Colunistas / Política
Tasso Franco

VIOLÊNCIA se espalha pelo interior da Bahia num fenômeno sem controle

A população da Bahia está assustada
08/08/2014 às 13:29
 1. Até final do século passado, não saberia precisar o ano certo, quando os meios de comunicação mais expressivos de Salvador eram a TV e jornais, o noticiário que se difundia do interior da Bahia era sobre as festas religiosas, os aniversários das cidades, o agronegócio, turismo com locais paradisíacos para se passear e assim por diante. 

   2. O noticiário sobre a violência era esparso, ainda que existisse. Quando havia um crime de uma personalidade mais expressiva no interior era uma repercussão enorme. Havia municípios que sequer se registrava um homicídio ao ano. E, quando isso acontecia, era crime de honra ou por ciumeira.

   3. De uns tempos pra cá, e a partir desta década a situação ficou muito preocupante, o noticiário sobre a violência se tornou uma rotina e até assalto a banco, que era uma ação incomum, virou feijão com arroz. Toda semana os bandidos explodem caixas eletrônios na RMS e no interior, distante e próximo da capital. 

   4. Essa mudança de comportamento das pessoas, o banditismo se tornando rotineiro, tem assustado as comunidades do interior, numa escala que vai das grandes, às médias e às pequenas. Pra onde se olhe, a violência campeia.

   5. Vamos dar um exemplo: Feira de Santana, por ser entroncamento rodoviário, sempre foi tido como um lugar perigoso. Acima de Feira 60 km se inicia a região do Sisal que vai de Serrinha, a sede da região, até Monte Santo, com vários municípios e uma paz celestial se comparado com Feira. 

   6. Pois bem, agora, se igualaram. Em Serrinha, antigo local pacato, só este ano já foram 22 homicidios e em toda região mais de 60. Coité, que era lugar de paz, virou um inferno, no sentido figura.

   7. Explicar esse fenômeno, essa mudança de comportamento de uma população hoje com 14 milhões de habitantes é uma das coisas mais difíceis que se deparam as autoridades. O governador Wagner já disse que, se alguém souber o caminho das pedras para conter essa violência assustadora, pode bater na porta do palácio. 

   8. O governo revela que tem investido bastante nesse segmento, criou o Pacto pela Vida, instalou Bases Comunitárias da PM em algumas comunidades, tem conseguido alguns bons resultados, mas, a violência cresce a cada dia, na capital e no interior. 

   9. Ontem, uma senhora morreu na Silveira Martins, uma rua do Cabula, alvejada num fogo cruzado de tiros entre bandidos numa moto e a PM. Hoje, mais dois homens foram assassinados à luz do dia na Av San Martin.

   10. A situação chegou a tal ponto que rouba-se e furta-se tudo. Hoje, bandidos invadiram o Hospital Jorge Valente e assaltaram pacientes e a unidade hospitalar. Não escapa mais nada. 

   11. E o que é mais assustador, a violência chegou ao interior o que está impedindo que façamos uma viagem a Cachoeira num final de semana, como fazía-se com frequência; uma ida a Morro do Chapéu, um passeio ao Vale do Capão.

   12. Antes, quando a gente ia numa localidades dessas, perguntava-se pelas belezas naturais do local, a gastronomia, o clima e a qualidade da água. Hoje, a primeira pergunta é a seguinte: e a segurança? Tem policiamento? A pousada tem local para deixar o veiculo? 

   13. Lembro que íamos as festas juninas de Cachoeira, a feira do porto, e deixavamos os carros nas ruas, distante. Depois da festa, tarde da noite, pegamos os veiculos e voltamos para Salvador. Hoje, nem pensar numa situação dessas. 

    14. É isso. Tá assustador. Diz-se que, uma das questões cruciais é a pobreza. Mas, conheço 8 países da América Latina, alguns mais pobres do que o Brasil, e a situação é diferenciada para melhor. Não existe essa violência quase doméstica, rotineira, todo mundo vivendo quase enjaulado em suas casas.