Colunistas / Política
Tasso Franco

COMO SERÁ A BAHIA SEM ACM?

Essa é a grande pergunta que fazem os baianos no dia de hoje
20/07/2007 às 11:48
  A morte do senador ACM nesta sexta-feira, 20, encerra um ciclo na vida da política baiana.

   O mais apaixonado político de sua terra, ACM teve uma trajetória política brilhante, apesar de algumas derrotas e deslizes que experimentou na década de 1980, com a ascensão de seu maior adversário ao poder do Estado, Waldir Pires (PMDB), e mais recentemente, com a presença de Jaques Wagner (PT).

   Um político de mais acertos do que erros. 

   Cresceu na vida política graças ao impulso dado pelo regime militar de 1964 se destacando como grande administrador, como prefeito de Salvador e depois governador do Estado, em duas oportunidades, por via indireta.

   Em 1990, retornou ao governo pelo voto direto e passou a se destacar como figura política nacional. 

   Durante cerca de 50 anos influenciou, diretamente, na política baiana sendo o seu maior líder em toda história republicana. 

   A partir da década de 1980, com a queda do regime militar e o processo de redemocratização do país, ao lado de Tancredo Neves, e, posteriormente, como ministro do governo José Sarney passou a ter uma visibilidade maior no país.

   Apaixonado pela Bahia, suas relações com a República, com o Brasil, passavam, necessariamente, pelas terras de São Salvador, cidade onde nasceu e era um dos seus representantes típicos, na política e no folclore.

    Embora fosse uma personalidade da classe média alta, nascido nesse berço, tinha a cara da Bahia popular e uma das charges que emolduravam os corredores do seu gabinete no Senado, em Brasília, era de Lan, ele caracterizado como uma baiana em trajes típicos e um tabuleiro  na cabeça.

    Apelidos os teve à mancheia: Toninho Malvadeza, Toninho Ternura, Velho, Tigre, Chefe, Cabeça Branca e tanto era querido por grande parcela da população; quando era odiado.

    Jamais esteve em cima do muro ou esquivando-se de opinar sobre quaisquer fatos que considerasse relevante na política e na administração pública.

    Enrolou-se com a violação do painel e o caso dos grampos, mas, conseguiu dar a volta por cima depois de renunciar ao cargo de senador.

    Parecia morto, politicamente, porém, retornou nos braços do povo, ao seu estilo, numa memorável festa de recepção no Pelourinho, quando transformou o limão da renúncia numa limonada.

   Integrou a campanha de Fernando Henrique Cardoso ao lado do seu saudoso filho Luis Eduardo Magalhães, morto prematuramente, e depois fez oposição a FHC.

   Crítico mordaz do presidente Lula da Silva recebeu a visita do presidente, recentemente, num sinal de que, as divergências se superariam à beira do chamamento eterno.

    ACM morreu longe de sua Bahia querida.

    Estava internado no Instituto do Coração desde o último dia 13 de junho e teria confidenciado a amigos essa sua angústica, de não poder retornar à cidade do Salvador, em vida.

    Sua vida merece uma biografia além das paixões políticas, das encomendas de ocasião e de textos típicos do puxasaquismo.

    Nesse momento, a grande pergunta que povoa as cabeças das pessoas é saber como será a Bahia sem ACM, na imagem e semelhança do seu povo; e na política.