Colunistas / Política
Tasso Franco

PMDB FAZ DE CONTA QUE ESTÁ COM DILMA NA BAHIA. Ó PAÍ Ó,

Ninguém acredita
28/09/2010 às 16:00
Quem conhece política e marketing nessa matéria sabe que eleição só se decide no dia. Salvo casos excepcionais como estão ocorrendo em Pernambuco e Rio de janeiro, neste ano, toda campanha passa por momentos, ondas.

  Daí que pesquisas vão se diferenciando ao longo do processo. O que se viu hoje, em Salvador, com a visita de dois homens da cúpula do PMDB, Michel Temer, e Moreira Franco, foi exatamente um movimento de apoio a Geddel, traido por Dilma Rousseff, no vai e vem das ondas.

  Quando Dilma declarou seu apoio irrestrito a Wagner e aos candidatos ao Senado, Walter Pinheiro e Lídice da Mata, a onda estva em ascendência na sua prancha. Naquele momento, há 15 dias, Geddel e César Borges protestaram arguindo que a candidata do PT estava quebrando um acordo partidário feito com o PR e PMDB. Mas, navengando em ondas baixas a medianas mantiveram o equilíbrio e seguiram adiante.

  Na base, no entanto, segmentos do PMDB, PR, PTB e DEM começaram a articular um movimento de boicote à candidatura Dilma na Bahia, e as novas pesquisas já refletem isso, por conta dos movimentos políticos (os tais momentos ou ondas) naturais numa campanha. Assim, em Santaluz, no final da última semana, representantes do PMDB, abertamente, pediram votos para Marina Silva (PV).

  Em Campo Formoso, também recentemente, em comício, um dos mais importantes líderes políticos desse município, José Santana, pediu votos diretamente para José Serra. E qual a chapa que esta liderança advoga na localidade: Serra (PSDB) para presidente; Geddel (PMDB) para governador; César Borges (PR) e Aleluia (DEM) para senadores; e Luiz de Deus (DEM) para deputado federal e Elmar Nascimento (PR) para deputado estadual.

  Essas ondas são como rastilhos de pólvora. Se espalham numa rapidez impressionante. Hoje, Temer, Moreira, Geddel e César juraram de pés juntos que estão ainda alinhados com o projeto Lula/Dilma. Na Bahia, no entanto, duvida-se que Geddel e César ainda estejam. Podem até estar. Mas, não controlam as bases, o clamor que é difundido em nome da traição, e aí acontece o que já ocorreu no último final de semana.

  Faltando cinco dias para o pleito, com a "Onda Verde" empurrando Marina Silva no Sul do Brasil e nas grandes cidades para a proximidade de 15% das intenções de votos, o que pode resultar em mais de 20% de válidos; e Serra se mantendo em 28% das intenções sem sinais de queda, vê-se a aproximação de um segundo turno de maneira real. 

  E aí é o que falamos no início sobre as ondas, agora, desfavoráveis a Dilma. Nesse momento, mais do que nunca (porque estamos na reta de chegada) a lógica era que compartilhasse com Geddel e César um reforço de palanque e votos na Bahia. Mas, como fazer isso agora? Não tem mais como.

  Fernando Henrique Cardoso, em 1986, sentou-se na cadeira de prefeito de Mario Covas, em SP, antes da hora e Jânio Quadros venceu a eleição com 3% de votos de diferença. Depois, o próprio Jânio, que era um marketeiro nato, desenfetou a cadeira Covas/FHC para sentar-se e governar o município de SP. Dilma não chegou a tanto, mas, se aproximou.

  Na Bahia, portanto, apesar das falas moderadas de Temer e Geddel nos campos da "visão partidária", lado a lado, Dilma com Wagner x Temer com Geddel, ninguém acredita mais que o PMDB esteja com Dilma. As urnas poderão revelar isso no domingo.