Colunistas / Miudinhas
Tasso Franco

SALVAGUARDAR AFOXÉS TEM PROJETO APENAS NA BOA INTENÇÃO E NADA MAIS

Os afoxés sobrevivem graças a abnegação de alguns produtores culturais
16/12/2023 às 09:28
1. O Pelourinho será palco, nos dias 19 e 20 de dezembro, do projeto “Afoxé Cultura Ancestral”, importante iniciativa para a preservação e reconhecimento cultural desse grupo. Com seminário, mostra e cortejo, o evento objetiva conscientizar aqueles que pertencem à tradição afoxé sobre a necessidade de constituir um conselho e elaborar um plano de proteger o afoxé, visando a preservação desse bem imaterial existente há 138 anos.

2. O reconhecimento do desfile de Afoxés como patrimônio imaterial do Estado da Bahia, por meio do Decreto nº 12.484 de 2010, ressalta a importância histórica dessas manifestações culturais. No entanto, a ausência de um plano de salvaguarda para esses desfiles, reconhecidos há mais de uma década, destaca a urgência desse projeto para proteger e fortalecer tais expressões culturais.

3. O afoxé, com suas raízes profundamente ligadas à matriz religiosa do candomblé, é representado por elementos como oralidade, memória, rituais, formação de irmandades e dos terreiros de candomblé. Mantendo-se vivo por meio de desfiles e ensaios carnavalescos e reconhecido por saudar os orixás, reverenciando divindades por meio de músicas, danças e instrumentos específicos.

4. O projeto "Afoxé Cultura Ancestral" visa fortalecer e salvaguardar o afoxé, destacando sua ancestralidade. A culminância do projeto se dará com o seminário no dia 19 de dezembro, às 14h, no Solar Ferrão, no qual serão discutidas a formação de um conselho e a criação de um plano de preservação. O evento contará com palestrantes, convidados e representantes dos afoxés, além de apresentações musicais e um coquetel com culinária afro-brasileira.

5. Uma mostra será aberta na mesma ocasião e exibirá adereços e indumentárias de valor cultural para os afoxés, representando a matriz africana e sua ancestralidade. A mostra permanecerá no espaço por dois meses com acesso gratuito.

6. O ponto alto do projeto será o cortejo de Afoxés, uma atividade coletiva que reunirá no dia 20 de dezembro, às 15h, mais de 30 grupos para desfilar pelas ruas do Centro Histórico. O cortejo é visto como crucial para unir o segmento em torno da preservação dessa expressão cultural.

 7. O projeto realizado pelo Grêmio Comunitário Cultural Olorum Baba Mi conta com a iniciativa do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), que desenvolveu um plano de trabalho de salvaguarda do afoxé e visa o reconhecimento desse grupo.

8. No Brasil, enquanto a taxa de participação dos homens no mercado de trabalho situa-se na faixa de 80-90% desde 1992, a taxa de participação das mulheres só alcançou a faixa de 60-65% nos anos 2000. Este é um dos dados apresentados pela pesquisadora Diana Gonzaga, da Faculdade de Economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em seu artigo que compõe a publicação Série Estudos e Pesquisas (SEP 109) Panorama das Mulheres na Bahia, lançada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), em evento de mesmo nome, na última quinta-feira (14), no Museu de Arte da Bahia.   

9. “As normas sociais de gênero impedem que as mulheres acessem os empregos que são mais valorizados”, relatou a pesquisadora doutora da UFBA ao explicar que as normas de gênero são culturalmente definidas e atribuem às mulheres o papel e a responsabilidade com o cuidado.

10.  “As ocupações aceitas socialmente para as mulheres são as ‘tipicamente’ femininas, como o trabalho doméstico, ocupações nas áreas de cuidados, como saúde, educação, limpeza, e ocupações nas áreas administrativas, como secretárias. Não é uma realidade só da Bahia e do Brasil, mas do mundo, apesar dos avanços maiores nos países desenvolvidos. No Brasil, de 2011 a 2022, não houve avanço significativo nesse retrato no mercado de trabalho”, disse.  

11. Diana ressaltou ainda os custos do trabalho de cuidado doméstico e de reprodução que recaem sobre a mulher, motivo pelo qual vem havendo grande redução nas taxas de natalidade, além de mudanças culturais em curso, com a ampliação da independência e emancipação da mulher.  

12. A jornada dupla da mulher e a condição de vulnerabilidade das trabalhadoras domésticas foram pontuadas por Creuza Oliveira, doutora honoris causa pela UFBA e representante do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas do Estado da Bahia (Sindoméstico-BA). 

13. “Eu faço parte de uma categoria em que a maioria é mulher, só na Bahia são cerca de 500 mil, em Salvador, cerca de 150 mil mulheres, uma categoria muito antiga e grande. É uma categoria de mulheres, que saem para trabalhar na casa de alguém, e quem cuida da sua casa? Quem cuida dos filhos dela? A gente vê essa juventude sendo morta e a cobrança vai para essa mulher”, relatou.  

14. Camila Garcez, advogada da ordem dos Advogados da Bahia (OAB-BA), reforçou a questão racial e a violência enfrentada pela mulher negra e periférica, recorte de maior vulnerabilidade entre as mulheres. E a pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM/UFBA), doutora Silvia Lúcia Ferreira, lembrou a importância de ampliar os espaços da mulher na política para promover avanços.  

15. O  diretor-geral da SEI, José Acácio Ferreira, agradeceu ao ex-deputado Jurandy Oliveira pela emenda parlamentar destinada à realização da publicação e do evento. “Este é o primeiro Panorama das Mulheres, agradecemos muito pela verba destinada especialmente a este tema e esperamos tornar este um evento do calendário anual da SEI, assim poderemos ampliar a contribuição com a geração de informação e com o amadurecimento das discussões”, disse o diretor.  

 16. Também participaram do evento a analista da SEI Carlota Gottschall, a superintendente da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) Camilla Batista e a coordenadora do Cuidado por Ciclo de Vida e Gênero da Sesab, Olga Sampaio.  

  17. O evento foi aberto com uma apresentação da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e encerrado com a apresentação musical de Dona Salvadora e as Morenas de Itapuã e participação de Amélia da Cuica.  

 18. - Em sua 8° edição, o Prêmio Kindle de Literatura,  realizado em parceria com o Grupo Editorial Record e a TAG Experiências Literárias, anuncia seus finalistas. Neste ano, os autores participantes puderam inscrever suas obras por meio do Kindle Direct Publishing (KDP), de 01 de maio a 31 de agosto, e conhecem agora os cinco finalistas.

19.  Todos eles serão apresentados nas comunicações para clientes da Amazon.com.br com um selo de livro “Finalista” na capa da versão original não editada do eBook e terão as suas obras produzidas e distribuídas em formato de audiolivro pela Audible, aumentando as oportunidades de alcançar um público ainda maior.

20. “É com muita felicidade que anunciamos os grandes finalistas desta edição. Nos empenhamos em sempre contribuir para abrir novas oportunidades a autores independentes e dar espaço para jovens escritores”, declara Ricardo Perez, gerente-geral de livros da Amazon Brasil. “As premiações que promovemos nos apoiam na missão de contribuir para o fortalecimento da literatura nacional, uma vez que a cada edição milhares de novas obras são publicadas via KDP e ganham espaço no cenário literário”, afirma. 

21. “Além da importância de reconhecer escritores brasileiros, o Prêmio Kindle de Literatura se destaca por valorizar os diferentes formatos de distribuição das obras literárias, que oferecem a esses autores a possibilidade de levar suas histórias premiadas a muito mais lugares e pessoas”, comenta Adriana Alcântara, diretora-geral da Audible no Brasil.   

22. Este ano, a premiação, que tem como finalidade reconhecer autores e autoras independentes do Brasil, conta com grandes nomes da literatura nacional compondo o time de jurados, como Eliane Potiguara, escritora, poeta, professora e a 1ª mulher indígena a receber o título de Doutora Honoris Causa pela UFRJ. Além dela, Eliana Alves Cruz, escritora, roteirista e jornalista, pós-graduada em comunicação empresarial, autora de “Solitária” e ganhadora do Prêmio Jabuti 2022 e Marcelino Freire, também vencedor do Jabuti, conhecido por suas obras que são constantemente adaptadas para o teatro, escolherão a obra vencedora  após uma avaliação criteriosa analisando tanto o mérito literário quanto o comercial.

23. Os finalistas dessa edição foram: 

- “A voz que ninguém escutou”, por Renan Silva

- “As Grandes Navegações”, por Gael Rodrigues

- “Frio”, por Tiago Magalhães Ribeiro

- “Utopia, Pandemia, Cabeça de Boi”, por Alex R.F

- “Todos os caminhos me levam ao mar”, por Renata Pereira

24. A 8ª edição ainda premiará a grande obra vencedora com R$ 50 mil, sendo R$ 40 mil como um prêmio em dinheiro e R$ 10 mil em adiantamento dos direitos autorais pela publicação da versão impressa do livro pelo Grupo Editorial Record. A obra também terá uma edição especial pela TAG Experiências Literárias e será enviada aos seus assinantes da modalidade TAG Curadoria. Além disso, o prêmio também terá um cupom no valor de R$ 5 mil para compras de livros no site do Grupo Editorial Record. O vencedor será anunciado em fevereiro de 2024.

25. Todos os romances participantes do Prêmio Kindle de Literatura estão disponíveis na Loja Kindle e no Kindle Unlimited. Os eBooks Kindle podem ser comprados e lidos com os aplicativos Kindle gratuitos para tablets e smartphones Android e iOS, computadores, bem como e-readers Kindle.