Tecnologia

FALTA MÃO-DE-OBRA QUALIFICADA NO PAÍS PARA ATENDER INDÚSTRIA

É lamentável, mas é a realidade
| 29/02/2008 às 16:28
  A mão-de-obra dos trabalhadores da indústria brasileira é comparável, em termos qualitativos, à de países desenvolvidos como Estados Unidos e Alemanha. Por outro lado, o país apresenta forte escassez de mão-de-obra qualificada.

  Isso pode ser um fator determinante para que as multinacionais estrangeiras instaladas no Brasil optem por transferir ou criar centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em outros países considerados emergentes, como Índia e China.

   Essa é uma das conclusões do projeto Políticas de desenvolvimento de atividades tecnológicas em filiais brasileiras de multinacionais, coordenado pelo Departamento de Política Científica e Tecnológica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com participação de um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo e da Universidade Estadual Paulista.

Atratividade
do Brasil


   O objetivo do trabalho foi identificar os principais entraves à atração de filiais de empresas multinacionais ao Brasil, principalmente no que diz respeito à realização de atividades de P&D em território nacional.

   Durante dois anos os pesquisadores entrevistaram, em duas etapas, representantes de dezenas de filiais de multinacionais instaladas no Brasil. Em um primeiro momento foram consultadas 88 empresas, por meio de um questionário respondido de forma online por seus presidentes.

   Dessas companhias, 81,7% consideram que a escassez de mão-de-obra qualificada será um fator crítico nos próximos cinco anos no que diz respeito aos investimentos futuros em P&D no país.

   Na segunda etapa da pesquisa, em que foram entrevistados presencialmente dirigentes de 47 companhias, 58,7% destacaram o problema da escassez em quantidade de profissionais qualificados. Já a falta de mão-de-obra em qualidade foi apontada por 34,8% das empresas.

Falta de mão-de-obra
qualificada


"De acordo com os dirigentes falta mão-de-obra qualificada no país", disse Flávia Consoni, pesquisadora do Departamento de Sociologia da USP e do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp que coordenou as entrevistas presenciais, à Agência FAPESP.

A maioria desses dirigentes elogiou a qualidade da mão-de-obra brasileira, principalmente no seu custo-benefício. "No entanto, ainda que essa qualidade tenha sido constantemente mencionada e relacionada ao ensino das universidades brasileiras, tanto as públicas como algumas particulares, existem outros limitantes importantes além da falta de bons profissionais.