Até agora os políticos das chapas majoritárias na Bahia têm desprezado o que pensa a população sobre eles preocupados que estão em formatar suas chapas. Ao que tudo indica, somente a partir dessa organização é que vão devotar atenção aos anseios populares entendendo, certamente, que a grande massa ainda não está interessada na eleição. E a verdade é que o povo não está mesmo ligado no que se passa no meio político. Só vai tomar pé da situação lá pra meados de setembro, quando a campanha estiver fervendo nos palanques e nos horários eleitorais do rádio e da TV.

             Uma das perguntas que pessoas da classe média me têm feito em alguns ambientes que circulo fora do meio político, é sobre quem vai ganhar a eleição. Ora, comentarista político não tem bola de cristal. No máximo, palpita sobre o processo em curso, dá dicas, formula algumas teses com base nos dados circulantes naquele momento, e apenas por estar acompanhando mais de perto os movimentos políticos, está mais bem informado do que o cidadão normal. E só. Arriscar um palpite a essa altura dos acontecimentos é prematuro.

            Além do que, é só observar a campanha passada para governo da Bahia, ano 2006, com Souto disparado nas pesquisas a essa época da quadra, meses de abril/maio, e acabou perdendo a eleição. Então, essa tarefa palpiteira de vitória fica reservada aos políticos, o que é natural cada qual colocando brasa em sua sardinha, ainda que esteja muito cedo para se acreditar em qualquer prognóstico. Até porque, o povo, tal como se classifica a grande massa votante ainda não entrou no jogo.

            Plínio Fraga defende a tese de que o povo foi esquartejado. É, hoje, em figura de retórica, um octópode como o polvo. E aquele povo que bradou contra a ditadura e pelo abaixo a Rede Globo, embora massa constituída pela classe média, pulverizou-se. Segundo Fraga o que existe nos dias atuais é o povo da moda, povo da rave, povo da noite, estratificado, desunido e sem muitas esperanças.

            No último BBB10 o povo gay foi batido pelo povo sincerão com a maioria dos 100 milhões de votos sendo dados a Marcelo Dourado, uma personalidade típica do machão brasis. Então, esse é um indicador interessante para os políticos que organizam suas chapas na Bahia (e no Brasil de uma forma geral) porque a Rede Globo é um espelho e 100 milhões de votos são muito mais do que sonham ter Dilma Rousseff e José Serra, só para ficar entre os dois candidatos competitivos às eleições presidenciais.

            Que bravatas do tipo "o povo unido jamais será vencido" e "fulano de tal e o povo contra o resto" retornem imediatamente ao palco da disputa porque, entendem-se as articulações das cúpulas e dos gabinetes numa pré-campanha, mas, é sempre bom lembrar dos russos nesse momento de Copa do Mundo. Sem eles, e é bom que se diga que o "povo não é bobo", chegou à hora de inseri-lo nos debates.