Colunistas / Política
Tasso Franco

A PROPAGANDA DO GOVERNO É A VILÃ NÚMERO 1 DA CAMPANHA

A oposição diz que é propaganda enganosa
02/09/2010 às 13:06

Foto: DIV
A lanterna de Flora e a luz da verdade
   A propaganda institucional do governo do Estado é a vilã número 1 desta campanha política. A Geni. O Diabo que Veste Prada. Flora ou Nazaré? Nem sei dizer qual dessas personagens. O certo é que essa síndrome não representa a primeira vez que isso acontece na política baiana. Em tempos idos, quando ACM era a liderança que impôs sua hegemonia durante 16 anos na Bahia (1991/2006) acontecia fato assemelhado. 

  O bloco da situação, hoje, oposição naquele período (1991/2006), dizia a mesma coisa que a oposição de hoje (2007/2010), situação naquele momento, praticava.



   A comunicação é uma rubrica como outra qualquer do governo. Tem seu orçamento próprio e deve executá-lo dentro do exercício fiscal, ano a ano, e com responsabilidade. Não cola dizer que o govero gastou R$130 milhões em propaganda, em 2010, quando este dinheiro poderia ser aplicado em educação ou segurança. Esses dois últimos segmentos têm seus próprios orçamentos e são bem maiores do que os reservados à comunicação.

  As críticas são muito fortes em relação à comunicação, hoje, mas, até agora, não ouvi nenhum candidato propondo a sua extinção.



  Natural que assim seja porque quando se assume o poder é preciso difundir o que se faz e, num estado do tamanho da Bahia, não se pode fazer isso com panfletos. Tem que ser através dos veículos de comunicação de massa e outros. E isso custa dinheiro. Não adianta. A Prefeitura de Salvador é do PMDB e governo municipal faz propaganda anunciando feitos que ainda poderão ser realizados, como aconteceram, recentemente, com as melhorias no Bonocô e na Vasco da Gama.



   A questão posta, no momento, em relação à propaganda institucional do governo não se relaciona quanto a forma, porém, ao conteúdo. Alegam os opositores que a propaganda, em alguns casos, é virtual e citam como exemplos a Ferrovia Leste-Oeste, que ainda está em processo licitatório e os trens já aparecem na TV como se já estivessem atuando; o Porto Sul, os 5 novos hospitais, os números conflitantes do TOPA, números da economia e da recuperação de estradas, da Via Portuária e outros.



   O governo tem suas explicações. No caso dos hospitais, por exemplo, são dois novos construídos (do Subúrbio, em Salvador; e da Criança, em Feira de Santana), mas o governo conta 5 argüindo que as recuperações dos hospitais de Juazeiro, Irecê e Santo Antonio de Jesus foram reformas que valeram como se fossem novos hospitais. O correto seria a propaganda dizer que o governo construiu dois novos hospitais e recuperaram três outros. Mas, propaganda é como o próprio nome diz, então vai no bolo 5 novos hospitais.



   Os números do TOPA - o programa de alfabetização de adultos - são uma celeuma. O governador fala em seus pronunciamentos em 600.000 mil e a propaganda diz que são 1 milhão até o final de 2010. Já o MEC atesta que são 299 mil.

   Os números do Água Para Todos são outro ensaio: fala-se em 2.500.000 de pessoas atendidas. Convenhamos que, em 3 meses e meio de governo, o programa atingiu 800.000 almas ao ano. Nesse ritmo, e o governo diz que vai fazer muito mais, pode-se chegar a um número de 6.000.000 em 2014, o que seria quase a metade da população do estado.

   Existem outros dados cabulosos como 40.000 cisternas feitas por uma ONG; 4.000 km de estradas recuperadas (teve uma ocasião da propaganda que eram 10.000 km); a geração de 240 mil novos empregos sem citar o esforço da Prefeitura de Salvador e da iniciativa privada; a Bahia crescendo mais do que o Brasil avaliando curto período sem levar em conta a crise de 2009; a expansão da indústria e outros.

   Esse fenômeno de críticas à propaganda do governo da Bahia, que os adversários classificam como "enganosa", não está ocorrendo na campanha nacional Dilma x Serra. Veja, portanto, que a propaganda dos feitos do governo federal são mais conceituais e comedidas, salvo a avalanche de otimismo que foi patrocionada pela Petrobras no caso do Pré-Sal.

   Na Bahia, ao que tudo indica, pela massificação que se faz nos veículos de comunicação de massa sobre a "propaganda enganosa" este carimbo será afixado no governo Wagner. Caberá aos técnicos em comunicação do governo avaliar essa questão para o futuro, uma vez que Wagner é o favorito a eleger-se no primeiro turno, segundo as pesquisas, e não deveria, em tese, seguir esse mesmo caminho.

  Na história, nenhum governo resistiu a uma análise mais crítica quando o tempo passa. E Wagner apresenta-se com um futuro político brilhante à sua frente e deve cuidar de sua imagem da melhor forma possível.