Colunistas / Política
Tasso Franco

PALANQUE FRACO DE DILMA NA BAHIA PREJUDICA WAGNER

O efeito Ciro pode ser fatal na reeleição de Wagner
23/09/2009 às 14:26
   As lideranças nacionais do PSB admitem que se o cenário demonstrado na pesquisa CNI/IBOPE continuar favorável ao deputado Ciro Gomes (PSB-CE), no decorrer do processo, sua candidatura à Presidência da República será inevitável. Comentamos, na terça-feira, 22, a provável mexida na arrumação baiana com modificações na candidatura Lídice da Mata, hoje, pretendente ao Senado na chapa encabeçada pelo governador Wagner.

   Hoje, vamos falar do próprio Wagner e da hipótese de Ciro manter uma dianteira em relação à ministra Dilma Rousseff provocando, assim, uma perda de ânimo no palanque Lula/Dilma. Ora, se isso acontecer, será ruim para à reeleição de Wagner, o qual, não teria um palanque forte e hegemônico na Bahia, sem apoio do PSB e PV e sujeito a migrações de um eleitorado que, até por falta de opções, votaria no governador.

   Em política, nada pode ser descartado, com palanques para Ciro/Lídice/Lula e também para Marina/Gilberto Gil/Juca Ferreira. Não que esses dois últimos tenham votos expressivos, mas, porque um foi ministro da Cultura de Lula e outro o substituiu e é o titular. Essas novas engenharias, se concretizadas, farão um enorme estrago na candidatura Wagner, porque, embora todas essas pessoas o apoiem à reeleição (Lídice, Juca, Gil, etc) o eleitorado se atrapalha bastante com tais movimentos.

   O que fazer para conter esse provável e novo cenário? Nada. Há uma movimentação, o que chamamos em marketing político, de curvas ascendentes e descendentes, assim como numa montanha russa, que estão em ebulição e ainda não se estabilizaram. Marina, que começou com 3% nas pesquisas, já está com 8% e tendência ascendente. Serra e Dilma em descendência. E Ciro, ascendência.

   Há, pois, um momento de estabilização lá adiante que será decidido pelas cúpulas partidárias e pelo eleitorado. Por enquanto, a cúpula optou por Dilma, mas, o eleitorado, não. No PSDB, a cúpula ainda não se entendeu perfeitamente e o eleitorado começa a migrar. PV (Marina) e PSB (Ciro) estão de bem com a cúpula e o eleitorado.

  O ideal para Wagner seria um palanque forte de Dilma com Lula. Mas, o presidente, a essa altura da reflexão, não pode desprezar a figura política de Ciro e parece improvável esse palanque forte e único com Dilma, em todo território nacional. Pernambuco, por exemplo, tem um governador do PSB, Eduardo Campos. E agora? Campos apoiaria um candidato do PT à sua sucessão ou do PSB?
     "Vamos continuar conversando. Entendemos que a liderança do processo sucessório do presidente Lula é do presidente Lula", disse ele a jornalistas depois de participar de evento sobre pré-sal, em BSB, situando que, se a realidade for essa, vamos ter mais uma candidatura (além da candidatura de Dilma)", acrescentou. 

   A essa altura, o governador Wagner também só tem que esperar e conversar. Sua situação é mais simples do que a Campos, porque, até diante de sua amizade com Lula e por pertencer ao PT, em tese, só deve admitir uma candidatura à presidência. Volta-se, então, ao início do novelo, com a pergunta posta acima: E se o palanque de Dilma/Lula se enfraquecer na Bahia por conta da onda nacional?

   Por essa variável, até pouco tempo, o PT e Wagner não esperavam, ele que precisa, além disso, fortalecer-se a sí próprio melhorando a performance do seu governo. O tempo é curto e com essa nova engenharia pela frente.

   Estudo de pesquisa qualitativa recente feito pelo PMDB, partido que monitora os passos de Wagner (e também de Souto) há indicadores precisos de que a população baiana já colocou em seu imaginário que o governo Wagner é lento (wagareza numa corruptela do moleza de Waldir) e Geddel já está explorando o contra-ponto de ser ágil, dinâmico, com reforço de Lula, o qual, o citou como um ministro com essa têmpera.
 
  No entendimento do pessoal de marketing de Geddel, não haveria mais tempo de uma reação de Wagner no item dinamismo, até porque, o governo tem até abril de 2010, (7 meses) para percorrer todo território baiano propagandeando os feitos governamentais, e até julho (9 meses) para fazer propaganda nos meios de comunicação de massa.

   A partir de 7 de julho 2010 todos candidatos viram japoneses e vale só os horários partidários. Agora mesmo, os comerciais do DEM mostraram que o governo Wagner está vulnerável, mesmo com toda propaganda na TV. E como! Tanto que recorreu à justiça eleitoral para retirar filmetes do ar. Essa é uma outra variável. 

  Concluindo: todos esses novos movimentos fazem com que, a inteligência da candidatura Wagner repense alguns procedimentos e táticas. Lula continua sendo o espelho. Óbvio. Mas, deve-se incrementar ainda mais o dever de casa, avançar em conquistas pessoais, porque o espelho tem novas faces nacionais em cena e que, nem sempre, ajudam nas campanhas regionais.