Aécio e Dilma chegam confiantes na vitória no domingo, 26
O último debate entre os dois candidatos a presidência da República na Rede Globo, o mais importante deles pela dimensão da audiência, revelou um Aécio Neves muito mais solto e despreendido do que no debate da Record. Diria que foi melhor do que a presidente Dilma Rousseff, a qual fez exposições pouco convincentes, algumas delas até confusas, e pecou por não ter sido mais ofensiva.
Quando isto aconteceu, quando falou da falta d'água em SP, saiu-se melhor e foi até espirituosa soltando uma frase de Simão, colunista de humor da Folha de SP.
Certamente Dilma foi orientada para não cometer erros e fazer um debate apenas com o objetivo de cumprir a tabela, de atravessar o Rubicão sem se molhar, sem perder o que já amealhou até aqui junto ao seu eleitorado cativo, ela que está à frente nas pesquisas Ibope e DataFolha.
Se assim foi planejado diria que não comprometeu, nem vai fazer com que, alguém que já votasse nela, deixasse de o fazê-lo. Mas, quanto aos indecisos (são 6% no país) dificilmente alguém que viu o debate vai optar por ela.
Nesse aspecto, Aécio levou a melhor e soube colocar a presidente candidata na defensiva o tempo todo, produziu boas frases de efeito, passou bem a ideia de que o Brasil está com a economia parada e se nivelando por baixo até mesmo na América Latina e mandou bem na proposta de discutir o futuro e não ficar olhando para o retrovisor como fez Dilma, que não desencarna o FHC como se os brasis atuais ainda se lembrassem do governo tucano, salvo do Plano Real.
A boa novidade do debate foi a participação dos indecisos, de pessoas de vários estados que fizeram perguntas que interessavam mais aos eleitores do que aos políticos. Salutar.
Veja que os indecisos perguntaram sobre problemas que afligem os brasileiros e que os candidatos nunca trataram como deveriam, como foram os casos dos aluguéis de imóveis, esgoto nas portas das casas, desemprego para as pessoas mais qualificadas, deficientes fisicos, qualidade da educação, aposentadoria e assim por diante.
Em debates anteriores e nas propagandas dos dois candidatos até parece que os aposentados, enorme parcela da população brasileira, não existem. Que não há esgotos e falta de saneamento em milhões de lares brasileiros e que a educação é tratada com tanto descaso. Felizmente, no debate, essas questões vieram à tona.
Dilma é muito confusa quando vai expor algum ponto de vista mesmo que seja de benefícios proporcionados pelo seu governo. Poderia ser mais didática com o Minha Casa Minha Vida, o Pronatec, o Prouni, mas, quando vai verbalizar isso não tem um raciocínio linear e que as pessoas possam melhor entender.
Já Aécio foi melhor nesse campo mesmo sem ter o que mostrar salvo o seu governo de MG. Aécio passou mais conhecimento, mais informação sobre alguns pontos criticos do governo, falou para o eleitor, elogiou e massageou o ego dos mineiros, e revelou, em sua parte mais contundente do debate que a corrupção no Brasil só acabará "quando tirar o PT do governo".
No final, nas considerações dos candidatos, Dilma deu azar em todos os confrontos por ser a primeira a expor, e foi a sua melhor performance ao citar "as mulheres, negros e jovens" e situar que, no seu governo em caso de reeleição, não há crise de pessimismo, por isso, "o Brasil não pode voltar atrás".
Aécio também saiu-se bem ao dizer que chegou ao final da campanha, mesmo com todas as infãmicas e mentiras propaladas por Dilma e o PT, "de pé, honrado" e que não é mais o candidato do PSDB e sim de um projeto de mudanças que teria tomado conta do país. Falou com os eleitores, destacou que travou o bom combate (chavão manjado, mas que o eleitor gosta) e que "jamais perdeu a fé" em ser o novo presidente do Brasil.
Pelo debate, Aécio sensibilizou mais os indecisos do que Dilma. Se isso vai adiantar alguma coisa não saberíamos dizer. Aí só o segredo das urnas, no domingo, poderá revelar.
O certo, no entanto, é que os dois candidatos chegam ao domingo fatal com esperança de vitória e deveremos presenciar a disputa presidencial mais apertada de toda história do Brasil pós 1984.