Foto: Manu Dias

A Arena Fonte Nova é a única obra em andamento para Copa 2014, até agora

   Muito tem se falado sobre a Copa do Mundo em Salvador, em 2014, obras e mais obras, investimentos bilionários, mobilidade urbana e coisas mais, porém, até agora, a única obra que está em andamento é a Arena Fonte Nova captaneada pelo Consórcio Odebrecht/OAS com recursos da ordem de R$560 milhões que foram destinados ainda no governo do presidente Lula, no bojo dos R$6 bilhões para os estados.

  Esses recursos foram tomados pelo governo da Bahia, com autorização da Assembleia Legislativa, e repassados (o empréstimo) ao consórcio com os mesmos juros conferidos ao Estado.

  Mas, ao que se anunciou a obra total da Arena Fonte Nova passa de R$1 bilhão e, como é notório, o Consórcio Odebrecth/OAS, cujo maior negócio é construir e não administrar arenas, lá adiante vai ter que conseguir mais recursos do BNDES ou de outra fonte governamental, para completar a empreitada.
 
  No mais, não existe nenhum outra obra em andamento. Relacionar o complexo de viadutos da Rótula do Abacaxi nesse contexto não vem ao caso porque aquele é um problema que se arrasta há anos, e foi concebido antes de se falar na Copa. A Via Portuária vem desde o governo Imbassahy, embora, o atual projeto tenha outra dimensão.

  Os outros projetos em andamento (mas ainda não em obras) são o Bus Rapid, um sistema obsoleto de transporte de ônibus importado de um país do terceiro mundo, já apalavrado pelo governador Wagner; a ampliação do Aeroporto Internacional Luis Eduardo Magalhães (só agora visto o projeto pelo secretário Otto Alencar); e uma requalificação da rede hoteleira da capital (o BNB teria reservado R$300 milhões) considerada velha e sem perspectivas de novos estabelecimentos, salvo o Hilton que se arrasta há mais de 10 anos e só tem o tapume. No Rio estão sendo construidos 12 hotéis novos.

  Quanto ao Bus Rapid que o secretário de Desenvolvimento Urbano, Cícero Monteiro, disse em A Tarde, hoje, não ter ainda certeza, ao que se sabe o projeto executivo que deveria ter começado em agosto de 2010, recentemente começou a ser tocado, o que significa que alguém deu ordem para tal.

  O que também se sabe, e isso vem desde a época de Walter Pinheiro na Seplan, é que os técnicos do governo queriam o VLT (Pinheiro inclusive foi a Portugal conhecer o projeto e avalizou) e esboçaram um pré-projeto usando o canteiro central da Av Luiz Vianna, a Paralela. 

   O lobby dos empresários de ônibus que bancaram o projeto do Bus Rapid para o Masterplan da Prefeitura falou mais alto e decidiu-se, pelo menos isso foi Wagner quem falou, pelo sistema por ônibus.

  As cidades mais modernas do mundo (Tóquio, Londres, NY, Barcelona, etc) usam metrôs e VLTs muito mais eficientes e baratos. Qualquer cidade de grande porte da Europa está ligada por metrô a seus aeroportos. Londres, que vai sediar os Jogos Olímpicos de 2012 deu uma guaribada em alguns trechos do seu metrô que tem 302 estações.

  Em Londres, e outras cidades mundiais, o transporte por ônibus é complementar. Pega-se o metrô no centro de Londres e vai-se até a estação de Hendon, no Norte da cidade, final de linha, e lá, então, toma-se um ônibus (com o mesmo valor do travel card) para se chegar em casa, na área distrital. O que poderia perfeitamente acontecer em Salvador com a ligação metrô estação Acesso Norte/via Iguatemi/ Aeroporto. E daí, via ônibus para Lauro de Freitas, Portão, Itinga, Parafuso, Camaçari, Simões Filho, etc.

   Mas, paciência, que seja o Bus Rapid alongando-se o problema para mais uma década de anos.

   Então, para concluir esse comentário, os governantes da Bahia devem ter todo otimismo em relação a Copa do Mundo 2014 e as obras que deverão ser implantadas na capital. Mas, por enquanto, salvo a Arena Fonte Nova e programas complementares de treinamento e outros de menor calado em áreas de qualificação de mão de obra turística, quase tudo ainda está no papel.

   Nada que assuste ou que menospreze o que vai acontecer. Mas, por enquanto, o andor só carrega a Arena Fonte Nova.