Pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo os projetos
Pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo uma nova borracha que poderá revolucionar a reciclagem de pneus. Fabricada com técnicas da nanotecnologia, a nova borracha é feita de látex e argila, adquirindo uma elasticidade que pode ser controlada livremente, de acordo com as necessidades.
borracha natural tem propriedades que até hoje não puderam ser imitadas em laboratório. Por isso, um grupo de pesquisadores da Unicamp tem se dedicado a entender as partículas formadoras e as propriedades do material natural.
"O que estamos mostrando é que a borracha por si só é um nanocomposto natural. Eu atribuo as singularidades de suas propriedades a essa característica", diz o professor Fernando Galembeck.
Além da borracha propriamente dita - as cadeias poliméricas, - a borracha natural contém uma significativa quantidade de material nanoparticulado, partículas muito pequenas que contribuem para sua coesão.
Essas nanopartículas ficam distribuídas de maneira aleatória, dando à borracha suas características únicas de elasticidade, resistência à tração e capacidade de amortecimento.
Quando estudaram esse material, os cientistas da Unicamp descobriram que é possível se inspirar nesse processo natural para criar elastômeros termoplásticos - borrachas que se tornam plásticas quando aquecidas - com propriedades muito próximas às da borracha natural e tão eficientes quanto o material hoje utilizado para fabricar pneus.
Vulcanização de pneus Hoje, os pneus são produzidos por um processo chamado vulcanização. "Vulcanizar significa que as cadeias poliméricas estão ligadas por ligações covalentes - elas estão presas umas às outras de maneira que não podem se separar. Mesmo esquentando, a borracha não amolece. O nanocompósito poderá resultar em um produto semelhante à borracha vulcanizada, mas sem precisar utilizar esse processo, que dificulta o reprocessamento do material", explicou Galembeck.
No novo processo, a argila é reduzida a minúsculas lâminas - um processo chamado esfoliação. Quando adicionadas ao polímero sintético, elas passam a funcionar como um reforço estrutural.
Pneus com borracha reciclável Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o número de pneus descartados em todo o mundo a cada ano supera 1 bilhão. E a origem dos problemas ecológicos gerados pelos pneus está justamente no fato de a borracha ser vulcanizada.
"A nossa expectativa é bastante ambiciosa. Temos o objetivo de, em última instância, conseguir a produção de borrachas reprocessáveis de alto desempenho, que poderão ser utilizadas para a fabricação de pneus", diz Galembeck.
Para isso, a argila é esfoliada, isto é, seus grãos são transformados em pequenas lâminas, que funcionam como um reforço estrutural, unindo-se fortemente à superfície do látex polimérico.
Com o aquecimento, a água presente no látex é eliminada, permitindo que as nanopartículas de argila se aproximem, dando à nova borracha a mesma resistência estrutural da borracha vulcanizada. Só que mantendo a possibilidade de reciclagem.