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Tasso Franco

O CRIME QUE ABALOU O GOVERNO JERÔNIMO 2: VEJA REPERCUSSÃO NO PAÍS

Jornalista Mônica Bérgamo denuncia comportamento do petismo e a proteção a Bahia
18/08/2023 às 18:45
   1. A ministra da Igualdade Racial Anielle Franco lamentou, nesta sexta-feira (18), a morte de Mãe Bernadete, ialorixá e liderança quilombola, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador.

  2. "Já conhecia a mãe Bernardete e tive a oportunidade de encontrá-la em julho deste ano - tão forte, bonita e emocionante - em Salvador, quando lançamos o Encontros Abre Caminhos pelo Brasil", escreveu a ministra.
Ela reforçou que uma comitiva liderada pela pasta vem para a Bahia acompanhar o caso.

  3. "É muito doloroso ver nosso povo sendo levado de formas tão cruéis, por crimes motivados também por ódio. Uma comitiva liderada pelo MIR está indo à Bahia para garantir a proteção e defesa do território e de seus povos", escreveu. "Que os orixás acolham Mãe Bernardete. Toda a solidariedade aos familiares . E nosso profundo compromisso com todo o povo de axé!"

  4. DEPUTADA OLIVIA SANTANA (PCdoB) :Nossa querida ialorixá e liderança quilombola, Bernadete Pacífico, da comunidade quilombola de Pitanga dos Palmares, foi executada, na noite de hoje, assim como aconteceu com seu filho, há cerca de dois anos.

  5. DEPUTADO HILTON COELHO (PSOL): Diante de mais um assassinato envolvendo uma liderança negra, quilombola e defensora dos Direitos Humanos, o deputado Hilton Coelho (PSOL) registrou na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), moção de pesar pelo assassinato de Maria Bernadete Pacífico, a Mãe Bernadete.

   6. “Sua ausência será profundamente sentida. Seu espírito inspirador, sua história de vida, suas palavras de guia continuarão a orientar-nos e às gerações futuras. Uma perda irreparável não apenas para a comunidade quilombola, mas para todo o movimento de defesa dos direitos humanos. 

  7. Hilton Coelho afirma que “temos o dever de manter seu legado e continuar a luta que ela tão bem representou. Que sua memória inspire novas gerações a continuar a luta por um mundo onde todas as vozes sejam ouvidas, todas as culturas e religiões sejam respeitadas e todos os direitos sejam protegidos. Perdemos uma pessoa incansável e dedicada à preservação da cultura, da espiritualidade e da história de seu povo. Será sempre lembrada por nós. 

  8. Nos apoiaremos no seu exemplo e no seu legado na luta por justiça. Recentemente esteve em encontro com a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), quando fez uma intervenção premunitória falndo sobre as ameaças que sofria. Atos de violência contra quilombolas não podem e não serão tolerados”, finaliza o legislador.

  9. JORNALISTA MÔNICA BÉRGAMO (FOLHA DE SP): A prova de que a violência policial desmedida não resolve o problema da segurança é a de que, na Bahia, sob o PT, a polícia é a que mais MATA, mas não soluciona o homicídio de uma liderança quilombola assassinada há SEIS anos. Sua mãe agora é a vítima:

  10. Um dos fatos que marcou minha semana foram certas reações às postagens que fiz sobre fato objetivo: a PM da Bahia, governada pelo PT há 16 anos, é a que MAIS MATA no Brasil. O que contraria uma das bandeiras do partido: o combate à violência policial, que vitima os mais pobres.

  11. COMITÊ INTER-RELIGIOSO DA BAHIA: O Comitê Inter-religioso da Bahia, que agrega representantes de diversas religiões, vem publicamente expor a sua indignação e veemente repulsa pelo assassinato da líder da comunidade Quilombola de Pitanga dos Palmares, a mãe de santo Bernadete Pacífico, ocorrido na noite dessa quinta-feira, 17 de agosto. 

  12. De logo, também, externamos o nosso profundo pesar a todos os familiares e amigos por grande perda pessoal e de defesa das causas dos Direitos Humanos. Aguardamos com ansiedade o deslinde deste crime por parte das autoridades baianas responsáveis pela condução das investigações. Assinam: Yalorixá Jaciara Ribeiro, Arcebispo anglicano Alfredo Dórea, Sheik Abdul Armad (Islamismo), Pastor evangélico Paulo Brito,
Pai Rafael Moraes (Umbanda), Líder espírita José Medrado.
                                                                   ******
  13. QUEM ERA A MÃE BERNADETE:   Mãe Bernadete iniciou-se aos 23 anos no terreiro Ilê Axé Kalé Bokum, em Salvador, por meio do babalorixá –título de maior autoridade no Candomblé– Severiano Santana Porto (1894 – 1972). “Ela era uma leoa, queria ter todo mundo debaixo da asa dela. Queria proteger todo mundo. O que pudesse fazer, ela fazia. Criou muitas pessoas aqui na comunidade e foi uma grande inimiga da fome, matou a fome de muita gente”, lembra o neto Wellington Adriel, 22.

   14. Para além de ser porta-voz e representante das demandas políticas do quilombo, Bernadete também exercia um papel de cuidado direto e pessoal com a comunidade. “Orientação, marcação de exame médico, distribuição de cesta básica, manifestações culturais, ela estava sempre presente.”

  15. Ialorixás são as mães de santo do Candomblé. Segundo Adriel, o título foi popularmente atribuído a ela devido a este caráter maternal de Bernadete, chamada de “mãe” por toda a comunidade. A avó era, na realidade, ebomi, título atribuído aos adeptos do candomblé que já cumpriram o período de iniciação (iaô) na feitura de santo, e a obrigação de sete anos.

  16. Mãe Bernadete tinha 72 anos e era coordenadora nacional da Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos). Também foi secretária de Política de Promoção da Igualdade Racial do município entre os anos de 2009 e 2016.

  17. A pauta da violência contra comunidades e lideranças quilombolas foi assunto levantado e discutido por Mãe Bernadete durante o encontro de lideranças quilombolas com a ministra Rosa Weber, em que os grupos reivindicaram maior atenção às demandas dos quilombos, com destaque à titulação das terras, em julho deste ano.

  18. “Além de uma liderança quilombola, ialorixá, lutadora e defensora dos direitos humanos é uma mãe também que perdeu há seis anos seu filho para a mesma violência que hoje ceifa sua vida”, diz a titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia, Ângela Guimarães.

  19. “Ela tinha uma relação muito próxima da gente, com suas demandas por políticas públicas, casas de farinha móvel, projetos agroecológicos sustentáveis, projetos de artesanato para as mulheres quilombolas e feiras de agricultura familiar”, diz. “Ela conseguia levar esse pleito dessa luta pelo território e pelo desenvolvimento sustentável daquela comunidade”.

  20. De acordo com a secretária, a pasta acionou todas as áreas do governo estadual para preservação do local do crime e início da investigação rápida. O corpo de Mãe Bernadete já foi liberado pelo instituto Médico Legal e segue para o velório que acontece na tarde desta sexta-feira (18).

  21. A secretária informou ainda que prepostos da Polícia Militar estão de forma permanente na comunidade para evitar novas ocorrências.