2. Autoridades de saúde, gestores e especialistas discutiram as estratégias para enfrentar essas doenças e reorganizar os serviços assistenciais durante o “Seminário de Combate às Arboviroses: Desafios e Ações para Reduzir a Mortalidade”, realizado neste sábado (14) em Salvador.
3. Reconhecendo que o enfrentamento das arboviroses não é uma tarefa exclusiva da área da saúde, o secretário adjunto da Vigilância do Ministério da Saúde, Rivaldo Venâncio, destacou a necessidade de ações intersetoriais e do engajamento de toda a sociedade.
4. “Não se combate a dengue apenas nos hospitais ou em campanhas de vacinação. O controle das arboviroses depende da mobilização das comunidades, do saneamento básico, da educação e do meio ambiente. É uma missão compartilhada”, afirmou Venâncio.
5. O subsecretário da Saúde do Estado, Paulo Barbosa, destacou que, ao longo de 2024, o Governo da Bahia investiu mais de R$ 23 milhões em ações intersetoriais. “As operações foram reforçadas com a aquisição de kits para agentes de combate às endemias, realização de mutirões de limpeza e operações conjuntas com o Corpo de Bombeiros para alcançar áreas de difícil acesso. Isso além da capacitação de profissionais da assistência e a disponibilização de equipamentos e medicamentos para os municípios mais afetados pelas arboviroses”.
6. O diretor de Atenção Básica da Bahia, Marcus Prates, reforçou a importância do fortalecimento do atendimento primário como base para o enfrentamento das epidemias. “A Atenção Básica é a porta de entrada do sistema de saúde. É nela que conseguimos realizar o primeiro atendimento e identificar precocemente casos suspeitos para evitar o agravamento das doenças e aliviar a pressão sobre os hospitais e UPAs”, declarou.
7. Já a diretora de Gestão de Serviços de Saúde, Zaine Lima, destacou a necessidade de uma rede assistencial robusta e bem estruturada. “Ter uma rede preparada significa salvar vidas. Isso envolve desde a reorganização das Unidades Básicas de Saúde até a ampliação das emergências hospitalares e a qualificação das equipes de saúde. Nossa resposta deve ser rápida e integrada para evitar complicações graves”, afirmou a diretora.
8. O plano de ação 2024/2025 para o combate às arboviroses na Bahia é guiado por seis eixos estratégicos. O primeiro é a prevenção, que prevê o fortalecimento de campanhas educativas e a eliminação de criadouros do mosquito Aedes aegypti. O segundo eixo, vigilância, foca no monitoramento contínuo dos casos e na aplicação de novas tecnologias para o mapeamento de focos. Já o controle vetorial reforça as ações de campo e o uso de soluções inovadoras para conter a proliferação do mosquito.
9. Outro ponto central do plano é a reorganização da rede assistencial, que visa à expansão das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e à modernização dos hospitais. A preparação e resposta a emergências prevê uma mobilização rápida durante surtos e a ampliação da infraestrutura hospitalar. Por fim, o eixo de comunicação busca engajar a população na prevenção e disseminação de informações corretas para minimizar os riscos das doenças transmitidas pelo vetor.
10. Dados atualizados mostram 232.623 casos prováveis de dengue em 2024 na Bahia, um aumento de 395% em relação ao ano anterior. O estado também registrou 16.491 casos de chikungunya e 1.166 de zika, além de 1.077 casos de febre do oropouche.
11. A diretora de Vigilância Epidemiológica do Estado, Márcia São Pedro, ressaltou que, embora os números exijam atenção, a resposta coordenada já trouxe resultados. “Conseguimos estabilizar algumas regiões com ações rápidas e integração de equipes. Mas precisamos avançar ainda mais no fortalecimento da rede assistencial e na atuação preventiva”, explicou.
12. O médico infectologista Antônio Bandeira, representante da Sociedade Brasileira de Infectologia e servidor da Sesab, reforçou a necessidade de reduzir a mortalidade causada pelas arboviroses, destacando a importância da preparação antecipada e do atendimento imediato. “A medida mais importante para evitar complicações graves de dengue é a hidratação vigorosa já nos primeiros atendimentos. Com uma triagem eficiente e identificação precoce dos sinais de alarme, podemos salvar vidas e evitar internações em estado crítico”, alertou.
13. O secretário adjunto da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde, Rivaldo Venâncio, reforçou o compromisso do governo federal em apoiar os estados. “Nosso papel é fornecer recursos e apoio técnico para que estados e municípios possam agir de forma integrada. O desafio é grande, mas o esforço precisa ser ainda maior”, destacou.
14. Com o lançamento do plano de ação 2024/2025, o subsecretário Paulo Barbosa concluiu com um apelo à sociedade: “Não podemos esperar que o próximo surto nos surpreenda. Precisamos agir agora, com integração, estratégia e a colaboração de todos. O combate às arboviroses depende de cada um de nós”, ressaltou.
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15. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) da Prefeitura de Salvador promoveu nesta sexta-feira (13) o “Dia D Contra a Dengue” em toda a capital, incluindo ações intensivas nas ilhas que pertencem à cidade. A mobilização envolveu equipes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e agentes de endemias em uma força-tarefa para combater o Aedes aegypti e outros vetores de arboviroses.
16. De acordo com Isolina Miguez, coordenadora do CCZ, o Dia D foi estruturado para atender áreas com denúncias recorrentes sobre a presença de mosquitos, incluindo o Culex, conhecido popularmente como muriçoca. Em Paramana, localidade situada na Ilha dos Frades, por exemplo, essa era a grande reclamação dos seus moradores.
17. “Estivemos em Paramana e Costa de Fora, também na Ilha dos Frades, realizando inspeções em imóveis, distribuindo panfletos e promovendo conscientização da população. A ação foi estendida a todos os 12 distritos sanitários de Salvador, com atividades intensificadas nos locais identificados pelos supervisores de campo como críticos”, explicou a coordenadora.
18. A programação do Dia D incluiu visitas domiciliares para eliminação de criadouros, tratamento com larvicidas, bloqueio da transmissão de casos e atividades educativas em escolas, praças e unidades de saúde. Também foram realizadas caminhadas de conscientização e mutirões em bairros como Itapuã, Cabula, Boca do Rio, Liberdade e Centro Histórico.
19. Ainda conforme a coordenadora, apesar das reclamações sobre mosquitos nas ilhas, os focos continuam sendo relacionados ao armazenamento inadequado de água, que ocorre tanto nessas localidades quanto em outras áreas da capital baiana.
20. “O que a gente faz, como parte da vigilância em saúde, é realizar a vigilância entomológica. Isso significa que visitamos essas localidades periodicamente, dentro dos ciclos de visita domiciliar, que acontecem seis vezes por ano, ou seja, a cada dois meses [...] Por lá, eu diria que a maior quantidade de criadouros continua sendo nos reservatórios de água ao nível do solo. Isso também acontece nas ilhas, porque, em algum momento do dia, a população precisa armazenar água para consumo. E é nesse armazenamento que ocorre o problema da formação dos criadouros de mosquitos”, explica.
21. Dados da Vigilância Epidemiológica (VIEP) apontam que cerca de 75% dos criadouros do Aedes aegypti estão dentro das residências. Por isso, a participação da população é essencial, como destacou a coordenadora do CCZ. Isolina enfatiza a importância de eliminar ou tratar qualquer recipiente que possa acumular água, pois esses locais são ideais para a reprodução de mosquitos, especialmente o Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya.
22. “Por exemplo, aquele pote de sorvete que você jogou na rua pode virar um criadouro, assim como uma garrafinha de água que você bebeu e descartou destampada, ou aquele prato que você coloca debaixo das plantas para armazenar água. Tudo isso poderá se transformar em um criadouro. A principal dica que damos é: se você perceber que um recipiente está armazenando água e pode se tornar um criadouro, ele precisa ser eliminado. Se for possível eliminá-lo, deve ser descartado”, orienta.
23. Com cerca de 1,4 mil agentes de endemias em campo ajudando no combate aos mosquitos, a SMS espera reduzir ainda mais os casos de arboviroses. Entre janeiro e novembro deste ano, foram registrados cerca de 1,7 mil casos de dengue em Salvador, uma redução de 77% em relação ao mesmo período do ano passado. A população também pode contribuir denunciando focos do mosquito pelo telefone 156, serviço que aciona o CCZ para inspeções e ações educativas.
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24. Um partido que não tem alma nem ideal. Foi desta forma que o Deputado Federal Luciano Bivar definiu o atual momento do União Brasil, após membros da legenda serem atingidos pela Operação Overclean, deflagrada nesta semana através de 43 mandados de busca e apreensão, 17 mandados de prisão preventiva e ordens de sequestro de bens nos estados da Bahia, Tocantins, São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
25. A operação conjunta da Controladoria-Geral da União (CGU), Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal do Brasil (RFB) tem o objetivo desarticular uma organização criminosa envolvida em fraudes licitatórias, desvios de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro. O esquema ilícito impactou diretamente o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), na Coordenadoria Estadual da Bahia (CESTBA), além de outros órgãos públicos.
26. Um dos presos foi o empresário Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo da Bahia”. Ele é proprietário da MM Consultoria Construções e Serviços, empresa especializada em serviços de limpeza urbana e que tem contratos com a gestão de Salvador (BA) e com prefeituras administradas pelo União Brasil.
27. “Tudo o que eu sei é o que está estampado nos jornais, que a Operação Overclean chega à cúpula do partido. Fico estarrecido e lamento muito pelo partido que ainda sou filiado, mas que não tem mais alma nem ideal. Todos os partidos políticos são dirigidos por políticos, mas o que estou filiado (UB) é dirigido por um pessoa que quer fazer negociatas. Isso dói, mas são as mazelas da democracia”, disse Luciano Bivar em entrevista à CNN Brasil na última sexta-feira (13/12).