MOVIMENTOS ESTUDANTIL E CULTURAL FORA DA CÂMARA DA CAPITAL
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03/06/2012 às 17:00
Foto: ARQUIVO
Revolta do Buzú, último grande movimento estudantil, 2003, não gerou lider politico
Na análise feita por nossa editoria de Politica sobre os candidatos a vereadores na capital, se depreende que, um segmento que outrora fora influente na vida política da cidade, o meio estudantil, donde sairam Lidice da Mata, Marcelo Cordeiro, Javier Alfaya, Alice Portugal, entre outros, perdeu densidade e praticamente desapareceu nesse cenário que se avizinha das eleições de outubro próximo.
Nem um cara-pintada, e olhe que esse movimento já dura mais de 10 anos desde a queda de Collor, e nenhum representante da "Revolta do Buzú", que aconteceu em 2003 no governo Imbassahy, se apresenta como competitivo nas eleições de outubro. O que teria acontecido? O movimento estudantil se apequenou, se alinhou com as forças dominantes no país há anos, especialmente a UNE que era a voz mais destacada, e deu no que deu.
O que se percebe é que esse espaço antes com influência no meio estudantil se deslocou para o meio sindical e para as lideranças comunitárias, de bairros, hoje, ao lado do assistencialismo médico e das indicações de segmentos religosos predominantes na disputa por vagas na Câmara de Vereadores, que é o degrau inicial natural para quem deseja chegar a Assembleia Legislativa, a Câmara Federal e a Prefeitura e ao governo da Bahia.
João Henrique é um exemplo pronto e acabado desse modelo: foi vereador, deputado estadual, é prefeito e pretende se candidatar a governador, em 2014. Lidice da Mata é outro exemplo: foi vereadora, deputada estadual, deputada federal constituinte, hoje, senadora, e pretendente ao governo do Estado, em 2014.
Dos jovens que se apresentam com maior competitividade para a Câmara, vê-se, pois, que quatro deles estão vinculados aos pais - Duda Sanches, filho do deputado Alan Sanches; Kiki Bispo, filho do vereador Everaldo Bispo; Gustavo Salles, filho do ex-vereador Silvoney Salles: e Jotinha, filho do deputado J. Carlos; e apenas dois deles se alicerçam nos movimentos comunitário, Nelson Fontes e Léo Prates.
Ninguém saiu do movimento estudantil. A Revolta do Buzú, que foi o último grande protesto na cidade, vai completar 10 anos, a garotada que naquela época tinha 14/15 anos e por aí um pouco mais, hoje, está com 24/25 e até 27 anos e não conseguiu gerar um líder. Tudo bem que esse foi uma "revolta" que saiu da base da base, sem o suporte de partidos políticos, e por aí ficou.
O surgimento de novas lideranças politicas em Salvador tem sido um drama. Para o advogado Ademir Ismerim, ex-militante político e hoje na área jurídico-eleitoral, a Legislação Eleitoral é muito restritiva, na atualidade, e impede que os futuros-candidatos façam quaisquer movimentos de divulgação (uma camiseta com nome, um lápis, um bingo, etc) que se caracteriza como ilegal.
Os beneficiários desse processo, hoje, predominantes na Câmara são os movimentos religiosos e os meios sindicais, diria que algo em torno de 70% dos 43 vereadores vão se enquadrar nesse espectro, ficando os 30% restantes com os profissionais liberais e os agentes comunitários. Uma surpresa do tipo Léo Krét acontece muito raramente e não creio que outro nome possa aparecer.
Outro aspecto interessante de ser ressaltado é que, embora Salvador seja uma cidade que pulse cultura, o meio cultural está praticamente fora da Câmara na disputa que se aproxima, ainda que alguns vereadores atuem com alguns projetos nessa direção. Mas, não existem produtores, artistas, gente de teatro e do cinema, da literatura, das artes visuais, da música, ninguém com competitividade para 2012, o que é lamentável.