Colunistas / Política
Tasso Franco

O papel dos sites e blogs durante a greve da PM

Pressão muito forte contra a liberdade de expressão
12/02/2012 às 20:08
1. Policiais Militares em final da greve exageraram nas suas afirmativas de que existe na Bahia, como um todo, uma imprensa "vendida" e "prostituta" engajada com interesses governamentais, ainda que, em parte, alguns veículos e comunicadores tenham interesses que não expressam a liberdade plena de expressão e os ditames da democracia, atuando mais como agentes governamentais do que como veiculos de comunicação independentes.

  2. Que houve forte pressão do governo do Estado junto aos veiculos isso representa um fato, a ponto de ser demitido um profissional da TV Aratu e ser exonerado, a pedido, o diretor comercial da TV Band. E foi público e notório que comunicadores de bem com a vida e não com respeito à profissão e a ética, anunciaram o fim da greve desde a última quinta feira, quando o movimento só se encerrou no sábado, à noite.

  3. Ademais, desde que o governador se disse surpreso com a dimensão do movimento e a Secom ficou à reboque do que acontecia, tateando aqui e acolá quando até as redes sociais deitavam e rolavam em críticas ao governo, Wagner frequentou o conhecido circuito Elizabhet Ardem da TV e do rádio baianos, em entrevistas pré-agendadas e amigas, muito parecidas umas com as outras, bem ao gosto do cliente e sem contestações dos comunicadores, salvo cenas já conhecidas dos tais em arroubos de enganação.

  4. Nada disso, no entanto, fez com que as críticas ao governo e aos PMs amotinados na Assembleia, fossem mais amenas por parte de segmentos da imprensa e diria que, alguns blogs e sites, na capital e no interior, tiveram um papel de significativa relevância para preservar à liberdade de expressão, não se submetendo à pressões governamentais; nem temendo caras feias de PMs em greve.

   5. Vive-se, hoje, no mundo globalizado onde a informação circula com muito mais amplitude e, na Bahia, ainda se tenta amaciar a imprensa com mimos, onde o web jornalismo responsável consegue sobreviver a esse bloqueio, e as redes sociais são indomáveis e prestaram um serviço enorme na última greve da PM, com opiniões que circularam livremente e eram impossíveis de serem contidas.

   6. Em episódios dessa natureza, ainda mais se tratando de policiais militares armados e revoltados, sempre sobram farpas à imprensa. Há, felizmente, muitos profissionais de imprensa na Bahia que não aceitam esse tipo de acusações; e muito menos, pressões de áreas governamentais que tentam impor verdades acima dos fatos reais, palpáveis, e que foram colocados na midia de forma muito transparente e contribuiram, e, muito, para que a realidade fosse mostrada à sociedade baiana. 

   7. Foi uma greve de perdedores. Todos sairam perdendo: governo, governador, PM, policiais, assembleia, politicos, população. E, lamentavelmente, tenta-se colocar nesse rol dos insensatos a imprensa baiana que, todos nós sabemos os militantes dessa profissão, têm veículos fragéis, submissos, acovardados, mas também existem veículos compromissados com a democracia e profissionais que respeitam a ética, não são vendilhões do templo e resguardam a liberdade de expressão como dogma sagrado.
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