O evento de Lançamento do "Olha aí o Pelô" ocorrido ontem à noite, dia 7 de julho, às 19h, na Casa 12 - sede do Pelourinho Cultural foi marcado pela emoção e o desabafo de alguns moradores antigos do Pelô, pais de alunos e educadores do projeto, que agradeceram, durante o evento, ao Programa Pelourinho Cultural por ter acolhido o Pelourinho Digital em sua sede, para a realização das aulas.

A Secretaria de Cultura do Estado - Secult, através do Programa Pelourinho Cultural (Ipac), a Oi Kabum! e a ONG Cipó, vêm incentivando a participação da comunidade local do Centro Histórico, em projetos e ações do Pelourinho, com o objetivo de resgatar a cidadania dos moradores locais e promover um novo olhar sobre.

Além dos alunos e seu familiares, também marcou presença no evento, representantes da comunidade,  o secretário da Cultura Márcio Meirelles, o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça, a diretora do Programa Pelourinho Cultural, Ivanna Soutto, a diretora do Escritório de Referência do Centro Histórico, Beatriz Lima, além de representantes das ONGs Cipó - Comunicação Interativa e da Oi Kabum! - programa do Oi Futuro.

Olha aí o Pelô 

A mostra de fotografia, que continuará em exposição aberta ao público na sede do Pelourinho até o dia 14 de julho, traz entre os personagens "clicados" pelos jovens e promissores fotógrafos, cidadãos anônimos, figuras conhecidas dos baianos como o poeta e andarilho Jayme Fygura, e ainda cenas do cotidiano do Centro Histórico.

Uma das alunas do projeto, Ednaira Mendes, 18, conta orgulhosa como foi o processo de aprendizagem no grupo. "Fiquei sabendo do projeto por uma tia que viu o cartaz e eu me inscrevi. Tive aulas teóricas e práticas de fotografia. Estou muito feliz com o resultado do trabalho. Minha família está toda aqui na exposição", brinca a garota que teve sua foto divulgada no convite do evento e expôs duas fotos ampliadas na mostra. 

Outro expositor era Pedro Sepúlveda, de 17 anos, que também teve o prazer de ver uma foto sua - tirada na Festa de Santa bárbara -, incluída na mostra "Olha aí o Pelô". Para ele, o Pelourinho Digital abriu portas, trouxe novas oportunidades para sua vida. "Estou agarrando esta chance com unhas e dentes, agora que está dando certo quero seguir carreira como fotógrafo ou designer", revela Pedro.

Rita Carneiro, uma das educadoras do projeto, afirma que está amplamente realizada. "Estávamos todos muito ansiosos. Nós, professores, sabemos bem a realidade desses meninos, o quanto tudo é difícil para eles. Segundo Rita, os três produtos gerados pelo projeto (site, revista e mostra de fotografia) concluem uma etapa e se comunicam entre si. "Orientamos todos os alunos a fazerem um mapeamento sócio-cultural do Pelourinho, mas sob o olhar particular cada um", explica. "Agora pretendemos lançar uma turma avançada, para absorver os que pretendem seguir a diante. É como passar de ano", brinca a educadora.

Isabel Gouveia, coordenadora do Pelourinho Digital, afirma que o objetivo do projeto "Olha aí o Pelô" é "revelar as pessoas que vivem no Centro Histórico, seu cotidiano e o trabalho deles".

Nova edição do Pelourinho Digital 

Coube à diretora do Pelourinho Cultural, Ivanna Soutto, dar a boa notícia que "através de esforços do Escritório de Referência do Centro Histórico, apoiado por ações da Secretaria de Cultura do Estado, o projeto terá continuidade". Ivanna ainda afirmou, que há a possibilidade de no final dessa nova etapa haver a realização de uma terceira edição. A afirmação caiu como benção e a diretora recebeu fortes aplausos e manifestações de aprovação de todos os presentes.

O secretário Márcio Meireles também discursou no evento. "Eu gosto muito do nome ‘Olha aí o Pelô'. Mostra o que a gente vem construindo aqui: esse novo olhar sobre o Pelourinho, junto com a comunidade local e todas as instâncias do governo e os seus atores envolvidos", afirmou.

O fundador do Bando de Teatro Olodum, falou da importância da participação dos moradores na reconstrução do Centro Histórico e garantiu que o projeto de reforma urbanística já está pronto, esperando apenas o edital para realizar as obras. "Quero ver o Pelourinho através desse novo olhar. Esse projeto tem que avançar. A digitalização do Pelô com a implantação da rede wireless também. Temos que sair do fantasma da escravatura do século XIX, e entrar de vez no século XXI, num novo momento", falou emocionado o secretário, após receber das mãos de uma das alunas um exemplar da revista ‘Olha aí o Pelô'.