ancorado no Alvarion, de matriz israelense, com investimentos em recursos próprios da Prefeitura da ordem inicial de R$2 milhões 500 mil reais. Hoje, além da Praça da Alimentação, o Alvarion opera no Jomafa, Feira 10 e Rua Nova, além de monitorar 8 escolas públicas, 3 unidades de saúde 24 horas (Policlínicas) e mais duas unidades de saúde normais.

           
       Parece pouco. Mas, não é. O Feira 10 é um conjunto habitacional com 35 mil habitantes e uma policlínica atua 24 horas até com serviços de emergência. O Alvarion permite que a Secretaria de Saúde local monitore a vida de cada paciente, seu prontuário de marcação de consultas e outros, fim de filas, e uma série de procedimentos gerando ganhos para todos: o sistema SUS, profissionais de Saúde, Prefeitura e pacientes.

       
      ABRANGÊNCIA

      O mais importante é que todos esses serviços de uso da internet são gratuitos. O projeto Feira Digital, comenta o prefeito Tarcízio Pimenta, tem a ambição de "iluminar" (termo técnico que representa ter torres ou pontos de acesso à banda larga) todo município, a sede e os distritos, num raio de 45 km, monitor 214 escolas, 127 postos de saúde, instalar a intranet na gestão municipal em bibliotecas, Parque da Cidade, secretarias, sede da Prefeitura e vias públicas.

           
      "Favorecerá as mais variadas aplicações no aprimoramento e economia no funcionamento da máquina administrativa, monitoramento de segurança pública, inserção digital nas escolas, emprego de mais tecnologia, agilidade e eficiência no atendimento na rede pública de saúde e organização do transporte público" comenta o prefeito situando que o cidadão terá acesso a uma gama de ferramentas, via a internet gratuita, que resultará em soluções para uma série de demandas.


      "Por exemplo, os pais poderão acompanhar a vida escolar dos filhos; alguns exames médicos poderão ser feitos e os resultados também obtidos via internet; Os usuários poderão monitorar a circulação dos ônibus que eles utilizam; enfim, há uma infinidade de benefícios que serão obtidos ao longo do tempo de funcionamento da Cidade Digital", diz Tarcízio.


         Por enquanto, todo o projeto vem sendo implantado com recursos próprios da prefeitura de Feira de Santana. Entretanto, esta semana já foi publicado um edital do governo municipal abrindo a possibilidade de parcerias com a iniciativa privada, pois há empresas cujos produtos e serviços têm a internet como um veículo fundamental seu desenvolvimento.              

           
        É claro que a Prefeitura de Feira, sozinha, não tem recursos para assumir e executar essa empreitada sozinha e vai ter que buscar parceiros nos governos do Estado e Federal, e na iniciativa privada. O importante - comenta Tarcízio - é que "o passo inicial já foi dado e está operando satisfatoriamente, de forma pioneira na Bahia". O prefeito diz que, agora, a população de determinadas áreas da cidade além de reivindicares os pontos essenciais à sua melhoria de vida (saúde, educação, transportes, etc) já está pedindo a internet.

           
         MUDANÇA DE CULTURA

      É um giro de 180º graus na gestão e nas relações entre a Prefeitura e os cidadãos e também no movimento de administração propriamente dita. Exemplo: a Prefeitura de Feira de Santana gasta ao ano algo em torno de R$2 milhões e 600 mil de tarifas telefônicas. Quando o sistema Alvarion intranet estiver operando na planta de todas as secretarias e órgãos muncipais, os servidores usarão o voice e haverá uma redução na conta de telefones da ordem de 70%. Ou seja, Feira vai passar a pagar apenas R$780 mil ano.


        Comenta Augusto César Orrico, presidente da Fundação Egberto Costa, que implanta o Alvarion:  "Esse é apenas um dos benefícios que posso listar. A tarifa normal de telefone varia entre R$0,80 a R$1 real o minuto. No voice R$0,08. Podemos monitor as impressões de documentos nas secretarias numa única impressora de computador e manter as relações intranet sem uso do papel. Isso vai gerar uma economia estupenda visto o gasto em tonner e papéis".


      Para Orrico, o Alvarion é capaz de monitor o trânsito, aplicar multas em motoristas que usam pneus carecas, identificar veículos roubados, promover salas de conferências, permitir aulas técnicas e até cirurgias para o alunado de medicina, numa gama de atribuições, um pacote fantástico de serviços às pessoas sem a necessidade de deslocamentos e outros transtornos.


      INCLUSÃO SOCIAL


       Um exemplo do poder do Alvarion será sua disseminação nos distritos de Maria Quitéria, Jaguara, Bonfim de Feira, Olhos d'Água da Moça, Tiquaruçu e Humildes, alguns dos quais não têm sistemas on-lines e as pessoas necessitam se deslocar até a sede de Feira para fazer transações bancárias, retirar documentos e utilizar agências bancárias.


        Como Alvarion, revela Orrico, tudo isso será possível sem que as pessoas necessitem sair dessas localidades, além do que, com a rede as casas comerciais e residenciais poderão fazer uso da internet e implantar sistemas comerciais e outros. Além de uso pelos produtores do agronegócio. Na ExpoFeira a Prefeitura vai instalar uma plantar capaz de atender a todos aqueles que desejam usar a internet, gratuitamente.