Colunistas / Política
Tasso Franco

HINO AO 2 DE JULHO É HINO DA BAHIA

E vai virar peça política
08/04/2010 às 08:20
            Antiga bandeira dos partidos de oposição ao "carlismo" (de ACM) exaltado a plenos pulmões durante os festejos cívicos comemorativos ao 2 de Julho, data de independência baiana do jugo português, em 1823, o hino ao 2 de Julho, peça de autoria de Ladislau Santos Titara e José dos Santos Barreto foi aprovado em Projeto de Lei do Poder Executivo como Hino Oficial do Estado da Bahia. Além desse feito, de natureza política, aprovou-se, também, uma Ordem ao 2 de Julho.

            Isso significa dizer que, certamente já no próximo 2 de Julho, algumas comendas serão conferidas à personalidades da política baiana, sobretudo aqueles que, mesmo sem saber de cor a letra integral do hino, entoaram o refrão sintomático do estribilho político "Nunca mais, nunca mais o despotismo/ Regerá, regerá nossas ações!/ Com tiranos não combinam/ Brasileiros, brasileiros corações!

            E a história política baiana registra memoráveis embates na boca do Terreiro de Jesus com agentes da Polícia do governo tentando impedir partidários da oposição, mesmo antes da existência do PT, ainda na época do então bravo MDB, avançar rumo a Catedral Basílica onde se encontravam as autoridades do estado orando o "Te Deum", uma tradição religiosa que remonta do século XIX.

            O presidente Lula, então candidato participou de um desses embates e, posteriormente, já no final dos anos 1990, antecipou-se a celebração religiosa na catedral para o dia 1º de julho, evitando-se, assim, a repercussão política que esse embate sempre encerrava. A partir de então, salvo ano engano 2000, as autoridades "carlistas" durante o 2 de Julho seguiam até o Edifício Themis e de lá se dispersavam sem maiores problemas.

            Há, ainda, no decorrer desse processo, o embate relevante entre a então prefeita Lídice da Mata, por ironia do destino eleita pelo PSDB, mas, sempre uma política anti-carlista, e o então governador ACM, uma discussão no corredor da Lapinha dedo em riste de ambos polemistas. Portanto, mais do que oficializar o Hino ao 2 de Julho como Hino Oficial do Estado da Bahia, nada mais justo, embute-se nesse Projeto um viés político importante para a autoestima dos antigos oposicionistas (alguns dos quais já faleceram), hoje, governistas.

            Embasa-se, ainda, um discurso político extraordinário de campanha e fora dela que segue ainda no objetivo de conseguir, no futuro, assim idealizam alguns desses mentores, retomar o segundo nome original ao Aeroporto de Ipitanga, 2 de Julho, entronizado pelo Congresso Nacional como Luis Eduardo Magalhães. Trata-se, disse-me um interlocutor desse movimento, um processo. E não foi à toa que o governo do Estado ao executar obras do novo sistema viário de acesso ao local colocou o sintomático nome de Complexo Viário 2 de Julho.

            Agora é lei. Em escolas, solenidades oficiais do Estado e dos municípios, congressos, conclaves ou seja lá o que for, o velho refrão "com tiranos não combinam" será executado com direito a banda de música e tudo mais.