Colunistas / Política
Tasso Franco

WAGNER, NO PAPEL DE DOM PEDRO I, ABDICARIA AO TRONO EM FAVOR DE OTTO

O jornalista Tasso Franco comenta o disse-me-disse na chapa governista
25/02/2022 às 11:53
     Continuam as especulações em torno de uma possível mudança na pré-candidatura do senador Jaques Wagner, diga-se, a governador pelo PT, sem que o governador Rui Costa tenha-o apoiado publicamente, dando lugar ao senador Otto Alencar (PSD), de acordo com o desejo do ex-presidente Lula da Silva visando facilitar sua aliança nacional com este partido, abrindo a vaga ao Senado para que Rui Costa dispute a eleição e pacificando o vice-governador João Leão, o qual assumiria o governo a partir de abril próximo.

  Os rumores são crescentes e onde "há fumaça; tem fogo" como disse o presidente da Assembleia, Adolfo Menezes (PSD), do partido do senador Otto, porém, defensor da candidatura Wagner. Lá atrás, durante almoço com os jornalistas da área política, final do ano passado, Adolfo cravou com absoluta convicção que a chapa seria Jaques Wagner, a governador; Otto ao Senado e um pepista a vice-governador com Rui Costa ficando até o fim do mandato.

  Pelo que se observa ultimamente desde a reunião com Lula, em São Paulo, na última semana, a chapa da base seria Otto Alencar a governador; Rui Costa ao Senado; e um pepista para vice (fala-se em 3 nomes: Roberto Muniz, Nelson Leal, e/ou o capixaba Ronaldo Carletto; Leão assumindo interinamente o governo. 

  O tal anúncio que seria feito hoje foi adiado. A rigor, não havia essa data pré-estabelecida para dia 25 de fevereiro e isso foi criado pela imaginação da imprensa política, uma vez que, quem manda, o ex-presidente Lula da Silva, não se pronunciou oficialmente. Enquanto Lula não falar, nada pode ser levado em consideração, ainda que o PT estadual da Bahia continue tentando se articular nos bastidores para manter a pré-candidatura Wagner.

  Uma coisa parece certa nesse disse-não-disse: há um enfraquecimento da base governista, a priori, diante dessa fragilidade na composição da chapa, os aliados mais tradicionais do PT - PCdoB e PSB - a reboque do processo; e os partidos menos cotados sequer sendo levados em consideração.  

  Na história política nacional registra-se o episódio em que Pedro I decide abdicar do trono em 7 de abril de 1831, em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara. No bilhete de sua abdicação está escrito: “Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que, hei mui voluntariamente, abdicado na pessoa do meu muito amado e prezado filho". 

  Na política, a real, a abdicação se deu diante desdobramentos do exercício do Poder Moderador por D. Pedro, a rixa entre políticos conservadores e liberais, bem como a rivalidade entre brasileiros e portugueses que estavam radicalizados no Brasil, que culminaram na abdicação do imperador.

  Parece-nos, a grosso modo, o que está acontecendo com  Wagner e a rixa política na base; os petistas de raiz querendo impor Wagner; os petistas moderados e práticos (Lula e Rui) querendo Rui ao Senado; e os conservadores entregando o trono a Leão por um tempo e oferecendo ao seu partido o direito a manter o vice. (TF)